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Mercado de artes alemão prioriza diversidade regional

Peter Lodermeyer (sv)30 de outubro de 2006

Vender as próprias obras costuma ser uma das tarefas menos apreciadas por artistas plásticos. Na Alemanha, o complexo e às vezes nada compreensível mercado das artes vive em constante mudança.

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Densa rede de profissionais define tendências nas artes plásticasFoto: picture-alliance/ dpa/dpaweb

Os principais atores no palco do mercado das artes continuam sendo os galeristas. Mas eles não estão sozinhos. Redes de consultores, casas de leilões e feiras são algumas das "ferramentas" que auxiliam um artista a comercializar sua obra.

E até instituições não voltadas para a venda, como museus ou associações, exercem um papel importante na hora de dar vazão ao "produto arte", uma vez que são elas, muitas vezes, as responsáveis pelo lançamento de tendências e pela divulgação nacional ou internacional de um artista. E, logo, por quanto as obras deste artista vão ser avaliadas no mercado.

Para o galerista de Colônia Rolf Hengesbach, tudo depende muito do quanto se pode influenciar personalidades importantes, de como se estabelece o valor de uma obra de arte e de como se forma opinião sobre um determinado artista. "Neste contexto, o papel é desempenhado por uma rede que envolve galerias, artistas, críticos e instituições. Na Alemanha, esta rede é extremamente densa", diz Hengesbach.

Diversidade regional

A boa infra-estrutura do mercado de artes alemão tem diretamente a ver com o sistema federalista que existe no país. Ao contrário dos EUA, da França ou do Reino Unido, por exemplo, há na Alemanha uma série de centros de arte paralelos, distribuídos por várias regiões do país.

Através de uma dinâmica própria, estes núcleos espalhados pelos vários Estados reafirmam as diversidades regionais, criando, desta forma, uma cena artística plural. "O mercado de artes não é determinado por uma única instituição ou por um único grande museu, mas por uma enorme rede, composta pelas mais diversas instituições e museus", acredita o galerista Hengesbach.

Comparando no site Artfacts o número de galerias, feiras de arte e instituições públicas voltadas para as artes em todo o mundo, a Alemanha ocupa a segunda posição no "ranking", pouco abaixo dos EUA. Se for feita uma análise de número de instituições por pessoa, o país é, de longe, o líder mundial.

O número de galerias em atividade no país é, no entanto, difícil de ser avaliado, pois a própria definição de o que é uma galeria de arte varia enormemente. De qualquer forma, as estimativas oscilam de 1300 a duas mil instituições do gênero no país.

Comprador com novo perfil

Kunstmesse art cologne in Köln
Art Cologne: feiras são criticadas, mas imitadasFoto: dpa

Há 40 anos, começaram a surgir na Alemanha as feiras de artes, tendo a Art Cologne sido a precursora delas. Embora muito criticada desde sua criação, ela já foi inúmeras vezes copiada dentro do país. Nos últimos anos, outras feiras do gênero foram se estabelecendo em cidades como Berlim, Karlsruhe e mais recentemente Düsseldorf. E enquanto as galerias vivem reclamando de tendência de redução no número de visitantes, as feiras só têm a festejar com o aumento sensível, a cada ano, de interessados que circulam por seus estandes.

Um dos alvos destas feiras é o comprador "espontâneo", aquele que visita o evento sem maiores pretensões e que, ocasionalmente, resolve comprar uma obra de arte. Ou seja, um público alvo bem distinto do colecionador tradicional e dos habitués de galerias. Mas, contudo, não menos interessado em comprar.

Vendas pela internet

Também as inovações tecnológicas da internet vêm contribuindo para mudar o mercado. Hoje, há diversas galerias e casas de leilões que trabalham exclusivamente online. Os galeristas são freqüentemente confrontados com clientes nunca vistos pessoalmente, que encomendam suas obras de artes pela internet.

Para enfrentar estes e outros desafios do mercado, a presidente da Associação Nacional das Galerias Alemãs, Susanne Zander, acredita que um profissionalismo maior entre os galeristas seria útil para todo o setor. "Uma ótima opção, por exemplo, seria criar uma especialização 'comércio de artes' dentro da graduação em História da Arte", sugere Zander. Uma proposta a respeito da qual os responsáveis pela política cultural do país deveriam seriamente pensar.