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CriminalidadeReino Unido

Morte de deputado britânico foi ato terrorista, diz polícia

16 de outubro de 2021

Autoridades do Reino Unido falam em possível motivação ligada ao extremismo islâmico. Primeiro-ministro Boris Johnson, líder da oposição e outros políticos se unem para prestar homenagem a David Amess, morto a facadas.

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O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, carrega flores em Leigh-on-Sea, em homenagem a David Amess, parlamentar assassinado
Premiê Johnson esteve no local do crime ao lado do líder da oposição trabalhista, Keir Starmer, e outros políticosFoto: Alberto Pezzali/AP/picture alliance

O assassinato do parlamentar britânico David Amess, de 69 anos, está sendo investigado como um ato terrorista, informou a Polícia Metropolitana de Londres neste sábado (16/10).

O político do Partido Conservador morreu na sexta-feira após ser esfaqueado durante uma reunião com eleitores em uma igreja na cidade de Leigh-on-Sea, no leste da Inglaterra. As autoridades prenderam um homem britânico de 25 anos, suspeito de ser o autor do ataque.

A Polícia Metropolitana afirmou que investigações iniciais "revelaram uma possível motivação ligada ao extremismo islâmico", mas não deu detalhes sobre o que baseou essa avaliação.

Vários veículos da imprensa do Reino Unido relataram, citando fontes, que o suspeito seria um cidadão britânico com ascendência somali, embora a polícia frise apenas que a investigação ainda está nos "estágios iniciais".

A corporação disse acreditar que o autor do ataque agiu sozinho e, como parte da investigação, realizou buscas em dois endereços na área de Londres.

​​Amess era membro do Parlamento britânico desde 1983, primeiro por Basildon e depois por Southend West, que inclui Leigh-on-Sea. Era um integrante muito querido da Casa e ficou mais conhecido por sua incessante campanha para que Southend fosse declarada uma cidade. Ele deixa a esposa, Julia Arnold, e os cinco filhos do casal, sendo quatro mulheres e um homem.

David Amess
O conservador David Amess ​​era membro do Parlamento britânico desde 1983Foto: Geoff Caddick/PA/AP/picture alliance

Políticos prestam homenagem

O assassinato chocou a comunidade política britânica, e líderes de todo o espectro político, bem como policiais e cidadãos, se reuniram neste sábado para prestar homenagem ao parlamentar.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, também do Partido Conservador, visitou o local do crime, a Igreja Metodista de Belfairs, localizada em uma área residencial de Leigh-on-Sea, no condado de Essex, cerca de 60 quilômetros a leste de Londres.

"À memória de Sir David Amess, um excelente parlamentar e um colega e amigo muito querido", escreveu Johnson em uma nota escrita à mão, colocada junto a coroas de flores dispostas do lado de fora da igreja.

O premiê prestou a homenagem ao lado do líder da oposição e do Partido Trabalhista, Keir Starmer, em uma rara demonstração de unidade. Também estiveram com eles o presidente da Câmara dos Comuns, Lindsay Hoyle, e a secretária do Interior, Priti Patel.

"Ele foi morto fazendo um trabalho que amava, servindo seus eleitores como um membro democrático eleito. E, é claro, atos como esse são absolutamente errados, e não podemos deixar que isso atrapalhe nossa democracia em funcionamento", disse Patel.

Pressão por maior segurança

O assassinato, apenas cinco anos após a morte da parlamentar Jo Cox, também durante um encontro de rotina com eleitores, elevou a pressão por um esquema de segurança mais rígido para os parlamentares.

A secretária do Interior afirmou que convocou reuniões com o presidente da Câmara dos Comuns, departamentos de polícia e serviços de segurança do Reino Unido "para garantir que todas as medidas estejam sendo implementadas para a segurança dos parlamentares, para que eles possam continuar seus deveres como membros democráticos eleitos".

Na sexta-feira, Patel já havia ordenado que policiais em todo o país revisassem suas medidas de segurança para todos os 650 membros do Parlamento britânico.

Ao mesmo tempo, a secretária insistiu que o ataque contra Amess não impediria os legisladores de realizarem reuniões presenciais com os residentes da área que representam.

"Continuaremos. Vivemos em uma sociedade aberta, uma democracia. Não podemos ser intimidados por nenhum indivíduo", disse ela à emissora Sky News, após dispor uma coroa de flores no local do crime.

Hoyle, presidente da Câmara dos Comuns, não prometeu "reações precipatadas", mas disse à Sky News que "medidas adicionais serão tomadas se for necessário".

Parlamentares britânicos são protegidos por policiais armados quando estão no Parlamento. A segurança no local foi reforçada depois que um invasor inspirado no grupo terrorista "Estado Islâmico" (EI) matou um policial a facadas nos portões do prédio em Londres em 2017.

Os políticos, contudo, não costumam contar com tal proteção quando estão em seus distritos eleitorais, reunindo-se com residentes. Amess havia publicado em seu site os horários e locais de suas reuniões em Leigh-on-Sea, que são abertas ao público.

Segundo assassinato em cinco anos

Atos de violência contra políticos britânicos são raros, mas as preocupações têm aumentado nos últimos anos em meio à crescente polarização política no país.

A morte de Amess ocorre cinco anos após o assassinato de Jo Cox, legisladora do opositor Partido Trabalhista. Ela foi morta a facadas e tiros em junho de 2016, em seu distrito eleitoral no norte da Inglaterra. Um extremista de direita foi condenado pelo assassinato.

O viúvo dela, Brendan Cox, se manifestou na sexta-feira sobre a morte de Amess. "Atacar nossos representantes eleitos é um ataque à democracia em si. Não há desculpas nem justificativas. É tão covarde quanto parece", escreveu ele no Twitter.

ek (AFP, Reuteres, AP)