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O Brasil na imprensa alemã (06/11)

6 de novembro de 2019

Jornais destacam "explosão de raiva" de Bolsonaro após reportagem revelar que seu nome foi mencionado na investigação do caso Marielle. Assassinato de líder indígena por madeireiros no Maranhão também foi notícia.

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Jair Bolsonaro
Bolsonaro esperava elogios, mas ganhou "bomba" da imprensa, diz mídia alemãFoto: Reuters/A. Machado

FAZExplosão de raiva do presidente (01/11)

Jair Bolsonaro reagiu como se tivesse sido atingido por um raio. E justamente no momento em que o presidente brasileiro estava vivenciando uma onda de sucesso: o Congresso aprovou uma importante reforma da Previdência, e ele próprio conseguiu fechar vários acordos na Arábia Saudita.

E então isso: em vez de seus êxitos, o noticiário mais importante do Brasil, o Jornal Nacional, apresentou uma reportagem envolvendo o nome do presidente no assassinato de Marielle Franco. Em março de 2018, a vereadora do Rio de Janeiro e seu motorista foram mortos a tiros quando estavam a caminho de casa. Desde então transcorrem investigações sobre esse caso que causou alvoroço em todo o mundo.

Depois da transmissão do telejornal, Bolsonaro ficou fora de si: ele se dirigiu ao seu público numa live nas redes sociais. "Seus patifes, canalhas!", repreendeu o presidente. Em seguida, ele ameaçou a empresa de mídia líder do mercado, a Rede Globo, com a revogação de sua licença de transmissão, cuja renovação ele e o Congresso deverão decidir em 2022. "Teremos uma conversa em 2022", disse Bolsonaro. Até lá, ele disse que não falará mais com a Globo.

Bolsonaro atacou também o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. Segundo o presidente, Witzel, que deve sua eleição principalmente a Bolsonaro, teria vazado as informações [da investigação] para a mídia, porque ele mesmo pretende concorrer à Presidência em 2022 e, para esse fim, quer "destruir a família Bolsonaro". Witzel nega tudo isso.

Grupos de esquerda convocaram protestos contra Bolsonaro. Influenciado por teorias da conspiração, o presidente está considerando mobilizar o Exército caso venha a ocorrer uma situação como no Chile. O deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, ameaçou que no Brasil a história poderia se repetir se houvesse protestos como no Chile – uma alusão à repressão da ditadura militar.

Tagesspiegel – Sob suspeita (31/10)

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, ficou furioso. Ele xingou os meios de comunicação, descrevendo a Globo, a maior empresa de mídia do país, como "imprensa porca, nojenta, canalha e imoral". Várias vezes ele gritou: "O que vocês querem?" E afirmou: "Eu não tinha motivo nenhum para matar quem quer que seja no Rio de Janeiro."

Deve ter acontecido muita coisa para o presidente do Brasil se levantar pouco antes das 4h da manhã de sábado na capital da Arábia Saudita, Riad, para gravar um vídeo de 23 minutos. Em visita oficial à Península Arábica, Bolsonaro negociou um acordo com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman no montante de 15 bilhões de dólares em investimentos no Brasil, incluindo enormes complexos hoteleiros em áreas de proteção ambiental.

Por tal, Bolsonaro esperava, aparentemente, elogios da mídia brasileira. Mas a TV Globo jogou uma bomba durante seu principal noticiário. Documentos das investigações sobre o assassinato de Marielle Franco foram vazados à emissora. Neles aparece o nome de Jair Bolsonaro. Franco era uma vereadora lésbica, esquerdista e negra no Rio de Janeiro. Em 14 de março de 2018, ela foi morta a tiros no centro do Rio. Até o momento, não está claro quem ordenou o assassinato.

A história, no entanto, tem um grande problema: naquele dia, Bolsonaro estava no Congresso em Brasília. Mesmo assim, restam agora as perguntas: o porteiro que anotou o número da casa de Bolsonaro no livro de visitas se enganou? E quem lhe respondeu ao interfone então? Outro mistério: quem vazou a informação para a Globo? Para isso, o presidente Jair Bolsonaro já tem uma resposta. Ele acusa o governador do Rio, Wilson Witzel, que, como Bolsonaro, é um político de direita. Consta que Witzel tem ambições à Presidência.

Até agora, a única certeza é que Bolsonaro elogiou repetidamente milícias de direita, às quais pertencem os assassinos de Franco. Como consequência das revelações, o presidente ameaçou a Rede Globo de não renovar sua licença de transmissão em 2022. Em seu vídeo, ele repetidamente afirmou: "TV Globo, vocês não prestam, seus patifes, canalhas, parem de trair o Brasil, a verdade está do meu lado."

ZDF"Guardião" indígena é assassinado por madeireiros (02/11)

Na Amazônia brasileira, um ativista indígena e "guardião da floresta" foi assassinado por madeireiros. Segundo autoridades locais e a ONG de direitos humanos Survival International, Paulo Paulino foi morto a tiros por madeireiros no estado do Maranhão.

Outro ativista ficou ferido, mas conseguiu escapar, disseram as fontes. Os dois homens pertenciam a um grupo de agentes florestais chamados "guardiões da floresta" – um grupo que tenta proteger terras de povos indígenas da extração ilegal de madeira.

Segundo a Secretaria de Direitos Humanos do Maranhão, os dois homens da tribo Guajajara se afastaram de sua aldeia para buscar água na floresta, quando foram cercados por "pelo menos cinco homens armados". Segundo as autoridades, um dos madeireiros se encontrava desaparecido após o incidente. As informações de que ele também foi morto no ataque ainda não foram confirmadas. O ministro da Justiça, Sergio Moro, afirmou no Twitter que a polícia está investigando os assassinatos.

O Greenpeace condenou o ataque aos dois ativistas. Paulino e seu companheiro ferido, Laércio, são "as últimas vítimas de um Estado que se recusa a cumprir as disposições da Constituição", afirmou a organização. O Greenpeace denunciou "a incapacidade do Estado" de cumprir seu dever de proteger os ativistas indígenas e seus territórios.

Sarah Shenker, membro da ONG Survival International que visitou a região há alguns meses, afirmou que, apesar das ameaças de morte, Paulino era totalmente dedicado a defender a floresta. A falta de esforços do governo brasileiro está levando os indígenas a assumirem o "trabalho duro e perigoso", apontou a ativista.

CA/ots

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