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O erro que veio para o bem

Marcio Weichert, enviado a Ludwigshafen17 de setembro de 2003

Indústria alemã acreditava que Lula seria um desastre para economia. Agora, executivos comemoram o erro de avaliação. DW-WORLD entrevistou os presidentes da DaimlerChrysler do Brasil e da BASF América do Sul.

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Ben van Schaik: "A surpresa é total. Lula cumpre o que prometeu"Foto: Marcio Weichert

Ben van Schaik é o novo garoto-propaganda do presidente brasileiro Luiz Ignácio Lula da Silva. Diante de empresários alemães e representantes do Mercosul na Câmara de Comércio e Indústria de Ludwigshafen, o presidente da DaimlerChrysler do Brasil e da América Latina revelou-se entusiasmado com os primeiros meses do governo do petista.

"A surpresa é total. Imaginem que há um ano, antes das eleições, éramos muito críticos e céticos em relação ao Lula, apesar de ele ter prometido que garantiria a independência do Banco Central e pagaria as dívidas com o FMI. Para admiração de todos, ele está cumprindo o que prometeu. E ainda está promovendo as reformas (tributária e da Previdência) com uma ousadia que não se esperava", disse à DW-WORLD o também presidente da Câmara de Comércio Brasil-Alemanha de São Paulo.

O presidente do Grupo BASF América Latina respalda a avaliação. "Fomos surpreendidos de forma positiva", observou Rolf-Dieter Acker, destacando igualmente a condução conseqüente da política econômica e das reformas. "Se ele continuar assim, terá muito sucesso", acrescentou o executivo, que vê enorme potencial no Brasil para novos investimentos da indústria química. Segundo Acker, o déficit comercial brasileiro neste setor foi de 6,5 bilhões de dólares em 2002.

Nem mesmo a ocupação do pátio da Volkswagen pelos sem-teto preocupa os empresários. "Manifestações são comuns em todos os países democráticos e não só no Brasil. O importante é resolver atos deste tipo de forma relativamente rápida e restabelecer a ordem legal", disse o presidente da BASF à DW-WORLD.

Acker não vê perigo para as empresas. Van Schaik não descarta a possibilidade de futuras ocupações, mas não em larga escala. Para o presidente da DaimlerChrysler, manifestações deste tipo prejudicam a imagem do Brasil no exterior, especialmente quando demoram a ser resolvidas.

Poucos investimentos, apesar do otimismo

Rolf-Dieter Acker
Rolf-Dieter Acker: Hora de usar a capacidade ampliada nos últimos anosFoto: Marcio Weichert

Embora prevejam uma forte retomada do crescimento no Brasil no ano que vem, os dois conglomerados alemães não planejam investimentos de grande volume no país. Nos últimos três anos, a BASF investiu 250 milhões de dólares na ampliação de sua capacidade, que no entanto acabou ociosa com a estagnação da economia. Acker justifica que a prioridade é aproveitar esta capacidade existente na nova fase de crescimento.

Os bons ventos da economia brasileira vão ter igualmente pouca influência nos planos da DaimlerChrysler. O grupo manterá sua média de investimentos entre 100 e 200 milhões de dólares ao ano. Em 2004, a montadora deverá lançar novos equipamentos e componentes para ônibus e caminhões e, em 2006, a fábrica de Juiz de Fora começará a fabricar a versão quatro portas do pequeno Smart. Assim como os Classe A e C, o novo modelo será exportado para os EUA, devido a seu alto custo para o consumidor brasileiro (18 mil reais).

Os investimentos estão congelados entretanto nas demais fábricas da DaimlerChrysler na América do Sul. Na Venezuela, "ainda não dá para ver luz no fim do túnel", afirma van Schaik. E, quanto à Argentina, o holandês diz ser preciso aguardar, apesar da incipiente recuperação econômica. "Ainda não se pode falar de crescimento", sentencia. O presidente da BASF parece mais otimista. Para Acker, Argentina, Chile, Peru e demais países da América do Sul dão sinais de crescimento.