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O Brasil na imprensa alemã (15/09)

15 de setembro de 2021

Após protestos de 7 de Setembro, imprensa alemã descreve Bolsonaro como uma ameaça e aponta que presidente continua tramando contra o sistema democrático.

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Manifestação pró-Bolsonaro em 7 de Setembro. Presidente usou feriado em ofensiva contra o STFFoto: AMANDA PEROBELLI/REUTERS

Zeit Online – Perigoso quando ele fica na defensiva (14/09)

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, perdeu popularidade devido à pandemia e à crise econômica. Agora ele está tentando assegurar seu poder por meio de métodos mais sinistros.

(…)

O ex-capitão de 66 anos consolida seu próprio poder principalmente por meio da divisão. Ele já havia baseado sua carreira como parlamentar no incentivo, a partir das fileiras de fundo do Parlamento, às provocações contra mulheres, homossexuais e indígenas. Ao fazer isso, ele manteve uma pequena minoria de mentalidade reacionária ao seu lado. E desde que se tornou presidente, tem feito isso em grande estilo.

Nas pesquisas atuais, 25% dos brasileiros ainda continuam apoiando o presidente e parte dessa base é até altamente motivada, vai a manifestações pró-Bolsonaro e é ativa em redes sociais favoráveis ​​a Bolsonaro. Essa base de fãs está se radicalizando. Impulsionados pelos discursos e ataques verbais bem calculados de Bolsonaro, eles ora exigem a abolição da democracia, ora a prisão ou mesmo a morte de minorias sociais. Em faixas, exortam Bolsonaro a proclamar a velha ditadura militar com seus generais torturadores. O presidente então fica diante da multidão, plenamente ciente de tais demandas e acena. Ele é o líder golpista de seus corações

Frankfurter Allgemeine Zeitung – Aliados de Bolsonaro, oponentes de Bolsonaro (09/09)

A briga entre o Judiciário e o presidente continua aumentando. Os partidários de Bolsonaro vão às ruas, mas a resistência também está crescendo. O presidente do Brasil pode resistir ao impeachment?

O presidente Jair Bolsonaro não esconde mais que está disposto a desrespeitar as regras da democracia e das instituições para se manter no poder. Por ocasião das manifestações em massa de seus apoiadores no Dia da Independência, que ele mesmo convocou, ele foi mais claro do que nunca. Ele ameaçou que não iria mais obedecer às decisões de juízes individuais. Se a corte não se contiver, pode sofrer "aquilo que não queremos".

Como reage o país a um presidente que ameaça sem rodeios fechar o Supremo Tribunal Federal e, assim, realizar um golpe? O presidente do Supremo respondeu às ameaças de Bolsonaro afirmando que ninguém fechará o tribunal. E que ignorar as decisões do Supremo Tribunal é crime.

Agora, as discussões sobre um procedimento de afastamento se reacenderam no Congresso. As últimas ameaças do Bolsonaro levaram dois partidos tradicionais, antes neutros, a se juntar à oposição, que há algum tempo pede o afastamento de Bolsonaro. No entanto, o bloco não é grande o suficiente para abrir tal procedimento. Além disso, a primeira decisão sobre o assunto está nas mãos do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. Bem mais de 100 pedidos de processos de impeachment estão em sua mesa. Só ele decide se algum deles será aceito.

(...)

A escalada e as ameaças não despertaram apenas os políticos, mas também a população. Mesmo antes da manifestação dos apoiadores do Bolsonaro no Dia da Independência, manifestações contra o Bolsonaro foram anunciadas para o domingo seguinte. Muitos veem isso como uma oportunidade para unir as diferentes alas da oposição por trás do apelo pelo impeachment e a defesa da democracia.

Der Spiegel – Refém do presidente (11/09)

Jair Bolsonaro está enfraquecido, mas pode continuar causando grandes danos à democracia brasileira.

Nas redes sociais, Jair Bolsonaro se apresenta como um presidente popular que se deiou festejar na terça-feira, feriado nacional, em um caminhão de som em São Paulo diante de dezenas de milhares de apoiadores. Ninguém vê que grande parte das pessoas teve que ser levada até lá, nem que apenas uma fração do público esperado apareceu no evento anterior, em Brasília. Anteriormente, temia-se que o presidente encurralado pudesse convocar seus apoiadores – como Donald Trump nos Estados Unidos – a invadir a Suprema Corte. Em vez disso, Bolsonaro realizou um monólogo de três minutos na frente do núcleo duro de seus seguidores. Atacou o Judiciário que o investiga e anunciou que não iria mais acatar as decisões judiciais no futuro.

Bolsonaro luta pela própria sobrevivência política: de acordo com pesquisas, apenas cerca de um quarto dos entrevistados ainda o apoia. Em vista de uma grave crise econômica, alto desemprego, uma seca dramática e mais de 500 mil mortes pelo coronavírus, ainda é uma quantia considerável, mas não é suficiente para lançar um golpe – e nem mesmo para ganhar as eleições presidenciais no próximo ano.

Governar seriamente é algo que Bolsonaro quase não fez nos últimos anos – a menos que se considere suas representações no YouTube como uma arte de governar. E a partir de agora ele se dedicará apenas à campanha eleitoral. O Brasil tornou-se refém de um presidente que não tem nenhum plano além de construir inimigos. Parte da culpa pelo fato de ele ainda estar no cargo de membros do Centro, que apoiam Bolsonaro no Parlamento porque ele lhes dá cargos e benefícios. Diante do presidente do Parlamento Arthur Lira – também considerado aliado de Bolsonaro – estão mais de 120 pedidos de impeachment. Lira os empilha, mas não leva um único deles à votação. O oportunismo da classe política é maior do que o senso do bem comum. Ela tolera que a democracia brasileira vá para o buraco.