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Nobel de Literatura vai para bielorrussa Svetlana Alexievich

8 de outubro de 2015

Jornalista investigativa "transcendeu o formato jornalístico e desenvolveu um novo gênero literário", diz Academia Sueca. Seus romances abordam temas como o colapso da União Soviética e a catástrofe nuclear de Chernobil.

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Foto: Imago

A jornalista investigativa e autora bielorrussa Svetlana Alexievichfoi a vencedora do Prêmio Nobel de Literatura de 2015, divulgou nesta quinta-feira (08/10) a Academia Sueca em Estocolmo. O júri destacou "seus escritos polifônicos, um monumento ao sofrimento e à coragem nos nossos tempos".

Ao longo de sua carreira, Alexievich usou suas habilidades jornalísticas para narrar as grandes tragédias da União Soviética e seu colapso, a Segunda Guerra Mundial, a guerra soviética no Afeganistão e o acidente nuclear de Chernobil.

Seu primeiro romance, The Unwomanly Face of the War (A cara pouco feminina da guerra, em tradução livre), publicado em 1985 e baseado em histórias de mulheres que lutaram contra o nazismo na Alemanha, vendeu mais de 2 milhões de cópias.

Seus livros foram publicados em 19 países, mas não há traduções brasileiras, nem de sua obra mais famosa, Vozes de Chernobil, feita a partir de mais de 500 entrevistas com testemunhas da catástrofe nuclear. Ela também escreveu três peças de teatro e roteiros para 21 documentários.

A secretária permanente da Academia Sueca, Sara Danius, elogiou Alexievich como uma grande e inovadora escritora. "Ela transcendeu o formato jornalístico e desenvolveu um novo gênero literário, que leva sua marca registrada."

Por telefone, Alexievich afirmou à emissora sueca SVT que ganhar o Nobel de Literatura a deixou com um sentimento "complicado". "Por um lado, é um sentimento fantástico, mas é também um pouco perturbador."

Perguntada sobre o que iria fazer com as 8 milhões de coroas suecas (cerca de 960 mil dólares) do prêmio, ela disse: "Farei apenas uma coisa: vou comprar a minha liberdade. Eu preciso de muito tempo para escrever meus livros, de cinco a dez anos. Tenho duas ideias para novos livros, por isso, estou contente que agora vou ter liberdade para trabalhar neles."

Em 2013, Alexievich já havia conquistado o Prêmio da Paz, dado há mais de seis décadas pela Associação Alemã do Comércio Livreiro. "Suas crônicas trágicas sobre o destino de indivíduos envolvidos no desastre de Chernobil, na guerra soviética no Afeganistão e seu desejo não realizado de ver a paz após o colapso do Império Soviético dão uma expressão tangível a uma tendência fundamental à decepção existencial que é difícil de ignorar", disse a associação à época.

Nascida em 1948, filha de dois professores, Alexievich estudou Jornalismo em Belarus, que na época fazia parte da União Soviética. Ela trabalhou num jornal local e depois virou correspondente da revista literária Neman.

Atualmente, a jornalista vive em Minsk, capital de Belarus, e, como muitos intelectuais, apoia os opositores políticos do autoritário presidente Alexander Lukashenko.

Mulheres no Nobel

Para o Prêmio Nobel de Literatura deste ano, a Academia Sueca recebeu 259 propostas de nomes e reduziu a lista para 198. Com Alexievich, o número de mulheres a conquistar o Nobel de Literatura chega a 14, sete delas nos últimos 25 anos.

A mais recente foi a escritora canadense Alice Munro, em 2013, antecedida da alemã de origem romena Herta Müller, em 2009, da britânica Doris Lessing, em 2007, da austríaca Elfriede Jelinek, em 2004, da americana Toni Morrison, em 1993, e da sul-africana Nadine Gordimer, em 1991.

Antes delas vieram a poetisa alemã Nelly Sachs, em 1966, a chilena Gabriela Mistral, em 1945, a romancista americana Pearl S. Buck, em 1938, a escritora norueguesa Sigid Undset, em 1928, e a italiana Grazia Deledda, em 1926.

A sueca Selma Lagerlöf, autora de A maravilhosa viagem de Nils Holgersson, foi a primeira mulher homenageada com o Nobel da Literatura, em 1909. No ano passado, o prêmio foi para o escritor francês Patrick Modiano.

Os anúncios dos prêmios Nobel deste ano continuam nesta sexta-feira, com a divulgação do vencedor do Nobel da Paz. O ganhador da categoria Economia será anunciado na próxima segunda-feira. Todos os prêmios serão entregues em 10 de dezembro.

AF/ap/lusa