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Câmara Turca

6 de março de 2010

Após décadas de restauração, a Camara Turca, a principal e mais completa coleção de arte otomana da Alemanha, ganha espaço de exposição permanente no Residenzschloss, palácio em Dresden.

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Preciosidades da Câmara TurcaFoto: Mirko Schwanitz

Graças ao gosto pela moda, à paixão pelas coleções e ao esforço em representar o poder absolutista, os soberanos aficionados da Saxônia conseguiram montar, entre os séculos 16 e 19, uma espécie de câmara de preciosidades da arte oriental – a Câmara Turca (Türckische Cammer).

Em 1942 foi a última vez que o acervo de aproximadamente 600 objetos que revelam a fascinação do Oriente foram expostos em conjunto. A coleção, denominada Câmara Turca desde 1614, ocupava um espaço próprio dentro da ala de armaduras. Faltava-lhe, no entanto, uma representação museal atraente.

Após uma interrupção de quase 70 anos, a mais completa e mais importante coleção de arte otomana da Alemanha ganha, a partir deste domingo (07/03), um espaço de exposição permanente no Residenzschloss, palácio de Dresden que abriga vários museus e coleções de renome internacional.

A cerimônia de abertura será realizada neste sábado na presença dos ministros das Relações Exteriores da Alemanha, Guido Westerwelle, e da Turquia, Ahmet Davutoglu. O comparecimento do ministro turco demonstra que a importância da coleção é reconhecida não só na Alemanha.

Türckische Cammer Flash-Galerie
Armas decoradas com pedras precisosas fazem parte da coleçãoFoto: picture-alliance/ZB

Azul noturno e seda avermelhada

Em um espaço de 750 metros quadrados, estão expostos objetos como vestimentas, armas ornamentadas com pedras preciosas, peças decorativas para montaria, tecidos valiosos e tendas otomanas.

Segundo os acervos estatais de arte de Dresden (SKD), órgão que administra as coleções do Residenzschloss, os objetos não são "anônimos". A história da maior parte das peças foi pesquisada e agora pode ser transmitida ao público. Por trás do novo espaço de exposição estão décadas de trabalho de restauração e pesquisa, informou o SKD.

Contrastando com o azul noturno e a seda avermelhada das paredes e vitrines, os objetos estão expostos em um jogo de luz e penumbra. A apresentação foi concebida pelo curador Holger Schuckelt e executada por Peter Kulka, um dos mais renomados arquitetos alemães.

Staatliche Kunstsammlungen Dresden, Türckische Cammer Flash-Galerie
Soberano trouxe tenda otomana para DresdenFoto: Staatliche Kunstsammlungen Dresden/David Brandt

Augusto, o Forte

Os soberanos da Saxônia conseguiram manter a coleção durante séculos. Os seus soldados também estiveram ao seu lado nos conflitos sangrentos com o Império Otomano, como no cerco dos turcos a Viena. Dessa forma, os espólios de guerra chegaram à Saxônia.

Mas, para espanto geral, logo se desenvolveu uma fascinação pelo Oriente. Dessa forma, os mandatários saxões passaram a receber valiosos presentes diplomáticos de sultões e soberanos tártaros.

Além disso, propagou-se também a chamada "Moda Turca", à qual aderiram muitos soberanos, inclusive Augusto, o Forte (1670 - 1733). Ele realizou várias festas com utensílios otomanos, adquiridos diretamente em Istambul ou reproduzidos em oficinas europeias.

O maior e mais espetacular objeto da exposição é uma tenda otomana do século 17, com 20 metros de comprimento, 8 metros de largura e 6 metros de altura. Com aplicações em seda e couro folheado a ouro, a tenda foi trazida para Dresden por Augusto, o Forte, em 1729.

Türckische Cammer Flash-Galerie
Jogo de luz e penumbra destaca estátuas equestresFoto: picture-alliance/dpa

"Corredor cultural"

"A Câmara Turca é um novo destaque nas coleções históricas da Saxônia. Mundialmente, não há nada que se compare", afirmou a secretária de Cultura do estado alemão, na apresentação oficial da coleção, na última segunda-feira. Segundo a secretária, a Câmara representa o espírito aberto da Saxônia.

O diretor-geral dos acervos estatais de arte de Dresden, Martin Roth, denominou a Câmara Turca um "corredor cultural" através do qual muitos alemães de ascendência estrangeira, desde Berlim até o Vale do Ruhr, poderão achar o caminho de Dresden.

Autor: Carlos Albuquerque

Revisão: Simone Lopes