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Novo ministro da Defesa alemão vê sua popularidade decolar

Helen Whittle
22 de fevereiro de 2023

Social-democrata Boris Pistorius assumiu o cargo há pouco mais de um mês e já superou a popularidade dos ministros do Exterior e da Economia.

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 Boris Pistorius com jaqueta camuflada fala em microfone
Popularidade de Boris Pistorius é alta entre eleitores e membros das Forças Armadas alemãsFoto: Kay Nietfeld/dpa/picture alliance

Apenas algumas semanas após assumir o cargo de ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, do Partido Social-Democrata (SPD), tornou-se o político mais popular da Alemanha, segundo uma pesquisa telefônica com 1.361 eleitores realizada na semana passada e publicada pela emissora pública ZDF.

Ele superou inclusive os populares políticos do Partido Verde Annalena Baerbock, ministra do Exterior, e Robert Habeck, ministro da Economia.

Pistorius assumiu o cargo depois que sua antecessora, Christine Lambrecht, foi forçada a renunciar após uma série de erros políticos. Depois de ter sido secretário do Interior do estado da Baixa Saxônia por mais de uma década, Pistorius repentinamente viu-se no centro das atenções, num momento em que a guerra na Ucrânia domina a cobertura da mídia e o cenário político.

Antecessores impopulares

"Christine Lambrecht foi nomeada [ao cargo], assim como suas predecessoras [Ursula von der Leyen e Annegret Kramp-Karrenbauer], em uma época em que a defesa nacional não era mais considerada de grande importância", afirma Gero Neugebauer, cientista político da Universidade Livre de Berlim, à DW.

Mas Pistorius tomou posse sob circunstâncias diferentes e imediatamente ganhou pontos com alemães mais conservadores, aponta Gebauer.

Pouco conhecido dentro e fora da Alemanha, Pistorius foi uma escolha inesperada para o cargo de ministro da Defesa. Ao nomear um homem para a posição, o chanceler federal Olaf Scholz quebrou sua promessa de manter a paridade de gênero no seu gabinete.

Pistorius, formado em direito e ex-prefeito da cidade de Osnabrück, vem de uma ala do seu partido favorável à defesa da lei e da ordem. Ele fez seu serviço militar obrigatório em 1980 e 1981. Mas não tem uma vasta experiência militar e não estava familiarizado com a política federal, muito menos internacional.

Por isso, Johann Wadephu, líder do partido de oposição União Democrata Cristã (CDU) no Bundestag (Parlamento alemão), descreveu a nomeação de Pistorius como uma escolha da "equipe B".

Entretanto, Pistorius tem uma sólida reputação como um político que consegue entregar resultados. Ele foi responsável por introduzir amplas reformas na força policial na Baixa Saxônia, onde ajudou a trazer novos recrutas e melhorar a comunicação com o cidadão, além de priorizar a luta contra o extremismo político.

Vínculo estreito com o chanceler federal

No momento da nomeação de Pistorius, Scholz – que também é de Osnabrück – descreveu seu novo ministro como um "político excepcional": "Com sua experiência, competência e assertividade, assim como seu grande coração, ele é exatamente a pessoa certa para a Bundeswehr [as Forças Armadas alemãs] nestes tempos de mudanças", disse Scholz.

Assim como Scholz, Pistorius também concorreu à liderança do SPD em 2019 e, como Scholz, também perdeu. A última pesquisa de opinião, entretanto, indica que Pistorius está muito à frente na competição.

Após sua primeira participação como ministro da Defesa na Conferência de Segurança de Munique, no último fim de semana, o jornal suíço Neue Zürcher Zeitung apontou que Pistorius estava sendo considerado um líder em potencial.

Boris Pistorius ao lado de Oleksii Reznikov, que coloca uma das mãos sobre o peito.
No início de fevereiro, Pistorius reuniu-se com o seu homólogo ucraniano, Oleksii Reznikov, em KievFoto: Kay Nietfeld/dpa/picture alliance

"Pistorius comunica-se clara e diretamente, mas não de tal forma que outros possam se sentir ofendidos", diz o cientista político Neugebauer à DW. "Ele é exigente, mas não um exibicionista, e muitas vezes se encontra pessoalmente com os soldados, o que lhe rendeu a reputação de alguém que se importa com eles."

Essa abordagem clara e direta foi mostrada em Munique quando Pistorius anunciou que "a Ucrânia deve ganhar esta guerra" – em contraste com a fala do chanceler federal de que "a Ucrânia não deve perder a guerra, a Rússia não deve ganhar a guerra".

Disputa por verbas

Pistorius reafirmou a promessa da Alemanha de atingir a meta de gastar 2% do PIB com despesas militares, estipulada para membros da Otan – em 2022, esse percentual foi de cerca de 1,7% no país. "Até 2025, colocaremos à disposição da Otan uma divisão militar completa", disse.

No início de fevereiro, menos de um mês após tomar posse, Pistorius fez uma visita sem aviso à Ucrânia – sua primeira viagem ao exterior na função. Ele reuniu-se com o presidente Volodimir Zelenski e com seu homólogo Oleksii Reznikov, e anunciou um plano para enviar mais de cem tanques Leopard 1A5, além da já aprovada entrega dos modernos tanques de batalha Leopard 2 à Ucrânia.

Recém-saído de sua elogiada participação na Conferência de Segurança de Munique, Pistorius demonstrou sua abordagem cuidadosa e prática durante uma visita às tropas ucranianas em treinamento na cidade alemã de Munster, nesta segunda-feira.

"Falar de guerra é diferente de olhar para o rosto das pessoas que vieram aqui diretamente da linha de frente, e que voltarão para lá com os tanques depois que completarem seu treinamento", disse ele aos repórteres.

De fato, um dos maiores desafios do ministro da Defesa será administrar o fundo especial de 100 bilhões de euros que Scholz prometeu às Forças Armadas alemãs em fevereiro de 2022.

Mas Pistorius deixou claro que isso não é suficiente – ele está pedindo 10 bilhões de euros adicionais para o orçamento da Defesa (atualmente de 50 bilhões de euros), para reconstruir as Forças Armadas após mais de três décadas de negligência crônica e subfinanciamento.

Com as negociações do orçamento para 2024 e 2025 previstas para março, já existem rumores de divisão dentro de seu próprio partido sobre como o dinheiro deve ser alocado. Em entrevista ao jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung, Saskia Esken, colíder do SPD, tentou colocar limites a essas ambições, citando, por exemplo, outras prioridades da coalizão de governo, como o combate à pobreza infantil.

Ainda está para ser comprovado, porém, se o ministro da Defesa entregará o serviço. "Pistorius não teve um 'período de graça' porque não queria um e sabia que não teria um e, portanto, não pediu por um: ele é alguém que faz. Quando o piano precisa ser levado para outra sala do apartamento, ele não é aquele que carrega a partitura", afirma Neugebauer.