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Mostra em Munique celebra arte urbana de Banksy

Gaby Reucher (ca)15 de abril de 2016

Grafites do artista britânico são famosos no mundo todo, mas ninguém conhece seu rosto. Na capital bávara, colecionador expõe 40 obras de seu acervo privado.

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Banksy pintou Kate Moss baseado em imagens que Andy Wahrol fez de Marylin Monroe
Banksy pintou Kate Moss baseado em imagens que Andy Wahrol fez de Marylin MonroeFoto: Banksy/Kate Moss

Dirk Kronsbein é o orgulhoso proprietário de 45 obras – incluindo três cópias únicas – do artista britânico Banksy, um dos maiores nomes da arte de rua em todo o mundo. E isso apesar de o galerista ter iniciado a sua coleção há apenas um ano. Ele foi tomado pelo instinto de caça, disse o empresário e mecenas de 76 anos.

Em sua galeria em Munique, Kronsbein dedica uma primeira exposição individual ao renomado artista de rua. A galeria foi fundada em 2009, quando o mecenas já estava aposentado. "Finalmente tive tempo de me ocupar com as belas-artes." Em sua loja, que está sob a direção de sua filha Sarah, ele se especializou em arte pop e arte urbana.

O galerista diz ter se deparado com o artista por acaso. "Estava em Los Angeles e queria visitar uma galeria conhecida, mas um outro espaço havia se instalado lá. Eles me disseram que havia um artista chamado 'Mr. Brainwash', cujo ateliê nós deveríamos visitar." Mr. Brainwash se revelou um auxiliar de Banksy e, embora não tenha levado Kronsbein até o artista, colocou o galerista em contato com suas obras.

Galerista Dirk Kronsbein e sua filha Sarah organizam exposição em Munique
Galerista Dirk Kronsbein e sua filha Sarah organizam exposição em MuniqueFoto: Sabine Brauer Photos

Grafite contra a injustiça social

Assim como muitos outros, Kronsbein ficou fascinado com os chamados stencils, mas não pelo aspecto artístico. "O que me fascina é a mensagem política e como ele a transforma em imagens", comenta o marchant.

Uma das pinturas com estêncil de Banksy mostra Steve Jobs numa parede próxima do campo de refugiados em Calais. Kronsbein afirma reconhecer uma mensagem clara: "Isto diz: olha só, Steve Jobs também tem um histórico de refugiado devido ao seu pai biológico sírio, e ele conseguiu chegar lá."

Violência, injustiça social, comércio de armas, esses são apenas alguns dos temas que Banksy aborda regularmente – na tradição da chamada "guerrilha de comunicação". Muitas vezes, ele modifica motivos conhecidos para proporcionar uma perspectiva diferente sobre questões sociais. Mundialmente famosos em fachadas de prédios são, por exemplo, suas imagens de ratos, o "rato gângster" ou "rato paparazzi". Em sua exposição, Kronsbein também mostra um desses trabalhos – em papel.

"Rato paparazzi" é uma das marcas registradas de Banksy
"Rato paparazzi" é uma das marcas registradas de BanksyFoto: Banksy/Paparazzi Rat

À caça de Banksys

O colecionador e "caçador" Kronsbein está constantemente em busca de novos trabalhos do grafiteiro. Mas ele não é o único, pois principalmente celebridades gostam de adornar as paredes de seus lares com um original do artista britânico.

"Banksy se tornou um símbolo de status", constata Kronsbein. De qualquer forma, um original custa meio milhão de libras esterlinas (por volta de 2,6 milhões de reais). Mas não há nenhum novo trabalho de Banksy à venda.

Ainda que ninguém conheça o artista, é possível lhe fazer encomendas ou perguntas por e-mail. Acredita-se que ele nasceu na britânica Bristol, em 1976. Desde 1999 ele exibe seus trabalhos em exposições próprias e os vende por meio de uma galeria administrada por amigos. Banksy rejeita o mundo da arte e das galerias.

Robin Hood

O famoso grafiteiro realiza encomendas não somente para organizações sociais e de caridade, mas também para abastados aficionados, como, por exemplo, a modelo Kate Moss, que ele retratou com base nas imagens de Marylin Monroe feitas por Andy Wahrol.

Muitas vezes ele é chamado de Robin Hood, alguém que tira dos ricos para dar aos pobres. Banksy apoia organizações de ajuda humanitária e continua a ser um artista de rua com uma mensagem social crítica.

Em 2013, ele provocou sensação ao pôr à venda obras suas numa banca de rua, em Nova York, a "preço de banana". Apenas três pessoas compraram quadros, que custavam módicos 60 dólares cada.

Banksy pintou Kate Moss baseado em imagens que Andy Wahrol fez de Marylin Monroe
"Dismaland" é uma referência distópica aos parques temáticos espalhados pelo mundoFoto: Reuters

Com "Dismaland", ele criou no triste e abandonado resort inglês Weston-super-Mare uma versão barata e assustadora de um parque temático. Uma sátira à indústria do turismo e do entretenimento, que trouxe à cidade, de qualquer forma, 27 milhões de euros (mais de 100 milhões de reais) para obras de renovação urbana.

Identidade desconhecida

É surpreendente que a verdadeira identidade de Banksy não seja conhecida. Muitos tentaram desmascará-lo, mas após uma revelação segue-se sempre um desmentido. Kronsbein afirma que gostaria muito de conhecê-lo pessoalmente, mas amigos do artista, como "Mr. Brainwash", mantêm-se irredutíveis.

Kronsbein diz estar seguro que se trata de um homem. Amigos de Banksy disseram ao galerista que ele teria uma esposa socialmente muito engajada.

Kronsbein acredita que Banksy nunca vai revelar sua identidade. "Ele não continua no anonimato por prazer. O que ele faz também é uma infração. Ele faz grafites nas paredes dos prédios, como, por exemplo, em Belém para chamar a atenção para a situação dos palestinos em Israel. Ele já cometeu muitos delitos", diz o mecenas.

A exposição Banksy – King of Urban Art@Munich pode ser vista na Galeria Kronsbein em Munique de 15 de abril a 10 de setembro de 2016.