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Religião

Muçulmanos vão às ruas em Colônia contra o terrorismo

18 de junho de 2017

Centenas protestam em cidade alemã contra violência perpetrada em nome do islã. Participação, porém, é bem menor que a esperada, após polêmica envolvendo maior associação de mesquitas do país, que se negou a participar.

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"Amor a todos, ódio a ninguém", diz cartaz nas mãos de manifestantes neste sábado
"Amor a todos, ódio a ninguém", diz cartaz nas mãos de manifestantes neste sábadoFoto: Reuters/T. Schmuelgen

Manifestantes se reuniram neste sábado (17/06) na cidade de Colônia, no oeste da Alemanha, em protesto contra o terrorismo e a violência perpetrados em nome do islã. Centenas de pessoas foram às ruas, mas participação foi bem mais baixa do que esperavam os organizadores.

Os participantes da manifestação, nomeada "Conosco não – muçulmanos e amigos contra a violência e o terror", levantaram cartazes e faixas com frases como "juntos contra o terrorismo" e "terrorismo não tem religião". Atos semelhantes são esperados em Berlim e várias outras cidades do país.

Organizada pela escritora e especialista em islã Lamya Kaddor e pelo ativista muçulmano Tarek Mohamad, a marcha foi precedida por um debate acalorado, depois que a Ditib, a maior associação de mesquitas da Alemanha, se recusou a participar da manifestação.

O protesto, segundo justificou a associação, passa uma mensagem errada, pois sugere que o islã é o principal responsável pelo terrorismo ao redor do mundo. A Ditib também sustentou que os fiéis não poderiam marchar por horas no calor em meio ao Ramadã, mês de jejum para os muçulmanos.

Os organizadores rebateram as justificativas apresentadas pelo grupo, afirmando que não se envolver em um protesto como esse é o que passa uma mensagem errada. "Nós trabalhamos durante o Ramadã, praticamos esporte durante o Ramadã, então podemos também ir às ruas", disse Kaddor.

Manifestantes estiveram reunidos na praça Heumarkt, em Colônia
Manifestantes estiveram reunidos na praça Heumarkt, uma das maiores de ColôniaFoto: DW/T. Yildirim

Berlim também criticou a associação por se negar a participar do ato. Na sexta-feira, o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, afirmou ser importante esclarecer que "não há espaço nas mesquitas para ódio e violência". "É simplesmente triste que a Ditib não queira participar."

Em entrevista ao jornal local Rheinischen Post publicada neste sábado, o ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière, declarou que "participar teria sido melhor do que ficar de fora". 

Enquanto isso, várias outras organizações islâmicas, como o Conselho Central dos Muçulmanos da Alemanha, além de grupos cristãos e partidos alemães, se uniram à manifestação em Colônia neste sábado.

Para Kaddor, a atitude da Ditib pode ter ajudado a diminuir a participação na marcha, estimada em não mais que 1.500 pessoas. Não há informações oficiais da polícia sobre o número de participantes. A organização, por sua parte, esperava 10 mil manifestantes neste sábado.

Cerca de 5% da população alemã é muçulmana, sendo muitos provenientes da comunidade turca. Ao longo dos dois últimos anos, a chegada de mais de um milhão de pessoas em busca de refúgio no país, muitas delas muçulmanas, elevou o sentimento anti-islã em partes da sociedade alemã.

Os fiéis também têm sofrido pressão na sequência dos recentes ataques terroristas cometidos por extremistas que afirmam agir em nome do islã, como em Londres, Manchester e Berlim.

O muçulmano Ahmed Maher, de 25 anos, que viajou de Hannover para participar da manifestação deste sábado, afirmou que o terrorismo nada tem a ver com sua religião.

"Geralmente se generaliza, tudo é colocado no mesmo pote. Por isso é bom que os muçulmanos deixem claro que nós obviamente defendemos a paz – mesmo que seja um tanto triste ter que estar constantemente se justificando", disse o jovem à agência de notícias alemã DPA.

Beyza Gürlevik, que também esteve nas ruas de Colônia, afirmou que os muçulmanos são duplamente afetados por ataques terroristas. "Primeiro pelos atentados em si, e depois porque a culpa é colocada sobre nós", disse ela, que mora na cidade de Herne. "É importante mostrar que nós somos contra o terrorismo islâmico."

EK/afp/ap/dpa/ots