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Manifestantes pró-governo criticam ingerência no Irã

5 de janeiro de 2018

Milhares de iranianos participam de manifestações em apoio ao governo e contra alegada influência dos EUA e de Israel sobre onda de protestos no país. Autoridades responsabilizaram conspiração estrangeira por distúrbios.

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Manifestantes voltaram às ruas de Teerã para apoiar o regime iraniano
Manifestantes voltaram às ruas de Teerã para apoiar o regime iranianoFoto: Getty Images/AFP/A. Kenare

Milhares de iranianos saíram às ruas em diversas cidades do Irã nesta sexta-feira (05/01) em apoio ao governo do país. Em Teerã, os manifestantes criticaram a suposta ingerência estrangeira nos recentes protestos antigovernamentais.

Os manifestantes gritaram palavras de ordem como "morte aos Estados Unidos" e "morte a Israel", logo após a oração de sexta-feira na mesquita do grande complexo de Mosala, no centro da capital. Muitos dos participantes levavam também a fotografia do policial que morreu durante um confronto nos protestos antigovernamentais.

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O aiatolá Ahmad Khatami, responsável pela oração desta sexta-feira em Teerã, acusou os manifestantes antigovernamentais de terem seguido as políticas dos governos americano e israelense.

"A voz dos EUA e de Israel não é a do povo [iraniano], é uma voz estrangeira", disse Khatami, que também acusou Washington de financiar os protestos e tentar enviar armas para derrubar o regime do país.

Em seu discurso, o clérigo criticou ainda as redes sociais, devido a seu papel na convocação dos protestos, instando as autoridades a mantê-las bloqueadas de forma permanente.

Marchas semelhantes ocorreram em diversas cidades do país, incluindo Tabriz e Kerman. Apoiadores do governo realizaram manifestações há três dias  em resposta aos protestos antigovernamentais ocorridos nos últimos dias e resultaram em ao menos 22 mortes e mais de mil detenções.

A recente onda de protestos no Irã começou em 28 de dezembro e foi considerada a maior desde a revolta de 2009, quando uma série de manifestações tomou as ruas do país contra supostas fraudes eleitorais a favor do linha-dura Mahmoud Ahmadinejad, logo se tornando um movimento de maior escala de contestação ao regime dos aiatolás.

Desta vez, os protestos tiveram inicialmente a inflação e o desemprego como alvo, mas logo ganharam tom político, com críticas ao presidente Hassan Rohani e ao líder supremo iraniano, Ali Khamenei.

Rohani assumiu o governo para um segundo mandato em agosto, com promessas de revitalizar a economia, minada por sanções internacionais. Os investimentos estrangeiros estão em alta, mas o país continua a sobreviver, sobretudo, da venda de petróleo.

Em Teerã, manifestantes levaram fotografias do líder supremo iraniano, Ali  Khamenei
Em Teerã, manifestantes levaram fotografias do líder supremo iraniano, Ali KhameneiFoto: Getty Images/AFP/A. Kenare

O desemprego entre jovens atingiu recentemente a marca de 40%. Muitas das sanções internacionais foram revogadas com o acordo nuclear de 2015, mas medidas unilaterais americanas contra transações financeiras com o Irã continuam a minar a economia e impedem a maioria dos bancos ocidentais de conceder crédito a iranianos.

As autoridades iranianas, ao invés de reconhecer o descontentamento social com a situação econômica do país, optaram por decretar os protestos ilegais e responsabilizar uma conspiração estrangeira pelos distúrbios.

Crítica aos EUA

Diante da série de protesto e confrontos entre manifestantes e a polícia, os Estados Unidos solicitaram uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU para analisar a situação no Irã.

A Rússia acusou os EUA de, com tal atitude, agirem contra a soberania do Irã. "Sob o pretexto de se preocuparem com a democracia e os direitos humanos, os EUA atentam diretamente contra a soberania de outros países", disse o vice-ministro do Exterior da Rússia, Sergei Ryabkov.

O vice-ministro assegurou que a iniciativa dos EUA não é outra coisa senão a continuação de uma política de "ingerência" no mundo. Ryabkov lamentou o fato de os Estados Unidos utilizarem o Conselho de Segurança da ONU para satisfazer suas ambições e tirar proveito político das dificuldades internas do Irã.

O diplomata russo lembrou ainda que Washington costuma recorrer a qualquer tipo de medida de pressão para desestabilizar regimes, sejam verbais, sanções e até o uso da força.

"Sabemos o quão negativa é a atitude da elite americana em relação ao Irã. Assim, acredito que as afirmações por parte dos dirigentes iranianos estão justificadas, e não poderia ser diferente", afirmou.

Ryabkov acusou os EUA de buscarem uma desculpa para aumentar a pressão sobre o Irã para renegociar o acordo nuclear assinado em julho de 2015 entre Teerã e o G5+1 (EUA, Rússia, China, Reino Unido e França, mais Alemanha).

CN/efe/rtr/afp

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