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O desafio de achar mão de obra qualificada na Alemanha

22 de agosto de 2018

A economia alemã continua forte, mas empreendedores reclamam da falta de funcionários capacitados. Um vilarejo nos arredores de Berlim é um retrato do país onde, estima-se, faltem mais de 1 milhão de trabalhadores.

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Barbearia em Petershagen procura novos cabelereiros
Barbearia em Petershagen procura novos cabelereirosFoto: DW/H. Graupner

"Nunca vivenciei um momento em que foi tão difícil contratar funcionários – e eu estou neste negócio há mais de 20 anos”, afirma a fisioterapeuta Susann Michel. "Não tem mais ninguém no mercado de trabalho que atende as minhas necessidades".

Michel é uma de quase mil empreendedoras que se instalaram no vilarejo de Petershagen/Eggersdorf, cerca 10 quilômetros a leste de Berlim. Situado entre florestas e lagos, o local vivenciou um grande aumento de novos residentes em fuga da vida agitada na capital alemã. Quando os dois vilarejos vizinhos se juntaram, em 1993, tinham 8 mil habitantes – hoje são 15 mil.

Mais moradores também significa mais trabalhadores, e surgiram vários centros de negócios, shoppings e um número de diferentes prestadores de serviço em Petershagen/Eggersdorf.

Susann Michel não é a única pessoa desesperadamente procurando funcionários adequados. A economia alemã está em alta há muito tempo, e até mostra sinais de sobreaquecimento. A escassez de trabalhadores qualificados é um desses sinais e pode ser percebida em todos os setores, mesmo em Petershagen/Eggersdorf.

Outro caso é Peter-Ullrich Barth. Ele é dono de uma barbearia conhecida na cidade, com preços baixos que atraem muitos fregueses. Barth também sofre com a falta de mão de obra. "Esse problema já existe há vários anos e eu não entendo o por quê”, diz. "No papel, existem cabeleireiros disponíveis, e a agência de empregos estabelece o nosso contato com eles, mas eles simplesmente não se candidatam aqui”.

O joalheiro Wolfgang Klemt afirma que a falta de motivação por parte dos candidatos também é uma grande dificuldade no atual mercado de trabalho. Ele argumenta que, embora tenha chegado ao ápice agora, o problema já existe há tempos.

"Começamos a ter esses problemas já dez anos atrás”, diz ele. "Precisamos de pessoal com um ensino adequado e que consiga tratar dos clientes com um ar de competência. Também trabalhamos até 20h, o que é um problema para muitas candidatas. Ainda tem pessoas que só querem trabalhar por quatro horas e receber o salário inteiro – infelizmente não temos vaga desse tipo”, explica, em tom de brincadeira.

Para ele, as exigências do empregado ao patrão cresceram bastante com a conjuntura econômica atual. "Existem vagas suficientes, e as pessoas podem escolher o que mais lhes convêm. E mesmo sem emprego, elas não passarão fome devido aos seguros-desemprego”.

As afirmações de Klemt são confirmadas pela hoteleira Nicole Erkner-Schössow. Ela também procura pessoal adequado para aumentar sua equipe, mas até agora teve pouco sucesso. Ela acredita que a vontade das pessoas, especialmente jovens, de trabalhar diminuiu nos últimos anos.

"Achar jovens que trabalhem disciplinadamente tem sido um desafio”, diz ela. "Passamos a considerar mais candidatos da faixa etária de 40 anos para cima.”

Muitos empreendedores na cidade, de fato, poderiam empregar mais pessoas, mas parece que não existe uma razão uniforme para a sua dificuldade de achar novos funcionários. Alguns, como o ladrilhador Holger Möricke, citam razões especificas para não contratar mais trabalhadores.

"A economia não vai continuar tão forte como está no momento”, diz Möricke. "Como vou demitir pessoas sem ter aborrecimento quando a situação financeira piorar de novo?”

Empresários em Petershagen/Eggersdorf estão cientes do plano do governo alemão de introduzir uma lei de imigração que facilitaria a entrada de mão de obra qualificada – estima-se que faltem 1,6 milhão de trabalhadores qualificados no país.

"A nova lei de imigração me dá um pouco de esperança”, afirma o barbeiro Peter-Ulrich Barth. "Gostaria de contratar mais estrangeiros, mas, no momento, a agência de trabalho não está nos apresentando nenhum”.

A hoteleira Nicole Erkner-Schössow concorda: "Tem pessoas treinadas e trabalhando em hotéis e restaurantes mundo afora também, então não deveria haver problemas com as qualificações – e o resto, inclusive o idioma, é possível aprender ao longo do tempo”.

O joalheiro Wolfgang Klemt, no entanto considera a falta de conhecimento da língua alemã um obstáculo insuperável. "Temos uma loja especializada, e os funcionários precisam informar os clientes sobre detalhes dos nossos produtos e conversar em alemão perfeito – a nova lei não me dá nova esperança”.

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