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Mercosul pede diálogo na Venezuela e evita discutir sanções

22 de julho de 2017

Nota conjunta de líderes do bloco que se reuniram em cúpula amenizou tom duro adotado ao longo da semana contra o regime chavista, que insiste em convocar Constituinte

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Venezuela Symbolbild Mercosur
Foto: Reuters/U. Marcelino

O Mercosul e outros países da região pediram na sexta-feira (21/07) o restabelecimento da ordem constitucional na Venezuela e expressaram "profunda preocupação" com a crise política e econômica no país. Os países convidaram ainda o presidente Nicolás Maduro e representantes da oposição a dialogarem para chegar a um "arranjo político crível”.

O teor da nota amenizou o tom mais duro utilizado por alguns líderes do bloco ao longo da semana. O documento também evitou pedir a suspensão da Constituinte convocada pelos chavistas, que é repudiada pela oposição e encarada como uma medida autoritária para perpetuar o regime.

Também não houve nenhuma indicação da imposição de mais sanções contra a Venezuela – que já havia sido suspensa do Mercosul em dezembro passado. Segundo jornalistas presentes, um rascunho inicial do documento pretendia ser mais incisivo, mas não houve consenso sobre o conteúdo. 

Mercosur ruft Venezuela zu Beilegung der politischen Krise auf
Líderes do Mercosul reunidos na ArgentinaFoto: Picture alliance/dpa/Télam

O comunicado conjunto foi assinado pelos Estados-membros do Mercosul Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai que se reuniram na 50° cúpula de chefes de Estado na cidade argentina de Mendoza. Líderes de países que também foram convidados para a reunião, como Chile, Colômbia, Guiana e México também assinaram a nota. Apenas a Bolívia evitou participação no documento.

"Os Estados membros do Mercosul e os Estados associados Chile, Colômbia e Guiana, assim como o México, reiteram sua profunda preocupação com o agravamento da crise política, social e humanitária na República Bolivariana da Venezuela", informou a declaração conjunta após a cúpula.

No comunicado, os países ainda defendem o fim "de toda violência" na Venezuela. O documento ocorre dias depois de autoridades dos EUA afirmarem que estavam preparando sanções contra funcionários do governo venezuelano.

Reação

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, país que assume a presidência rotativa do bloco, Aloysio Nunes disse aos repórteres que os países do Mercosul estavam hesitantes em seguir o exemplo norte-americano e que a interrupção do envio de alimentos do Brasil para a Venezuela poderia "agravar ainda mais a crise humanitária".

O mesmo tom foi adotado pelo seu colega argentino. "Nenhum de nós está disposto a aplicar quaisquer sanções que afetem, acima de tudo, o povo venezuelano", disse o chanceler argentino, Jorge Faurie.

Mais cedo, o presidente brasileiro Michel Temer usou um tom mais duro e disse que os membros do bloco reconheceram formalmente "a ruptura da ordem democrática” na Venezuela e que os países integrantes do Mercosul não se calariam diante de retrocessos.

Segundo Temer, o bloco tem "apego inegociável” à palavra "democracia”. "Nossa mensagem é clara: conquistamos a democracia em nossa região com grande sacrifício, e não nos calaremos, não nos omitiremos frente a eventuais retrocessos”, disse Temer.

A Venezuela foi suspensa do Mercosul no final do ano passado por não cumprir com os requisitos democráticos para fazer parte do bloco, em meio a fortes críticas dos membros do grupo ao governo de esquerda de Nicolás Maduro.

JPS/ab/rt