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Marcelo Odebrecht deixa prisão em Curitiba

19 de dezembro de 2017

Acordo de delação premiada concede a ex-presidente da Odebrecht direito de deixar carceragem após dois anos e meio. Ele passará a cumprir o resto da pena em regime domiciliar numa mansão em São Paulo.

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Marcelo Odebrecht dentro do carro após deixar a prisão
Marcelo Odebrecht chega a sua casa em São Paulo para cumprir prisão domiciliar Foto: Reuters/L. Benassatto

Condenado a 31 anos e seis meses de prisão, o empresário Marcelo Odebrecht deixou nesta terça-feira (19/12) a prisão em Curitiba, após dois anos e meio detido, e passará a cumprir o resto da pena em regime domiciliar numa mansão em São Paulo. Essa mudança só foi possível graças ao acordo de delação premiada que fez com a Justiça.

Pelo acordo, apesar de ter sido condenado a mais de 30 anos de prisão em dois dos sete processos abertos contra ele, por corrupção, lavagem de dinheiro e associação ilícita, o ex-presidente da Odebrecht conseguiu uma redução da condenação para dez anos de detenção, sendo que os primeiros dois anos e meio seriam cumpridos em regime fechado e os seguintes em prisão domiciliar.

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Após dois anos e meio em uma estreita cela da carceragem da Polícia Federal em Curitiba, ele cumprirá os próximos dois anos e meio em prisão domiciliar. A partir de então, ele passa para o regime semiaberto com recolhimento noturno e nos fins de semana e feriados. Em dezembro de 2022, ele cumprirá os últimos dois anos e meio em regime aberto.

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Marcelo cumprirá os sete anos e meio que restam de pena em sua residência em São Paulo – uma mansão de 3 mil metros quadrados com piscina, academia e vários cômodos no exclusivo bairro de Morumbi. Ele será controlado por uma tornozeleira eletrônica.

Marcelo deixou as celas da Polícia Federal pouco antes das 10h e foi levado à sede da Justiça Federal em Curitiba, onde foi informado por um juiz sobre as regras que terá que cumprir durante a prisão domiciliar e colocou a tornozeleira eletrônica.

Três horas depois, saiu do fórum num veículo particular escoltado por duas patrulhas de polícia até um aeroporto na capital paranaense, de onde voou para São Paulo a bordo de um avião particular.

O advogado de Marcelo, Nabor Bulhões, assegurou que a definição da mansão que fica num condomínio de luxo a poucos metros do governo de São Paulo como a nova prisão é um "assunto que somente diz respeito a Odebrecht e ao juiz".

Bulhões acrescentou que o empresário somente terá direito a receber visitas de seus familiares, de seus advogados e de 15 pessoas incluídas em uma lista que foi entregue nesta terça-feira ao juiz. Ele somente terá autorização para abandonar a casa em duas oportunidades, com datas ainda não definidas, para assistir às cerimônias de graduação universitária de suas filhas.

"O único compromisso que Marcelo Odebrecht tem em adiante é continuar colaborando com a Justiça nos termos do acordo de colaboração que assinou com a Promotoria", disse o advogado. "Ele reiterou que seu grande objetivo é voltar à convivência familiar, algo muito importante para ele."

O acordo assinado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) com 76 executivos e ex-executivos da Odebrecht estipulou que Marcelo, além de contar tudo o que sabia sobre os esquemas ilegais da empreiteira, deveria pagar uma multa no valor de 73,3 milhões de reais à Justiça.

Quando terminar de cumprir sua pena, Marcelo ainda terá restrições no âmbito profissional, pois até 2025 estará impedido de exercer qualquer função executiva nas empresas de sua família, segundo o acordo que assinou com a Justiça.

Somente no Brasil a divulgação dos depoimentos de ex-diretores da empresa levou o Supremo Tribunal Federal (STF) a autorizar a abertura de 76 investigações contra quase cem políticos de alto escalão citados nas denúncias, incluindo vários ministros do presidente Michel Temer.

CN/efe/lusa/ots