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Nova Caledônia rejeita independência da França

4 de novembro de 2018

Eleitores do arquipélago no Pacífico Sul decidem em referendo que território deve continuar atrelado a Paris. Macron comemora "passo histórico" e agradece voto de confiança.

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Bandeiras da Nova Caledônia, dos nativos canacos e da França
Bandeiras da Nova Caledônia, dos nativos canacos e da FrançaFoto: Getty Images/L. Bonaventure

Os eleitores da Nova Caledônia decidiram em referendo neste domingo (04/11) que o arquipélago no Oceano Pacífico Sul deve permanecer anexado à França, que reivindicou o território como parte de seu império em 1853.

A rejeição à independência foi confirmada por uma maioria de 56,4% dos votos. A contagem final demonstrou uma vantagem ampla, ainda que menor do que esperada, para os partidários do "não". O comparecimento às urnas foi de mais de 80% dos 174 mil eleitores aptos a votar.

O presidente francês, Emmanuel Macron, comemorou o resultado do referendo. "Quero expressar meu orgulho imenso por termos dado juntos esse passo histórico", disse ele em pronunciamento à nação. "Não há outro caminho senão o diálogo."

"Quero também afirmar meu orgulho de ser o chefe de Estado da maioria dos cidadãos da Nova Caledônia que escolheram a França. É um sinal da confiança na República da França, seu futuro e seus valores", reiterou Macron.

O primeiro-ministro da França, Édouard Philippe, viajará à Nova Caledônia na segunda-feira, onde se reunirá com autoridades locais para discutir os planos para o futuro do arquipélago.

O referendo é resultado de um processo iniciado há décadas com o intuito de devolver poderes a autoridades locais da Nova Caledônia, um conjunto de ilhas localizado a cerca de 18 mil quilômetros da França continental e que serve como base estratégica para o país europeu no Pacífico. O arquipélago possui um quarto das reservas mundiais de níquel – um componente essencial de produtos eletrônicos.

A votação era considerada um teste decisivo do sentimento de independência em territórios ultramarinos da França, após protestos críticos à negligência de Paris terem sido registrados em locais como a Guiana Francesa, na América do Sul, e o arquipélago de Mayotte, no Oceano Índico. O governo francês também enfrenta resistência de nacionalistas que pedem a independência da Ilha da Córsega, no Mar Mediterrâneo, iniciativa rechaçada por Macron.

A Nova Caledônia tem uma população de cerca de 270 mil pessoas, entre eles os nativos canacos, que correspondem a aproximadamente 40% da sociedade, e descendentes europeus, que são 27%. Alguns temiam que o referendo deste domingo pudesse levar a um ressurgimento de tensões étnicas que resultaram em confrontos mortais nos anos 1980, contabilizando cerca de 70 vítimas.

A violência no arquipélago levou ao chamado Acordo de Nouméa, de 1998, que abriu caminho para a crescente autonomia do território e teve como objetivo corrigir os desequilíbrios econômicos que estavam por trás das tensões que tomaram a população.

Hoje, a Nova Caledônia tem controle sobre muitas áreas de seu governo local, embora a defesa, relações exteriores, Justiça e ensino superior ainda estejam sob a administração de Paris.

Muitos dos que se opunham à independência argumentam que o arquipélago ainda é economicamente dependente dos 1,3 bilhão de euros com que o Estado francês contribui a cada ano.

Outros expressaram preocupação de que uma Nova Caledônia independente pudesse ser usada pela China para consolidar ainda mais sua influência no Pacífico. Como exemplo, eles lembraram os grandes investimentos de Pequim em Vanuatu, um Estado insular muito próximo da Caledônia que se separou da França em 1980.

RC/afp/ap

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