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Dead Lines

30 de outubro de 2011

A morte é um tema muito antigo na arte. A exposição 'Dead Lines', no Heydt-Kunsthalle, em Wuppertal, apresenta novas formas de tratar o assunto, em uma mostra que combina mídia e cultura popular.

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Foto: Von der Heydt-Kunsthalle,/Courtesy Galerie Luis Campaña, Berlin

Os debates em torno da morte e do fim da existência humana sempre estiveram entre os temas mais discutidos pela arte. Com frequência aponta-se, neste contexto, a repressão ao medo de morrer. Nos últimos 20 anos, as formas de conduta em relação à morte e à violência mudaram radicalmente.

A mostra Dead Lines no museu Heydt-Kunsthalle, em Wuppertal, não rastreia o assunto, contudo, de forma cronológica, a partir dos motivos históricos que levaram à abordagem da morte como tema, nem tampouco trata da morte sob a perspectiva etnológica. A exposição, ao contrário, discute o assunto a partir de novas formas de comunicação, que há muito vêm se desenvolvendo de forma discreta. Para isso, são expostas obras de 40 artistas contemporâneos, que lidam com esse complexo tema.

Multimídia: imagens atuais da morte

Todos os dias, os meios de comunicação de massa noticiam revoluções, guerras, protestos e conflitos sangrentos em todo o mundo. Há muito que o espectador já se acostumou com imagens de cabeças degoladas, cadáveres e moribundos. No entanto, o pensamento sobre a própria morte, bem como o medo desencadeado pela questão sobre "o que vem depois" são temas aos quais jovens artistas vêm se dedicando cada mais através das novas mídias.

Os espaços sóbrios e claros do museu Heydt-Kunsthalle jogam um pouco de luz sobre o assunto. Embora sem exibir uma imagem sequer de cadáveres ou corpos dilacerados pela violência, a mostra provoca arrepios no observador.

Já na entrada, uma Lady Di aparentemente morta sorri para o visitante com olhos estranhamente inertes. Em seu braço, a estrela da logomarca da montadora Mercedes Benz provoca uma ferida sangrenta – obra do holandês Erwin Olaf do ano de 2000. E em frente, um contraste, mas que também não falha em seu efeito de atingir o observador: uma imagem em pequeno formato mostra dois cães carregando caixões – personagens de quadrinhos do japonês Yoshitomo Nara, usadas como exemplos irônicos sobre a forma como os meios de comunicação de massa tratam o tema morte.

Deutschland Ausstellung Todesbilder
Foto: Courtesy Flatland Gallery, Utrecht

No cinema, fotografia, vídeo e internet houve um debate amplo a respeito da morte – uma discussão na mídia que se dá praticamente sem limites. A mostra na Kunsthalle de Wuppertal, com curadoria de Oliver Zybok e Birgit Richard, reúne pintura, escultura, vídeo, fotografia e instalações. Birgit Richard explica que a intenção não é compactuar com qualquer espécie de voyeurismo, nem exibir corpos martirizados, mas apresentar estratégias midiáticas de lidar com o tema que sejam até agora pouco conhecidas e com as quais trabalham artistas de diversas áreas.

Caveiras na moda

O primeiro espaço da exposição é dedicado à morte como algo profano, enquanto na sala seguinte o espectador se vê, de súbito, frente a uma figura negra, de estatura semelhante a do ser humano, empunhando uma arma: claramente um soldado, com apenas metade da cabeça.

*** Achtung: Nur zur Berichterstattung über die Ausstellung 'DEAD_Lines. Todesbilder in Kunst - Medien - Alltag' verwenden ***

Em frente a ele, estão pequenas vitrines com bijuterias e tecidos, adornados com caveiras – objetos de uso cotidiano, cultuados por alguns jovens. "Eles gostam de colocar o dedo na ferida", analisa Oliver Zybok. Segundo ele, a cultura jovem e as artes plásticas são os únicos setores da sociedade que questionam, de fato e de maneira consequente, a questão da morte. "E isso mostra simplesmente que a caveira como peça de moda já perdeu há muito tempo seu efeito de assustar, sendo hoje um elemento qualquer, com o qual você pode se enfeitar", diz o curador.

Depois disso o visitante se depara com uma instalação que o impede, não apenas psiquicamente, de ir adiante: sob uma luz claríssima, correntes prateadas reluzentes estão dependuradas, presas ao teto. Somente de perto é possível observar que tais correntes estão atadas a centenas de crachás de identificação de soldados mortos. Aqui vem à tona, por meio do horror e da violência, uma discussão sobre o papel representado pelas novas mídias e pela internet na conduta em relação à morte.

Games envolvendo a morte na internet

A internet oferece diversas possibilidades de criar a si mesmo, diz Zybok. É possível encenar a própria morte ou imaginar como seria passar por este ou aquele tipo de morte. Há também a possibilidade de criar um site de luto da própria morte, sobre o qual as próximas gerações não terão mais influência.

*** Achtung: Nur zur Berichterstattung über die Ausstellung 'DEAD_Lines. Todesbilder in Kunst - Medien - Alltag' verwenden ***

Em vida, o "usuário" pode criar o site de comunicação de sua própria morte, divulgando-o, por assim dizer, depois de morrer. "Para isso há diversas possibilidades na internet. Acredito que não tenhamos consciência de muitas delas", observa Oliver Zybok. A mostra em Wuppertal exibe uma mistura das diversas facetas que compõem a imagem da morte na sociedade contemporânea – novas estratégias de comunicação por meio da internet, do vídeo, da fotografia e até da cultura popular.

Autora: Gudrun Stegen (sv)
Revisão: Mariana Santos