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Novo presidente alemão faz advertência à Turquia

22 de março de 2017

Em cerimônia de posse, Steinmeier refuta comparações entre governo da Alemanha e nazismo e pede que Erdogan respeite Estado de Direito e liberdade de imprensa. "É preciso lutar pela democracia", diz.

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Steinmeier
Steinmeier garantiu que não será um presidente neutro, mas "partidário da causa democrática"Foto: Getty Images/AFP/T. Schwarz

Ao tomar posse como presidente da Alemanha nesta quarta-feira (22/03), Frank-Walter Steinmeier aproveitou a cerimônia para refutar as comparações entre o atual governo alemão e o nazismo feitas pelo presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. Ele também pediu a Ancara a libertação do jornalista turco-alemão Deniz Yücel e convocou a população alemã a "lutar com coragem pela democracia, que atualmente está sendo desafiada no mundo".

Leia mais: Steinmeier, um estadista para tempos de incertezas

"Dê um fim às comparações ao nazismo. Não corte o laço com aqueles que querem uma parceria com a Turquia", disse Steinmeier, em palavras dirigidas ao homólogo turco. "Respeite o Estado de Direito e a liberdade dos meios de comunicação e jornalistas. E liberte Deniz Yücel!"

O correspondente do diário alemão Die Welt está há semanas sob custódia turca. Erdogan chamou o jornalista de "agente e terrorista". E em meio a tensões relacionadas ao cancelamento de comícios de políticos turcos em solo europeu, Erdogan acusou a Alemanha de adotar "medidas nazistas".

Em seu primeiro discurso como presidente empossado, Steinmeier afirmou que ninguém quer olhar com "arrogância e condescendência" para a Turquia e condenou a tentativa de golpe militar do ano passado. Vizinha de Iraque e Síria, a Turquia está localizada numa área turbulenta, disse.

"Nosso olhar é dominado pela preocupação de que tudo aquilo que foi construído ao longo de anos e décadas se decomponha num curto espaço de tempo", afirmou o novo presidente, em referência às relações entre Alemanha e União Europeia com Ancara.

"Capacidade de autocrítica"

Levando em conta movimentos populistas em muitos países, Steinmeier admitiu que "um novo fascínio pelo autoritarismo penetrou profundamente na Europa", afirmando, no entanto, não haver motivo para alarmismo.

"Precisamos não apenas falar de democracia, temos que reaprender a lutar por ela", disse. Segundo ele, basta ver a história alemã para notar que a democracia "não é óbvia e nem está equipada com a garantia de eternidade". De acordo com Steinmeier, a força da democracia reside na capacidade de autocrítica e autoaperfeiçoamento.

"A democracia precisa da coragem em ambos os lados – dos governados e dos governantes", afirmou. É preciso dialogar abertamente sobre erros e problemas. Como exemplo, Steinmeier citou a integração de refugiados, mas também padrões éticos no mundo dos negócios.

Conhecido por ser notoriamente diplomático, Steinmeier garantiu que não será um presidente neutro, mas "partidário da causa democrática". "Patriotismo elucidado e comprometimento com a Europa andam de mão dadas", disse, acrescentando que críticas são justificadas e reformas, necessárias. Mas não pode haver um retorno a ultrapassados egocentrismos nacionalistas, ressaltou.

PV/dpa/epd/kna