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Desvantagens gritantes

8 de março de 2009

Triste balanço para o Dia Internacional da Mulher: na França, país onde mais mulheres trabalham, a maioria se concentra em apenas seis profissões e recebe até 20% a menos que os homens.

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794 mil mulheres são faxineiras na França.Foto: AP

A igualdade entre os sexos constitui um dos princípios fundamentais defendidos pela União Europeia. Porém, apesar da aparência de igualdade em relação aos homens, as estatísticas ainda revelam que o sexo feminino leva desvantagens no mercado de trabalho.

Mesmo na França, um dos países onde há mais mulheres empregadas, elas são discriminadas e ganham até 20% menos do que os homens.

Boas para ganhar menos

Na França, 80% das mulheres entre 25 e 49 anos trabalham. Contudo, embora haja 86 categorias profissionais registradas, 61% das mulheres se concentram em apenas seis delas, "tipicamente femininas".

Em primeiro lugar vêm os serviços de limpeza: há um total de 794 mil faxineiras no país. Seguem-se as atividades de babá – área onde 0,6% são homens –, secretária, administradora e vendedora (75% dos que exercem esta profissão pertencem ao sexo feminino).

Segundo Marie-Fance Boutroue, encarregada de assuntos femininos da organização sindical Conféderation Générale du Travail (CGT), "mesmo hoje, as mulheres ganham na França até 20% menos do que os homens", sem que haja explicação para 5% dessa diferença. As mulheres têm clara preferência nas profissões de remuneração mais baixa, além de ocupar 80% das vagas de meio expediente disponíveis no país.

"Tipicamente femininas" são ainda a enfermagem e o trabalho de parteira. Nos hospitais de Paris, nove em cada dez enfermeiros são mulheres: uma atividade com horários de trabalho puxados e 30 pacientes para cada profissional.

"Capachos dos médicos"

Laurence Durand tem 50 anos de idade, 31 de carreira, um salário mensal líquido de 1.900 euros por mês e nenhuma ambição de ascensão profissional, numa área onde a maioria aguenta, no máximo, dez anos e nem mesmo os homens são mais bem remunerados.

Ainda assim ela participa das passeatas da classe, vai às ruas por mais salário, para que mais pessoal seja contratado, por mais reconhecimento. "Sempre digo: não passamos de capachos para os médicos, para nossos superiores."

Ela está convencida que sua profissão seria mais respeitada se mais homens a adotassem. "Muitas vezes trabalhei em equipes exclusivamente femininas. E quando havia um homem no grupo, os médicos o tratavam muito melhor do que a nós", desabafa.

Seu consolo é não ter que temer a crise econômica. Ao contrário de esteticistas – como a filha de 27 anos – ou bancárias – como uma amiga –, as enfermeiras estão sempre em alta demanda.

Autor: Suzanne Krause / Christiane Ruvenal
Revisão: Augusto Valente