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Reação da mídia

5 de novembro de 2008

Vitória de Obama na eleição norte-americana é vista com otimismo pela mídia, que vê no resultado a concretização do 'american way of live'. Eleitores também teriam demonstrado sua insatisfação com o governo Bush.

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Foto: picture-alliance/dpa

Pela primeira vez na história dos Estados Unidos, um afro-americano vai ocupar a Casa Branca. Um triunfo, mas sem qualquer triunfalismo, escreve o articulista do Frankfurter Allgemeine Zeitung. Este é o american dream do século 21 – foi o próprio Obama que propagou o otimismo voltado para o futuro. Em nenhum outro lugar teria sido possível uma carreira como a de Barack Obama.

Esta eleição em um período crítico foi histórica, sob todos os aspectos. Obama foi o escolhido para liderar os Estados Unidos em direção à saída da crise e da triste realidade de duas guerras. Isso se chama coragem, reviravolta, ou seja, transformação.

Em todo o mundo, muitas pessoas associam Obama à esperança de uma nova era. Quando tomar posse, em 20 de janeiro de 2009, ele terá de saber como vai governar – oxalá que com uma política de centro – para superar a divisão que ainda persiste no país – afinal, quase a metade dos eleitores não o escolheu – e como pretende transformar sua mensagem em realidade.

Com relação à expectativa internacional, até certo ponto o êxito de Obama está nas mãos dos parceiros e aliados dos EUA.

Apesar da longa campanha eleitoral, Obama continua sendo um desconhecido para muitos americanos. Uma maioria votou nele por considerar menos graves os riscos que associam a ele do que a perspectiva de futuro que ele representa, comenta o FAZ online.

Construir pontes sobre os buracos deixados por Bush

A eleição de Barack Obama foi um ato de autolibertação, e até mesmo de autolimpeza da América, escreve o comentarista do site do Süddeutsche Zeitung. Sem dúvida, este filho de imigrante queniano e de uma jovem branca simboliza a América do século 21, na qual já um terço da população não tem antecedentes brancos. A América é um país tolerante, aberto ao mundo, talvez mais do que nunca.

Nos dois longos anos que durou a campanha eleitoral, Obama demonstrou persistência e talento. Isso justifica a esperança de que realmente tenha capacidade para guiar a nação com prudência e supremacia – diferentemente do atual presidente – e de que ele disponha da capacidade e da vontade de realmente construir pontes sobre as valas cavadas por seu antecessor. Valas que dividiram profundamente a sociedade norte-americana e o mundo.

Muito trabalho, caixas vazios

A explosão da bolha do mercado financeiro lembrou os norte-americanos do principal motivo da eleição: a segurança dos fundos imobiliários e de pensão, a manutenção dos postos de trabalho e o fim da guerra do Iraque, que abriu um rombo tão grande nas finanças públicas, escreve o Financial Times Deutschland.

Foi uma oportunidade de derrubar do poder os republicanos e seu presidente, George W. Bush, que ao final de quase oito anos de mandato praticamente levou o país à ruína. Obama assume os EUA numa situação difícil: há muito a ser feito na infra-estrutura, na educação e no sistema de saúde.

Em nível internacional, espera-se de Obama um intermediário nas crises da Rússia ao Irã, ao mesmo tempo em que ele herdou as guerras do Iraque e do Afeganistão, cujo fim não está à vista, escreve o site do Financial Times Deuschland.

Minorias tornaram-se maioria

A versão online do jornal Tagesspiegel lembra que foi justamente o rival John McCain que destacou a peculiaridade deste pleito: "Obama despertou as esperanças de muitas pessoas que já nem mais acreditavam que poderiam influenciar uma eleição no país".

Pela primeira na história dos EUA uma coalizão incomum colocou à prova sua influência nos Estados Unidos. São acima de tudo os jovens, os negros, os intelectuais e os latinos que possibilitaram a vitória a Obama. As minorias tornaram-se maioria na América, e isso com uma força que há alguns anos teria sido inimaginável. Obama tem agora a possibilidade de redefinir o american way of life.

Sonho torna-se realidade

O site do Tageszeitung lembra que Obama era considerado inexperiente e talvez imaturo para o cargo. Os últimos dois anos demonstraram, no entanto, que ele não tem apenas uma boa presença em público e dispõe de um bom assessor que lhe escreve os pronunciamentos. Ele demonstrou enorme senso de organização e conseguiu conquistar as eleitoras e os hispânicos.

No tocante à política internacional, nós europeus teremos de aguardar, pois a política de hegemonia foi uma constante da política externa norte-americana nas últimas décadas. Independentemente que partido estivesse no poder.

Obama deu declarações fundamentadas sobre a reforma dos mercados financeiros. No tocante à política ambiental, também pode-se esperar mais dele do que de Bush ou McCain.

Uma nova era na América

Os céticos teimaram até o final se a América estaria madura para um negro na Casa Branca, lembra o site NZZ Online. A América percorreu um longo caminho na superação das velhas barreiras raciais. Aliás, surpreendentemente as tensões raciais desempenharam um papel menor na campanha eleitoral.

Muitos brancos votaram em Obama com confiança, porque ele não destacou a cor de sua pele no programa político e evitou o tom acusatório dos políticos negros tradicionais.

A América precisa com urgência de uma renovação política e neste sentido a vitória de Obama é uma renovação bem-vinda. Mas, com sua eleição, os norte-americanos arriscam um salto no desconhecido. A pouca experiência do democrata foi evidenciada várias vezes durante a campanha.

É difícil predizer como será seu governo. Seu carisma o ajudará no cargo, mas não será suficiente para superar desafios concretos como a garantia da previdência para a velhice ou a estabilização do Iraque. (rw)