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Mais economês e menos Goethe

Ambição principal dos atuais interessados no idioma não é mais ler os grandes clássicos da literatura alemã no original. Mais importante é dominar a linguagem cotidiana e os jargões técnicos – o mais rápido possível.

Quando Ingrid Köster era professora do Instituto Goethe na Índia, na década de 80, a literatura alemã era leitura obrigatória. E é claro que, para ler o original das obras de Goethe, Schiller ou Kant, cursos avançados eram mais do que necessários. De lá para cá, porém, o perfil dos interessados em aprender o idioma mudou.

"Hoje, nossos alunos têm menos tempo e querem estar preparados para poder fazer um estágio, estudar um semestre na Alemanha ou se comunicar com parceiros de negócios", observa a pedagoga, que atualmente dirige os departamentos de Cursos de Idioma e Exames no Instituto Goethe de Munique.

Em vez de se aprofundar nas minúcias da literatura alemã ou dos estudos regionais, os novos alunos querem aprender a linguagem cotidiana e termos técnicos importantes em suas profissões. "Assim, os nossos professores precisam ser mais específicos nas aulas e estar atualizados no idioma. Por isso, o emprego das novas mídias desempenha um papel importante hoje em dia", diz Köster.

"Diploma Verde" para professores de alemão

A fim de preparar os professores para as demandas variadas, o Instituto Goethe lançou um novo programa de treinamento para sua equipe de docentes, chamado "Grünes Diplom" (Diploma Verde).

Ingrid Köster Goethe-Institut in München
Ingrid Köster é diretora de departamento no Instituto Goethe em Muniquenull Goethe-Institut München

Entre outros países, o curso está em teste na Índia, onde deverá ser implementado no fim de 2014. O interesse pela língua alemã no país cresceu muito, nos últimos anos. Desde 2003, o número de interessados aumentou quase 60%, chegando a 15 mil. Em todo o mundo, o Instituto Goethe conta 220 mil alunos, um número recorde.

O Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD) igualmente percebeu o aumento do interesse pelo idioma alemão no mundo. Em 2013, mais de 50 mil estudantes e pesquisadores estrangeiros fizeram intercâmbio na Alemanha – 6% a mais do que no ano anterior.

A maioria desses intercambistas se prepara antes de vir para a Alemanha, frequentando cursos do idioma em suas respectivas universidades. Há anos o DAAD também apoia os professores universitários de alemão, promovendo sua formação em cursos para leitores acadêmicos.

Engenheiros chineses e o alemão

"As demandas aos nossos professores mudaram muito", registra Ursula Paintner, chefe do departamento do DAAD para Estudos Alemães no Exterior(Auslandsgermanistik) e Alemão como Língua Estrangeira.

Chao He DAAD
Chao He cursa doutorado em Engenharia Mecânica em Aachennull DAAD/Volker Lannert

"Cada vez mais chegam às nossas classes alunos que só aprenderam inglês na escola, e não trazem nenhum conhecimento de língua alemã." Isso aumenta a importância do ensino da língua em todos os níveis.

Ao mesmo tempo, estudantes e pesquisadores têm pressa em aprender o vocabulário específico para suas áreas profissionais – por exemplo, na engenharia ou economia. De acordo com Paintner, essa tendência se faz notar em especial na China, onde a Alemanha é vista como o país dos engenheiros, da indústria automobilística e da maquinaria de alta qualidade.

"Para mim, como engenheiro aspirante, estava claro que eu também deveria estudar Alemanha", conta Chao He. Doutorando em Engenharia Mecânica pela Universidade de Aachen, com uma bolsa do DAAD, ele é um dos 25 mil estudantes chineses no país. Apesar de, nos cursos de alemão, ele ter se preparado bem para o dia a dia e para o estudo, Chao ainda considera difícil dominar os termos técnicos e a linguagem científica.

Estudantes com expectativas pouco realistas

Para o brasileiro Victor Strazzeri, 28 anos, a impressão foi inversa. O estudante de Ciências Sociais não sentiu tanta diferença entre o alemão e o português, na linguagem técnica de sua área.

DAAD-Stipendiaten Victor Strazzeri
Brasileiro Victor Strazzeri iniciou doutorado em Ciências Sociais em Berlimnull Victor Strazzeri

"Mas a forma como os jovens alemães falam e pensam, quase não foi abordada nos cursos de alemão", critica Strazzeri, que iniciou doutorado em Berlim há alguns meses. "Eles não são tão formais, e são bem mais relaxados do que eu pensava."

Ensinar o alemão do dia a dia e a linguagem técnica num período de tempo relativamente breve tornou--se um grande desafio para os leitores acadêmicos e professores do idioma.

"Na Grécia, cada vez mais estudantes me procuram, sem saber nada de alemão, mas querendo trabalhar na Alemanha. E para isso eles esperam aprender a língua em poucas semanas", conta Judith Schiebel, leitora do DAAD na Universidade Aristóteles em Salônica. "Claro que isso não é realista": para alcançar tal objetivo, são necessários dois anos de aulas regulares, afirma a docente.

Copa do Mundo impulsiona estudo do idioma

Devido à escassez extrema de professores, é cada vez mais raro o ensino de alemão nas escolas da Grécia. Em outros países, a língua também perdeu destaque no currículo escolar. Mas a tendência está lentamente se invertendo, observa Ingrid Köster.

Fußball WM 2006 Deutschland
Mundial de 2006: Alemanha como país atraente para estudo e trabalhonull Getty Images

Ela enfatiza que a Alemanha é conhecida em todo o mundo por sua economia em expansão, seus carros – e por seu futebol. Assim, a diretora de departamento do Instituto Goethe tem esperanças de que a Copa do Mundo no Brasil possa contribuir para aumentar ainda mais o interesse pelo idioma alemão.

Pelo menos foi assim em seguida à Copa do Mundo de 2006, quando a Alemanha se firmou como simpática anfitriã. "Naquela época, a reputação dos alemães melhorou muito, pois eles apresentaram seu país como um lugar pacífico e atraente para trabalhar, estudar e pesquisar", recorda Köster.