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O Brasil no Festival de Arte Eletrônica de Berlim

Carlos Ladeira, de Berlim / av20 de fevereiro de 2002

A mostra "medio@rte latino" reuniu representantes da vanguarda da arte multimídia do Brasil, Argentina e México.

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Nesta quarta-feira (20) encerrou-se, na Casa das Culturas do Mundo, de Berlim, o 15º Festival de Arte Eletrônica. Solange Farkas, curadora da medio@rte latino e diretora da Associação Cultural Videobrasil, analisou um número significativo de obras de videoartistas brasileiros, agrupadas em quatro setores: "Documentários", "Vídeoarte", "Música" e "Estado de arte".

Entre os documentários apresentados, estiveram obras tanto de artistas reconhecidos como emergentes, registrando com originalidade o crescimento desta importante vertente do vídeo experimental no Brasil. Com humor e criatividade, eles abordam questões sociais, políticas e culturais, da década de 80 aos dias de hoje. Seus autores: Marcelo Tas (Varela em Serra Pelada); Marcelo Machado e Renato Barbieri, com Do outro lado da casa, sobre o cotidiano dos desabrigados em São Paulo; e Kiko Goifman, com Teresa, sobre o Presídio de Carandiru. Em Os quinze filhos, Maria Oliveira e Marta Nehring, falam dos horrores da ditadura militar, do ponto de vista dos filhos das vítimas. Entre os novíssimos, Leandro HBL apresentou ainda Merréis e Roberto Berliner A pessoa é para o que nasce.

"Videoarte" incluiu nove obras de grande impacto visual, de João Moreira Salles, Marcia Antabi e Camila Sposati, dentre outros. Sua preocupação temática central é o desenvolvimento da identidade pessoal.

Representando o setor "Música", Farkas escolheu cinco peças eletrônicas: O que sobrou do céu, de Katia Lund, Funkiada, de Rica Mentex, Eu caio no suíngue pra me consolar, de Roberto Berliner, Joshua Callanghan e Leonardo Domingues, Os cegos do Castelo, de Rogério Vilela e Marcelo Campo e Retrovisão, de Grima Grimaldi. Estes videoartistas ao mesmo tempo exploram e extrapolam a linguagem do vídeo clip, empregando formas inovadoras e arrojadas.

Vídeo de vanguarda –

"Estado de arte" provou que também no Brasil a produção videográfica tem recebido a contribuição de outras áreas, principalmente das artes plásticas, "provocando saudáveis e profundas transformações", segundo Solange Farkas. Para confirmar este ponto de vista, ela escolheu a polêmica obra Vera Cruz, de Rosangela Rennó, "concebida a partir do conceito de impossibilidade de se fazer um documentário sobre o descobrimento do Brasil, para se representar este sintomático momento – o hoje – da arte em vídeo no nosso país".

Após fazer uma retrospectiva dos highlights da arte eletrônica na América Latina, ao lado de seus colegas Jorge La Ferla (Argentina) e Priamo Lozada (México), Solange Farkas prestou uma homenagem ao artista mineiro Éder Santos, um dos mais difundidos e reconhecidos realizadores de vídeo no Brasil atual. O público presente pôde ver e discutir dez trabalhos deste "incansável e talentoso estilista".

A Associação Cultural Videobrasil, responsável pela presença brasileira no Festival Internacional de Arte Eletrônica, é uma entidade sem fins lucrativos, hoje um dos centros de vídeo mais importantes da América Latina, dirigido por um grupo de interessados na vitalidade do vídeo experimental. Ela promove também festivais e seminários, além de manter um arquivo histórico em sua sede em São Paulo.