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Merkel mais "combativa e passional"

29 de fevereiro de 2016

Entrevista mostra chanceler federal alemã contundente como poucas vezes se viu na crise migratória e lhe rende elogios da imprensa e até de opositores. "Ela se apresentou de forma segura e convincente", diz jornal.

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Foto: Getty Images/AFP/T. Charlier

A entrevista da chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, à apresentadora Anne Will, da emissora pública alemã ARD, repercutiu entre políticos e a imprensa nesta segunda-feira (29/02).

Merkel defendeu sua política para refugiados, disse que vai insistir numa solução europeia e que não tem um plano B para resolver a problema. A entrevista foi acompanhada por mais de 6 milhões de pessoas na Alemanha e conteve algumas das declarações mais contundentes da chefe de governo desde o início da crise migratória.

Políticos

O governador da Baviera, Horst Seehofer, da CSU, manteve sua posição favorável a um amplo controle de fronteiras e a uma cota máxima de refugiados. Ele disse compreender, porém, que Merkel prefira esperar pelo resultado da cúpula com a Turquia.

"Já faz tempo que ele defende essa argumentação, de que ela precisa de tempo para a sua posição e pede paciência. Não foi a primeira vez que ela disse isso", argumentou. Ele disse não ter esperado que a chanceler fosse anunciar uma mudança de posição numa entrevista televisiva.

Apesar de ser uma tradicional aliada da CDU de Merkel e de integrar o governo, a CSU tem sido uma das principais críticas da política de refugiados e exige um melhor controle das fronteiras e uma cota máxima.

O ministro da Justiça, Heiko Maas, do Partido Social-Democrata (SPD), afirmou que a entrevista de Merkel foi um "sonoro tapa na orelha" em todos os críticos dela dentro do próprio partido e da aliada CSU. O vice-presidente do SPD, Ralf Stegner, manifestou apoio às posições pró-europeias de Merkel.

"No que se refere à necessidade de integração europeia, estamos do lado de Merkel", afirmou. Ele disse que não deve haver medidas nacionais unilaterais para tentar conter o fluxo de refugiados, e que cercas fechadas aumentam o número de mortos entre os migrantes.

No Partido Verde, de oposição, as declarações de Merkel foram bem recebidas. A copresidente da legenda, Simone Peter, disse que a chanceler deixou claro que aposta numa solução europeia a que todas as soluções nacionais vão fracassar. "Essa conversa sobre cota máxima, sobre cercas, sobre isolamento deve acabar."

Imprensa

O site Tagesschau.de avaliou a apresentação de Merkel no programa de debates Anne Will como bem-sucedida. Segundo a análise da jornalista Angela Ulrich, Merkel defendeu sua política e se colocou contra um Plano B de uma forma extremamente emocional para os seus parâmetros. A chanceler transmitiu coragem e honestidade com a sua persistência em encontrar uma solução europeia e sua rejeição a uma cota máxima de refugiados, opinou. Na hora de dizer como ela vai conseguir alcançar o que defende, porém, Merkel ficou devendo uma resposta concreta à população e reagiu de forma assustadoramente fraca e lapidar, avaliou a jornalista.

Já o diário de economia Handelsblatt disse que raramente Merkel se apresentou de forma tão combatida. O jornalista Thomas Siegmund afirmou que a chanceler defendeu sua linha política de forma passional e engajada. Para ele, a chanceler transmitiu convicção e pediu paciência à população para que se encontre uma solução europeia com a ajuda da Turquia.

O site Zeit Online, por sua vez, elogiou Merkel e criticou Anne Will. Enquanto a chanceler se apresentou de forma segura e convincente, a apresentadora chamou a atenção com questões irrelevantes e com a adoção de slogans da CSU, escreveu o jornalista Hans Hütt.

AS/dpa/ots