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Lula e Schröder acertam apoio mútuo no Conselho de Segurança

Simone de Mello, de Berlim28 de janeiro de 2003

Após encontro com o presidente Rau e uma conversa com a comunidade brasileira, Lula encerrou sua visita a Berlim na noite de segunda-feira (27) com um jantar de trabalho com o chanceler federal Gerhard Schröder.

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Lula e o chanceler federal alemão, Gerhard SchröderFoto: BPA
"É importante lembrar que a Volkswagen está comemorando 50 anos de Brasil", disse Lula no encerramento de sua primeira visita à Alemanha como presidente, ao lado do chanceler federal Gerhard Schröder. "Vivi os meus melhores momentos políticos na porta da Volkswagen. Foi das greves da Volkswagen que surgiu a idéia de criar o meu partido. E, 22 anos depois, governo o Brasil."

Com esta declaração, Lula se remeteu, por um momento, à diferença de interesses e realidades que separa os dois países, finalizando uma visita marcada por reiterados gestos de proximidade e convergência. Ao posicionar-se claramente em Davos contra os muros que ainda persistem na ordem mundial, "mais de dez anos após a derrubada do Muro de Berlim", e ao lembrar, na mesma ocasião, que "os países ricos de hoje só o são porque tiveram suas oportunidades históricas", Lula já dera sua mensagem aos países desenvolvidos.

"Não" à guerra contra o Iraque

Nesta breve passagem pela Alemanha, durante sua primeira viagem de trabalho fora da América Latina, a prioridade de Lula foi destacar e confirmar os pontos de contato com Berlim. No encontro com Schröder, ocorrido no mesmo dia da divulgação do relatório sobre o Iraque no Conselho de Segurança da ONU, o principal assunto tratado foi a recusa dos dois países a uma guerra no Golfo Pérsico.

Ambos os chefes de governo concordam que as instituições multilaterais devam servir de referência para qualquer tomada de decisão, formulou Lula. Schröder exigiu mais uma vez que os inspetores recebam o tempo necessário para concluir suas investigações no Iraque. Mais do que um consenso, esta postura representa sobretudo um compromisso de apoio mútuo sobre a reforma do Conselho de Segurança entre Berlim, que pleiteia a cadeira de membro permanente, e Brasília, que exige a democratização e ampliação do Conselho.

Lula e Schröder evitaram expor à opinião pública, neste primeiro encontro, o conflito que marca as relações bilaterais. Schröder apenas negou – retoricamente – que a Alemanha, como país exportador, seja protecionista; Lula, por sua vez, reiterou que o protecionismo tem que acabar. O assunto foi discutido em detalhes com o parlamentar social-democrata Lothar Mark, do Grupo de Trabalho sobre a América Latina, e abordado nos encontros entre ministros.

Pela estabilidade financeira no Brasil

A "exemplar" transição de governo de FHC para Lula não apenas foi elogiada por Schröder, como sinal de estabilidade democrática, mas também destacada pelo ministro alemão das Finanças, Hans Eichel, como pressuposto de credibilidade. No encontro com Eichel, o ministro da Fazenda Antonio Palocci reiterou as metas de estabilidade financeira do governo brasileiro – como a continuidade da política de metas de inflação, o aumento da meta do superávit primário, o compromisso com o câmbio livre e estruturação de reformas tributárias, previdenciárias e sociais.

Eichel, por sua vez, afirmou acreditar que a posição do Brasil na avaliação risco-país da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), ou seja, categoria risco 6, possa ser revista na próxima oportunidade. Sem tocar diretamente nas relações bilaterais, ambos os ministros manifestaram a intenção de intensificar o trabalho do G-20.