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O Brasil na imprensa alemã (27/03)

27 de março de 2019

Prisão do ex-presidente Temer é destaque. Veículos assinalam combate à corrupção, assim como consequências para negociações da reforma da Previdência na Câmara. Filme 'Nossa Chape' também é ressaltado.

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Ex-presidente Michel Temer, com lábios cerrados e fisionomia concentrada, chega a café da manhã com imprensa internacional em dezembro de 2018
Prisão de Temer foi interpretada como sinal da Justiça à classe política, diz jornalFoto: Reuters/A. Machado

Süddeutsche Zeitung – Ninguém está seguro, 23/03/2019

Primeiro, foi a vez de Luiz Inácio Lula da Silva, e agora mais um presidente brasileiro está atrás das grades por corrupção. Michel Temer é acusado de ser o cabeça de uma organização criminosa. O juiz Marcelo Bretas determinou a prisão de Temer por achar que o ex-chefe de estado possa destruir evidências. Temer foi preso em São Paulo por um contingente de policiais fortemente armados e levado até o Rio de Janeiro.

No caso de Temer, trata-se de uma rede criminosa que, aparentemente, lhe rendeu lucros no valor de centenas de milhões de euros desde os anos 1980. No centro das investigações está a concessão de contratos para a usina nuclear Angra 3, um projeto de prestígio do Brasil. Supostamente, Temer teria favorecido uma empresa com contratos. Ao mesmo tempo, o presidente do Brasil entre 2016 e 2018 é alvo de várias  outras investigações.

A prisão de Temer foi interpretada pela imprensa como um sinal da Justiça à classe política: ninguém está seguro. Até agora, por causa da longa sentença de prisão para o ex-presidente Lula, juízes e promotores públicos haviam sido acusados de agir sobretudo contra representantes da esquerda. Com Temer, apanhou-se um político de carreira conservador de direita que marcou a política brasileira por décadas, como articulador de maiorias políticas e como beneficiário. Sob Dilma Rousseff, conseguiu chegar à Vice-Presidência. Depois, foi um dos motores de sua queda por um impeachment que os apoiadores de Dilma interpretam como traição, para não dizer golpe. Temer ocupou a cadeira de Dilma, e, por dois anos, seu sorriso autocomplacente representou o maior país da América do Sul.

Frankfurter Allgemeine Zeitung – O presidente do quarto dos fundos, 23/03/2019

Em Brasília, a prisão de Temer causa certa insegurança – por diversas razões. Muitos políticos avaliaram a prisão como exagerada e a enxergam como mais um exemplo da "caça às bruxas" da Justiça contra a classe política. O incômodo pode ter seus motivos. Até círculos da esquerda criticam a prisão e alertam contra um "populismo penal" sem embasamento legal (...).

A detenção também causou preocupações no contexto das próximas negociações sobre a reforma da Previdência, que é vista como base para a cura da economia brasileira.

Há o temor de que as cúpulas partidárias vejam as prisões de Temer e de outros atores como ataque à classe política e ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Maia é genro de um ex-ministro que também foi preso na quinta-feira. Também na quinta, Carlos Bolsonaro, filho do presidente, disseminou alegações nas redes sociais, questionando a integridade de Maia. Maia havia anunciado que adiaria um pacote de combate à criminalidade em detrimento da reforma da Previdência. Depois das provocações, Maia ameaça abandonar a liderança das negociações pela reforma do regime de aposentadoria.

Der Tagesspiegel – Um milagre doloroso, 21/03/2019

Nossa Chape abre o festival internacional de filmes sobre futebol 11mm em Berlim na quinta-feira (21/03). Chape é como os 200 mil habitantes da cidadezinha de Chapecó chamam o clube da cidade. Um time que nunca foi realmente percebido fora do Rio, de São Paulo e de Belo Horizonte. Até a Chape ir à final da Copa Sul-Americana. Até o voo com destino a Medellín, que teve um fim tão trágico nos Andes, com 71 mortos, entre eles 19 jogadores de futebol. O goleiro Danilo perdeu sua vida antes da final, assim como o meio-campista Ananias ou o atacante Bruno Rangel. O mundo contém a respiração. Há minutos de silêncio em Leipzig, Barcelona, Liverpool e em todos os lugares onde se joga futebol. O papa faz uma oração.

Alan Ruschel sobreviveu à catástrofe, um entre três jogadores – e o fato de ele voltar ao time titular dois anos e meio depois pode ser celebrado como um milagre nem tão pequeno assim. Foi um milagre doloroso. Por causa dos amigos perdidos, das imagens sempre presentes na cabeça. E pelo difícil caminho de volta a uma normalidade que jamais será normal.

Na tentativa de superar a tragédia, a equipe e a cidade nem sempre agiram da maneira desejada pelos sobreviventes e familiares. O filme também fala disso. Nossa Chape é mais do que um conto de fadas com roteiro previsível e papéis claramente definidos.

Os irmãos Zimbalist ficaram conhecidos com The two Escobars (...). Para Nossa Chape, planejaram uma estada de quatro semanas no Brasil. Ficaram seis meses. São cronistas mudos de uma tragédia iniciada com a queda do avião no dia 28 de novembro de 2016. E que ainda está longe de acabar.

A câmera acompanha o clube em sua desesperada tentativa de ressurreição.

RK/ots

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