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Só para 2013

21 de maio de 2011

Escolhido entre mais de 300 propostas, o monumento Cidadãos em Movimento é alvo de controvérsia na capital alemã. Críticos também discutem se Berlim precisa de mais um monumento que lembre a unidade alemã.

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O monumento lembra a revolução pacífica de 1989Foto: Milla & Partner / Sasha Waltz

A obra será construída na avenida Unter den Linden, no local onde ficava o antigo monumento ao imperador Guilherme 1º, e deverá ficar pronta só em 2013. Mas o projeto Cidadãos em Movimento, concebido pelo ateliê Milla e parceiros, de Stuttgart, já foi alvo de críticas, rejeição – e entusiasmo.

O monumento à unidade alemã será erguido em memória da revolução pacífica de 1989. Até que os responsáveis chegassem a uma decisão, um longo e difícil caminho foi percorrido – por muitas vezes, o projeto esteve à beira do fracasso.

Duas comissões analisaram, ao longo de anos, mais de 500 ideias sugeridas por todos os segmentos da população na primeira etapa do processo, mas nenhuma delas agradou os jurados. Então a proposta foi reescrita: desta vez, apenas artistas poderiam participar – mais de 300 trabalhos foram inscritos.

Ao fim, o projeto Cidadãos em Movimento foi o escolhido. O monumento consiste numa grande concha côncava, em cima da qual os visitantes pode transitar e que, como uma balança, pende para o lado que tiver a maior concentração de pessoas. A obra é tecnicamente complexa, também sob o aspecto da segurança: a construção terá 55 metros de largura e 20 metros de profundidade. O slogan "Nós somos o povo. Nós somos um povo", usado pelos manifestantes da época, será gravado sobre o monumento.

O ponto crítico

Os críticos reagiram com desdém e escárnio. O arquiteto alemão Meinhard von Gerkan, um dos mais reconhecidos da atualidade, chamou o projeto de "contraproducente" e o atacou duramente, afirmando que ele ficaria melhor numa quermesse.

"A simbologia contida nesse projeto é tão óbvia quanto equivocada. Por um lado, pode-se dizer que a balança pende para o lado onde está reunida a maioria da população. Mas, por outro lado, ele é também uma expressão de como se pode lidar de forma arbitrária com a questão das maiorias, de que decisões podem ser tomadas apenas com base na diversão e não com base na questão em si."

Grafik Einheitsdenkmal Deutschland Einheit 1989
Gráfico mostra o memorial Cidadãos em Movimento visto do altoFoto: Milla & Partner / Sasha Waltz

Debate complexo

A Alemanha discute também se o país precisa, de fato, do monumento – e se já não há obras suficientes que expressam a ideia de unidade. Em Berlim, o secretário estadual da Cultura e Comunicação, Bernd Neumann, é um defensor do projeto vencedor e está consciente da complexidade do debate. Ele vê no projeto Cidadãos em Movimento a expressão de "um momento da felicidade": a bem-sucedida reunificação alemã.

"Basicamente há duas correntes de pensamento. Uma diz: nós não precisamos de um monumento. O Portão de Brandenburgo já não é suficiente? Sim, se esse é o ponto de vista, eu preciso aceitar, mas o Bundestag [câmara baixa do Parlamento alemão] tem outra, e eu, como secretário responsável, tenho que implementar a decisão do Bundestag", comenta Neumann.

Sobre a segunda corrente de opinião, o secretário acrescenta: "O segundo ponto de vista diz: esse monumento não é meio folclórico? Não tem um caráter de quermesse? Sim, e eu preciso dizer a essas pessoas: graças a Deus não temos aqui um desses monumentos clássicos que, no melhor caso, é visto com distanciamento e decoro pelas pessoas, mas um monumento que convida a conhecê-lo."

Nova atração

Neumann ressalta o quão difícil é, numa democracia, decidir sobre um monumento histórico que também carrega um caráter político. As discussões em torno do Memorial do Holocausto e da cúpula do Parlamento também foram duradouras e controversas. Atualmente, a coletividade pensa que as decisões de então foram as mais acertadas.

Para o secretário, a cidade de Berlim sairá como vencedora: os 10 milhões de euros foram bem gastos. Neumann tem certeza de que a obra Cidadãos em Movimento atrairá muitas pessoas. "O monumento será mais uma atração para a cidade. O que mais pode se querer?"

Se o "balanço da unidade" será, de fato, aceito não somente por grupos de colegiais em excursão, mas também pela população local, os próximos anos dirão.

Autor: Werner Bloch (np)
Revisão: Alexandre Schossler