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HistóriaEuropa

Morre último soldado envolvido na libertação de Auschwitz

7 de junho de 2021

Morto aos 98 anos, o ex-soldado do Exército Vermelho David Dushman tinha apenas 21 quando derrubou cerca do maior campo de extermínio nazista. Depois da Segunda Guerra, foi treinador de seleção soviética de esgrima.

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David Dushman em evento em memória dos 70 anos do fim da Segunda Guerra, em 2015
David Dushman em evento em memória dos 70 anos do fim da Segunda Guerra, em 2015Foto: Markus Heine/NurPhoto/picture alliance

David Dushman, o último soldado ainda vivo que participou da libertação do campo de concentração nazista de Auschwitz-Birkenau, morreu no último sábado (05/06), na cidade alemã de Munique, aos 98 anos.

Nascido em Gdansk e de origens judaicas, Dushman atuou como soldado do soviético Exército Vermelho. Em janeiro de 1945, aos 21 anos, derrubou com um tanque de guerra a cerca elétrica que cercava Auschwitz para libertar os prisioneiros do campo de extermínio.

Em entrevista ao jornal alemão Süddeutsche Zeitung, Dushman relatou em 2015 ter visto esqueletos por toda parte ao chegar a Auschwitz. Ele contou que ele e seus colegas não sabiam quase nada sobre o campo e apenas após a guerra tomaram conhecimento da dimensão das atrocidades cometidas no local.

"Demos comida aos prisioneiros e seguimos adiante. Eles estavam lá, todos de uniformes, apenas olhos muito estreitos – foi terrível, muito terrível", disse à agência Reuters no ano passado.

Auschwitz-Birkenau foi o maior campo de extermínio estabelecido pelo regime nazista. Mais de um milhão de pessoas foram assassinadas no local, a maioria delas em câmaras de gás.

Dushman era um dos 69 soldados de sua unidade que sobreviveram à guerra. Ele recebeu várias medalhas, condecorações e homenagens.

O antigo soldado e sua família também foram alvo de exclusão, marginalização e difamação na antiga União Soviética por causa de suas origens judaicas. Depois da Segunda Guerra Mundial, ele acabou treinando a equipe nacional feminina de esgrima soviética entre 1952 e 1988.

Como treinador, ele testemunhou o chamado Massacre de Munique, um atentado terrorista ocorrido durante os Jogos Olímpicos de 1972, quando integrantes da equipe olímpica de Israel foram feitos reféns por um grupo terrorista palestino.

Dushman viveu vários anos na Áustria e passou os últimos 25 em Munique, onde participava frequentemente de ações didáticas sobre a Segunda Guerra em escolas.

A presidente da Comunidade Judaica de Munique, Charlotte Knobloch, disse ter tomado conhecimento da morte de Dushman com "grande tristeza". Ele esteve na linha de frente "quando a máquina assassina dos nacional-socialistas foi esmagada em 1945" e foi um "herói de Auschwitz", tendo salvado "inúmeras vidas", acrescentou Knobloch. "Com ele, perdemos um homem corajoso, honesto e sincero e um membro honorário de nossa comunidade religiosa."

lf/ek (AFP, Lusa, ARD)