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Crise do euro

16 de setembro de 2011

Reunião ministerial resolveu adiar a decisão sobre a nova parcela de ajuda financeira à Grécia. Crítica do secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, irritou os ministros europeus reunidos na Polônia.

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Americanos criticam gestão da crise do euro
Grécia pode falir se não receber ajudaFoto: picture-alliance/dpa

A Grécia pode, de fato, ter esperanças de continuar recebendo a ajuda emergencial dos parceiros da moeda comum, mas ainda precisa ter paciência.

Reunidos informalmente nesta sexta-feira (16/09), em Wroclaw na Polônia, os ministros das Finanças da zona do euro adiaram para outubro uma decisão sobre a parcela de 8 bilhões de euros do plano de resgate da Grécia.

Os ministros das Finanças da zona do euro e União Europeia (UE) iniciaram nesta sexta-feira uma reunião de dois dias em Wroclaw em meio a receios dos mercados de um default da Grécia – receios que os titulares europeus das Finanças pouco fizeram para dissipar.

"Vamos decidir sobre o pagamento da próxima parcela do programa de ajuste financeiro grego em outubro", anunciou o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, em coletiva de imprensa no fim da reunião dos 17 parceiros do euro, que contou com a presença do secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner.

Juncker afirmou  que "o Eurogrupo reconhece os esforços significativos feitos pelas autoridades gregas desde o ano passado", mas alertou que "a implementação do programa de ajuste financeiro na íntegra continua a ser crucial."

Dúvidas europeias

Geithner participou pela primeira vez da reunião
Geithner participou pela primeira vez da reuniãoFoto: picture alliance/dpa

Segundo informações do próprio governo grego, caso não receba dinheiro até meados do próximo mês, o país está ameaçado de falência. Os credores recusam mais financiamentos enquanto não se convencerem de que a Grécia está fazendo as reformas estruturais necessárias.

No entanto, o primeiro-ministro grego, George Papandreou, ainda terá de convencer seus parceiros europeus de seu apreço pela parcimônia. A decisão sobre uma nova ajuda à Grécia "dependeria somente da vontade política e da eficácia do governo grego", declarou o comissário europeu de Assuntos Econômicos, Olli Rehn.

Alegando descontentamento com os avanços gregos, a missão formada por Comissão Europeia, Banco Central Europeu (BCE) e Fundo Monetário Internacional (FMI) interrompeu em Atenas, há duas semanas, a avaliação que estava fazendo sobre a Grécia.

Rehn anunciou que, em breve, o chefe da missão será reenviado ao país. A avaliação deverá ficar pronta na primeira quinzena de outubro e, caso seja dada luz verde, a transferência da parcela de empréstimos poderá ser efetuada em meados do mês, informou o comissário europeu.

Em Wroclaw, o ministro grego das Finanças, Evangelos Venizelos, assegurou aos seus colegas europeus que o governo em Atenas estaria "dentro do cronograma" do plano de implementação das reformas econômicas acordadas.

Convidado inédito

Pela primeira vez, o secretário do Tesouro norte-americano, Timothy Geithner, participou de uma reunião dos ministros de Finanças do Eurogrupo. O governo norte-americano, que também luta contra um forte endividamento, demonstrou recentemente sua preocupação com os efeitos da crise do euro na economia mundial e clamou os europeus a agirem. A participação não habitual de um secretário do Tesouro no encontro europeu também é vista como mais um sinal dessa preocupação.

Após o encontro, Geithner criticou a gestão de crise dos europeus. Devido à falta de coesão sobre como lidar com a altamente endividada Grécia, paira a ameaça de "riscos catastróficos", afirmou Geithner em discurso a representantes do setor financeiro. Além disso, Geithner censurou a "conversa frouxa" em torno da reestruturação das instituições na zona do euro.

Com uma participação enérgica no encontro em Wroclaw, Geithner acabou irritando seus colegas de pasta europeus. Segundo a ministra austríaca das Finanças, Maria Fekter, o secretário norte-americano explicitou de "maneira dramática" que os países do euro devem fazer mais para superar a crise da moeda comum.

Juncker reconheceu esforços dos gregos
Juncker reconheceu esforços dos gregosFoto: dapd

Segundo Fekter, Wolfgang Schäuble, ministro alemão das Finanças, contestou Geithner, dizendo que não se poderia colocar tudo nas costas do contribuinte e, por isso, quer-se introduzir um imposto sobre transações financeiras com a participação dos bancos e especuladores. "Isso foi rejeitado estritamente por Geithner", disse Fekter. A ministra austríaca chamou de "bizarro" o fato de, apesar de seu alto endividamento, os norte-americanos quererem "nos explicar o que deveríamos fazer", sem dar ouvidos às explicações dos europeus

Instrumentos de combate à crise

Depois da reunião do Eurogrupo, os 17 ministros da zona do euro se reúnem aos demais 10 ministros das Finanças da União Europeia para uma reunião informal que se prolonga até a tarde deste sábado. Os ministros irão discutir se os instrumentos criados pela zona do euro serão suficientes para a solução da crise.

Para que o resgate da Grécia possa ser efetuado sem problemas, todos os 17 países de moeda comum têm de ratificar a ampliação do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), aprovado no encontro de cúpula em julho último. Até esta sexta-feira, esse foi o caso somente em quatro países. Em vários Estados, diversas leis ainda têm de ser aprovadas.

Na Alemanha, a votação no Parlamento está planejada para o final de setembro. Mas não só na Alemanha existe, atualmente, um conflito político em torno do volume das medidas de resgate para países endividados. Também finlandeses, austríacos, holandeses e eslovacos estão reticentes.

Os finlandeses, por exemplo, pedem garantias materiais para novos empréstimos à Grécia. Tais garantias também poderiam ser exigidas pelos holandeses. O governo alemão rejeita essa ideia.

CA/dapd/afp/rtr/lusa
Revisão: Roselaine Wandscheer