1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Expansão na crise

1 de dezembro de 2011

Bijuterias, produtos de beleza, sapatos femininos: lojas já conhecidas dos brasileiros começam a conquistar consumidores no exterior. No total, 79 marcas atuam em países como Portugal, Espanha, Alemanha e Turquia.

https://p.dw.com/p/13KMD
Marcas 'made in Brazil' ganham mais espaço
Marcas 'made in Brazil' ganham mais espaçoFoto: baurka/Fotolia

A contenção da economia nas maiores potências do globo ainda não intimidou as marcas brasileiras. Em 2010, as franquias nacionais registraram um crescimento de 12% no exterior, e aumentaram para 79 o número de empresas brasileiras com representação fora do território nacional, segundo dados da Associação Brasileira de Franquias (ABF).

"Temos um terreno muito próspero na Espanha e em Portugal, que é, aliás, o país na Europa com o maior número de marcas nossas", disse em conversa com a DW Brasil Ricardo Camargo, diretor-executivo da ABF. São 38 marcas brasileiras em 118 lojas portuguesas. Na Espanha e França estão instaladas, respectivamente, 33 e 15 franquias. Na Alemanha, duas marcas brasileiras administram três representações.

Sem medo da crise, a Morana Acessórios se prepara para inaugurar sua terceira unidade em Portugal. A loja de bijuterias se lançou no mercado internacional em 2006 e administra outras duas representações nos Estados Unidos. "Percebemos que o DNA de moda brasileira funciona fora do país. E até em função da crise, vários consumidores começam a olhar o nosso produto com outros olhos: por causa da queda do poder aquisitivo, as pessoas deixam de comprar joias", avalia Eduardo Morita, diretor do Grupo Ornatus.

Os ânimos de expansão dos investidores brasileiros agora se voltam para países como Turquia, Rússia e China. "A Turquia tem um mercado que agora está se abrindo para o mundo, tentando trazer mais investimentos internacionais. Na Rússia, também há muitos empreendimentos de shoppings centers em andamento, não só na capital", comenta Camargo. A Rosa Chá, que atua no segmento de moda praia, foi a primeira a entrar no mercado turco.

Pela tentativa e erro

A corrida das franquias para fora do Brasil começou há apenas cinco anos, mas o crescimento mais significativo veio nos últimos dois. "O Brasil nunca foi muito pró-ativo nessa área. Há um grande desconhecimento sobre o mercado internacional. Então essa falta de informação foi um fator negativo para a expansão", explica Camargo.

Os setores de maior sucesso são os de vestuário, beleza e saúde, acessórios pessoais e calçados. Nomes conhecidos pelos consumidores brasileiros como as fabricantes de calçados Via Uno e Arezzo, a rede fast-food Giraffas, e lingeries Hope começam a ser apreciadas também por estrangeiros.

Por outro lado, levar o produto para fora do Brasil ainda pode ser complicado. Segundo a ABF, além dos problemas de infraestrutura nos portos e aeroportos do país, o empresariado paga uma das taxas mais caras do mundo para esses serviços. "A mercadoria fica dias parada, há muitos arranjos burocráticos, poucos portos para exportação, o processo é lento e custa para a empresa", lista a associação.

O diretor do Grupo Ornatus diz que a prática de buscar mercado requer muito preparo. "O Brasil não tinha cultura forte para internacionalizar marcas. Neste setor, a gente percebe muito um trabalho de tentativa e erro. Cada mercado é uma receita que precisa ser testada e que não vai funcionar necessariamente como no Brasil", comenta Morita.

Os mais próximos

As marcas brasileiras também contemplam os países vizinhos. A Colômbia é o principal alvo: a economia nesse país deve crescer 5% neste ano. Peru, Chile e Argentina – país que tem o maior número de franquias brasileiras, 118 – também oferecem atrativos.

Para Camargo, a estabilização do preço do dólar frente ao real deve encorajar o empresariado brasileiro em 2012. Por outro lado, as marcas podem vivenciar tempos mais difíceis fora do Brasil. "Como a economia nos Estados Unidos e Europa estão paradas, as empresas desses países querem cada vez mais aumentar a internacionalização para compensar os resultados, e estão mais agressivas. Podemos esperar uma competição muito acirrada", prevê.

Autora: Nádia Pontes
Revisão: Carlos Albuquerque