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Perfil

(sm)6 de março de 2007

Candidato conservador à presidência da França conquista eleitores ao dramatizar conflitos e seduz liberais por combater assistencialismo, mas sua carreira política arrivista é a principal causa de seu índice de rejeição.

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Nicolas SarkozyFoto: AP

O candidato conservador à presidência da França, Nicolas Sarkozy, é o favorito do pleito. "Sarko" convence os eleitores comuns com seus slogans de impacto, a classe média com seu apelo à responsabilidade individual e a elite econômica por sua luta declarada à burocracia e ao Estado social.

Ministro do Interior do atual governo conservador, o político de 52 anos teve uma vitória eleitoral esmagadora (98% dos votos) nas eleições internas do partido que preside, a União por um Movimento Popular (UMP), em meados de janeiro. O jurista que ingressou para a política como conselheiro municipal, em 1977, passou por todos os níveis de hierarquia, tendo sido prefeito, conselheiro regional, deputado da Assembléia Nacional e do Parlamento Europeu e três vezes ministro.

Em meados da década de 90, Sarkozy parecia ter chegado ao fim de sua carreira política, após ter apostado suas cartas no candidato errado. Em vez de apoiar Jacques Chirac, seu protetor político durante muito tempo, Sarkozy passou para o lado de Edouard Balladur. Mas foi Chirac que ganhou as eleições, mantendo-se presidente da França por 12 anos.

"Brutus" que deu certo

Desde então, Sarkozy é considerado por muitos um traidor político. Sobretudo porque fora Chirac que, num evento de seu partido em meados da década de 70, descobrira o jovem de cabelos compridos, estudante de Direito e Ciências Políticas, e o encorajara, garantindo-lhe que ele fora feito para a política.

Nas eleições presidenciais de 2002, este talento político parecia novamente tão indispensável, que chegou a haver especulações sobre sua eventual nomeação como primeiro-ministro. No entanto, Chirac só lhe deu a honra de ministro do Interior, confrontando-o com Dominique de Villepin na posição de premiê, um adversário político de peso na corrida pela presidência francesa.

A rivalidade entre Sarkozy e Villepin marcou a trajetória do atual governo francês. Em 2005, Sarkozy usou os confrontos na periferia das cidades francesas para conquistar prestígio junto ao eleitorado, fazendo declarações populistas e defendendo a linha dura contra os jovens marginalizados que desencadearam uma onda de violência com seus protestos. Villepin, por sua vez, causou sua própria derrota política em 2006, ao insistir numa lei que facilitaria as demissões de trabalhadores com pouco tempo de serviço e foi derrubada por pressão de amplos movimentos populares.

Self made man de origem nobre

Filho de um imigrante húngaro de origem nobre e de uma mãe judia-grega, filha de um médico, Sarkozy gosta de vender a imagem de um self-made man que conseguiu ascender de uma classe humilde até a elite política, a fim de salvar a França.

Mas é justamente esta imagem "bonapartista" que desagrada uma parte do eleitorado, desconfiado de um candidato que já se mostrou freqüentemente como político nervoso, egocêntrico e obcecado pelo poder. Por outro lado, com sua retórica dramática, ele aposta na nostalgia do eleitorado conservador e consegue convencer os liberais com sua visão de futuro.

30 bilhões em curso neoliberal

Com seu programa eleitoral, Sarkozy promete reverter o que ele considera uma política assistencialista. Os gastos de seu eventual programa de governo, calculados em 30 bilhões de euros, seriam acarretados sobretudo por reduções fiscais e investimentos em incentivo à pesquisa científica.

Se eleito no pleito de abril, o candidato conservador pretende reduzir o déficit orçamentário através de reformas do mercado de trabalho. Uma das medidas seria baixar as subvenções à manutenção da jornada de trabalho de 35 horas semanais, estabelecida no governo do socialista Lionel Jospin (1997-2002). A quantia liberada dessa fonte seria transferida para incentivar empresas que gerem empregos e mostrem uma política salarial ativa.

Entre outras medidas planejadas por Sarkozy está a reestruturação do Ministério da Economia, através da criação de um departamento encarregado de desenvolver uma estratégia condizente com a globalização. A redução da participação estatal na companhia de eletricidade EdF também faz parte dos planos neoliberais do candidato conservador à presidência francesa.