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Ministros do G20 falham em acordo climático mais ambicioso

24 de julho de 2021

Em reunião na Itália, as 20 maiores economias do mundo não chegaram a um consenso sobre manter o aquecimento global abaixo de 1,5 °C em relação aos níveis pré-industriais.

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Foto mostra uma chaminé industrial bem alta, emitindo muita fumaça. É possível ver, também, outras chaminés em uma cidade.
Econominas do G20 são responsáveis por 80% das emissões de gases de efeito estufa em todo o mundoFoto: picture-alliance/AP/Imaginechina

Os ministros do G20 responsáveis pelo clima, energia e meio ambiente não chegaram a um consenso sobre manter o aquecimento global abaixo de 1,5 °C em comparação com os índices pré-industriais.

Em reunião que terminou nesta sexta-feira (23/07) na Itália, as 20 maiores economias do mundo concordaram em acelerar a transição ecológica, mas divergiram em pontos como descarbonização e eliminação dos subsídios aos combustíveis fósseis.

Em declaração conjunta, os países se comprometeram, apenas, em atingir a meta menos ambiciosa do Acordo Climático de Paris, que é de manter o aumento da temperatura na Terra abaixo de 2 °C.

De acordo com o ministro italiano da transição Ecológica, Roberto Cingolani, a reunião foi complicada e marcada por tensão. O ministro anfitrião explicou que se chegou a um acordo sobre 58 dos 60 previstos. No entanto, dois artigos ficarão para serem decididos pelos líderes do G20, economias que juntas representam 80% das emissões de gases de efeito estufa do planeta.

Divergências nas metas

Países como China, Rússia, Índia e Arábia Saudita não aceitarem comprometer-se com a contenção do aumento da temperatura média global em 1,5°C. A data de 2030 como prazo para cumprir a transição para fontes renováveis ​​de energia foi outro ponto polêmico.

"Houve uma grande negociação com a China, a Rússia e a Índia. Tivemos de suspender a reuniões várias vezes e falar com cada uma das delegações", destacou Cingolani. Ele também sublinhou a intermediação crucial do enviado especial dos EUA para as alterações climáticas, John Kerry. 

Foto mostra Kerry à esqeurda, com uma das mãos no ouvido, como se quisesse escutar algo Ao lado, Cingolani. Eles estão atrás de um púpito onde se lê "G20, Itália, 2021". Eles estão em uma escadaria.  Ao fundo, acima, estão as bandeiras dos países.
Cingolani (D) destacou ajuda de Kerry nas negociaçõesFoto: Fabio Sasso/Avalon/Photoshot/picture alliance

Todos os ministros concordaram que deve haver esforços para conter o aquecimento global. "Ninguém questionou o Acordo de Paris", apontou Cingolani.

No entanto, de acordo com o ministro, “alguns países não acreditam que consigam" comprometer-se com a redução das emissões para conter o aumento em 1,5 °C, por terem modelos econômicos "fortemente baseados no carvão".

“Todos estão empenhados na descarbonização do planeta”, explicou. “Mas a questão é o cronograma. Alguns países correm o risco econômico de não conseguir cumprir”, acrescentou Cingolani.

O acordo é visto como essencial para abrir caminho para a COP26, próxima conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas, que será realizada em novembro na cidade escocesa de Glasgow, após ser cancelada no ano passado devido à covid-19.

O enviado especial dos EUA, John Kerry, pediu no início desta semana que a China se associe aos Estados Unidos para reduzir urgentemente as emissões de gases de efeito estufa. Duas semanas atrás, uma reunião de ministros das finanças do G20 citou a imposição de um preço sobre as emissões como uma possível ferramenta para combater o aquecimento global.

Desastres ambientais e aquecimento global

O aquecimento global já teve um aumento de 1,2 °C em relação aos níveis pré-industriais, com consequências climáticas fatais, como ondas de calor, secas e inundações.

Cingolani disse na coletiva de imprensa que a preocupação com as inundações mortais que atingiram a Alemanha, a Bélgica e a Holanda na semana passada estiveram no centro das discussões durante os dois dias de negociações em Nápoles.

"Todos começaram oferecendo condolências", disse Cingolani. Segundo o ministro, esses desastres naturais estão "mudando as consciências".

le (lusa, AP, dpa, AFP, Reuters)