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Neocomunista Gysi quer atrair investimentos a Berlim

(rw)10 de janeiro de 2002

Capital alemã terá um neocomunista como secretário da Economia. Designado pela coalizão social-democrata e neocomunista, Gregor Gysi defende-se das críticas de que seria "um risco" para a cidade-estado.

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Gysi observado pelo prefeito WowereitFoto: AP

Berlim está mesmo acabando com tabus e preconceitos na política. O primeiro caiu no ano passado, quando o então candidato a prefeito Klaus Wowereit, do Partido Social Democrático (SPD), assumiu sua homossexualidade, no discurso de agradecimento à nomeação para o cargo de prefeito interino .

Uma vez eleito, acabou fazendo coalizão com o PDS (Partido do Socialismo Democrático), sucessor do partido comunista da antiga Alemanha Oriental. Agora caiu outro tabu: Berlim terá um secretário da Economia neocomunista, Gregor Gysi.

Atrair investidores para a cidade-estado de Berlim e incentivar a co-gestão nas empresas são seus principais objetivos. "Quem não quer investidores é contra a criação de novos empregos e com isso torna-se anti-social", advertiu o futuro vice-prefeito berlinense. E acrescentou: "Quanto mais investidores, melhor para a economia, pois há mais empregos e assim são resolvidos problemas sociais da cidade."

Ao rebater as críticas de que é incompetente para a pasta, o advogado e deputado do PDS esclareceu que defende o modelo da economia social de mercado, já praticada na Alemanha. Por outro lado, Gysi destacou que é preciso incentivar a competitividade e a qualidade, "sem no entanto esquecer a orientação ecológica e social".

Críticas da oposição

"Quero acabar com os preconceitos contra mim", disse Gysi, que ressaltou nunca ter criticado as vantagens da economia de mercado para a civilização. O fato de o controvertido líder político ter escolhido a pasta da Economia é criticada pelo último prefeito de Berlin, Eberhard Diepgen, da União Democrata-Cristã (CDU), aliás co-responsável pela má situação financeira atual da capital alemã.

O líder da CDU na cidade-estado acha que nomear o neocomunista para a pasta da Economia na atual fase de recessão é muito arriscado. "Grande parte dos berlinenses vê o nome escolhido para a pasta como uma experiência negativa para a cidade", advertiu Diepgen.

Já o social-democrata Walter Momper, presidente da Câmara, acha que Gysi será um personagem importante na economia de Berlim "pelo seu jeito comunicativo, bem-humorado e bom de mídia".

Ceticismo também no exterior

O jornal holandês De Volkskrant, de orientação social-democrata, conceitua o político de 53 anos como "vermelho charmoso que reabilitou os ex-comunistas". Em sua edição desta quinta-feira, a publicação destaca que Gregor Gysi na secretaria da Economia pretende mudar a imagem do partido, que é de defensor do socialismo antiquado e de forte orientação esquerdista.

Com a escolha de Gysi para a vice-prefeitura da capital alemã, finalmente foi atingida a reabilitação dos ex-comunistas, apesar de todos os protestos na Alemanha unificada, acrescenta o jornal holandês, que conclui: "Resta ver se o brilhante oposicionista vai repetir o êxito no governo".

Já o diário Iswestija, de Moscou, conceitua a coalizão entre social-democratas e neocomunistas como escandalosa, mas reconhece a falta de opções do SPD, depois do fracasso das negociações com verdes e liberais.

"A capital alemã decaiu. Os ex-comunistas, eleitos pelo Leste de Berlim, chegaram ao poder. Os líderes social-democratas estão sentados lado a lado com o sucessor direto de Erich Honecker", escreve o jornal russo.