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O Brasil na imprensa alemã (12/07)

12 de julho de 2017

Comparado a Trump, Bolsonaro e sua postura "ultraconservadora e reacionária" é destaque na mídia alemã. Riscos das barragens e usinas hidrelétricas para a região amazônica e "analfabetos financeiros" também são tema.

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Jair Bolsonaro
Bolsonaro chama atenção por sua agressividade, escreve o jornal "Tagesspiegel"Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Der Tagesspiegel – Jair Bolsonaro: o Trump brasileiro, 11/07/2017

"A postura política de Bolsonaro poderia ser descrita como ultraconservadora, reacionária ou até mesmo fascista – isso não o incomodaria. Ele incita ao ódio contra gays e indígenas e minimiza o estupro e a tortura.

O político de 62 anos não decepcionou seu público no Rio. 'Se eu conseguir [chegar à Presidência], não haverá mais dinheiro para organizações não governamentais, daí esses caras vão ter que trabalhar', disse. Ele se referia a organizações como a Anistia Internacional, que o criticam por ele defender execuções extrajudiciais pela polícia. Além disso, se ele for presidente, todo cidadão terá uma arma. E mais nenhum centímetro de terra vai virar reserva indígena.

Bolsonaro deve sua popularidade sobretudo ao bom uso que faz da internet: ele tem mais de 5 milhões de seguidores no Facebook e Twitter. O populista tem um assento no Congresso brasileiro desde 1988 e chama a atenção sobretudo por uma agressividade que, em outros países, já lhe teria rendido processos judiciais há muito tempo.

O principal motivo para o culto à sua pessoa é a impressão de muitos brasileiros de que a classe política do país é completamente corrupta. Somada a isso, há a crescente criminalidade nas ruas. Nessa situação, Bolsonaro, que também é militar da reserva, promete ordem. Ele reage com tranquilidade às críticas: 'Vou fazer como Trump', disse numa entrevista. 'Vocês, a mídia, vão bater tanto em mim que nem vou precisar mais de campanha eleitoral.'"

Neues Deutschland – A barragem da Amazônia, 08/07/2017

"A Bacia Amazônica é a maior bacia hidrográfica da Terra, com uma extensão de 6,1 milhões de quilômetros quadrados dos Andes ao Atlântico. No total, 140 barragens estão em construção ou já foram concluídas, e 288 novas usinas hidrelétricas estão planejadas no Brasil, no Peru, na Bolívia e no Equador, das quais a maioria foi encomendada pelos presidentes brasileiros Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Mas barragens provocam grandes prejuízos ambientais e perda de diversidade na região, e a construção de mais usinas hidrelétricas vai intensificar ainda mais os efeitos negativos, atingindo até mesmo regiões costeiras, alerta uma equipe de cientistas na revista especializada Nature.

Se os Estados da Amazônia, principalmente o Brasil, colocarem em prática uma fração que seja de seus planos de expansão hidrelétrica, haverá consequências irreversíveis. 'Não há uma tecnologia imaginável que possa reverter esses efeitos', afirma o líder do estudo, Edgardo Latrubesse, da Universidade do Texas.

A situação mais grave é vista no Rio Madeira, o maior afluente e fornecedor de sedimentos do Amazonas. [...] A área já foi severamente danificada pelas barragens concluídas de Santo Antônio e Jirau, no estado de Rondônia. E o futuro parece ainda mais sombrio: 'A bacia do Madeira é a mais ameaçada de toda a região amazônica.' Isso porque outras cerca de 80 usinas hidrelétricas estão planejadas ou em construção no Madeira e em seus afluentes nos Andes, com graves consequências para a Amazônia."

Handelsblatt – Noção zero de negócios bancários, 05/07/2017

"O endividamento catastrófico da maioria da população é consequência dos poucos conhecimentos dos brasileiros sobre finanças. De acordo com um estudo de 2014 da agência de classificação de risco Standard & Poor's, o Brasil estava numa posição intermediária entre os 144 países onde o estado da educação financeira foi avaliado. Mas, em detalhes, os resultados assustam: 'Cerca de um terço dos adultos brasileiros possui um cartão de crédito, mas a metade dos brasileiros não sabe o que são juros.'

Dos brasileiros, 40% são analfabetos financeiros. 'A maioria da população não está em condições de planejar suas finanças no curto ou no médio prazo', observa Isaac Sidney Ferreira, diretor do Banco Central.

Em 2010, o governo adotou por decreto uma estratégia nacional de educação financeira. Trezentas escolas deveriam participar do projeto piloto. Mas até hoje o projeto não começou. O orçamento da educação foi cortado na crise."

LPF/ots