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Violência continua

7 de janeiro de 2012

Ministros árabes querem ajuda da ONU para verificar se Bashar al-Assad está cumprindo promessa de suspender repressão violenta a manifestantes contrários ao regime. Liga deverá aumentar número de observadores na Síria.

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Multidão pró-Assad participou dos funerais
Multidão pró-Assad participou dos funeraisFoto: Reuters

Uma multidão acenando bandeiras sírias e imagens do presidente Bashar al Assad reuniu-se neste sábado (07/01) na mesquita de Al Hassan, em Damasco, para o funeral das 26 vítimas de um incidente classificado pelas autoridades como ataque terrorista. A explosão aconteceu numa das ruas mais movimentadas da cidade nesta sexta-feira. O canal estatal do país divulgou imagens do cortejo fúnebre, enquanto uma multidão entoava frases como "O povo quer Bashar al Assad" e "O povo sírio é apenas um".

Governo classificou ataque em Damasco como 'terrorista'
Governo classificou ataque em Damasco como 'terrorista'Foto: dapd

O oposicionista Conselho Nacional Sírio, porém, acusa o governo de estar por trás da explosão, na tentativa de mostrar que vem lutando contra terroristas apoiados por estrangeiros – e não contra um movimento democrático popular. A oposição quer uma investigação independente sobre o incidente, que deixou outras 63 pessoas feridas.

O governo prometeu "mão de ferro", em resposta ao segundo atentado em duas semanas. No dia 23 de dezembro, 44 pessoas morreram em outro episódio semelhante. Segundo ativistas, também na sexta-feira tropas sírias abriram fogo contra participantes de protestos anti-Assad, em duas regiões do país. Uma pessoa teria morrido e 20 outras ficado feridas.

Missão árabe

Neste domingo, os ministros árabes do Exterior discutem no Cairo o futuro da missão de monitoramento na Síria. Desde o dia 26 de dezembro, a missão da Liga Árabe vem acompanhando o cumprimento da promessa de Assad de suspender a repressão violenta aos protestos antigoverno. Segundo estimativas da ONU, mais de cinco mil pessoas morreram nos últimos dez meses durante os embates entre manifestantes contrários ao regime e tropas leais a Assad.

Os ministros vão discutir um pedido às Nações Unidas para ajuda na missão. O Qatar quer propor um convite aos técnicos da ONU e a especialistas em direitos humanos para ajudar os monitores. Segundo uma fonte, poderá ser feita a ressalva de que esse grupo de apoio da ONU seja composto por árabes.

Liga Árabe acompanha repressão a protestos na Síria
Liga Árabe acompanha repressão a protestos na SíriaFoto: Reuters

O primeiro-ministro do Qatar, Hamad bin Jassim al-Thani, que lidera a comissão, informou à rede de televisão Al Jazeera que os monitores não deveriam "perder tempo", pois a Síria não estaria implementando o acordo. Al Assad está no poder há 12 anos, tendo assumido logo após a morte de seu pai, que governou o país por 30 anos.

Segundo integrantes da Liga Árabe, porém, não será discutida no encontro de domingo uma eventual retirada dos 153 chamados "observadores pacíficos" na Síria. "Não estamos falando em sair de lá, mas sim em reforçar a missão", afirmou o secretário-geral da Liga, Adnan Issa, ressaltando que outros dez observadores da Jordânia devem desembarcar na Síria neste domingo.

Devem entrar ainda na pauta de domingo medidas que permitam à missão árabe operar com maior independência com relação às autoridades sírias.

Mais violência

Novos conflitos entre forças de segurança do governo e manifestantes anti-Assad voltaram a fazer vítimas neste sábado. Segundo o Observatório para os Direitos Humanos na Síria, quatro civis foram mortos em Homs, e outros três, feridos na sexta-feira, acabaram por falecer.

Os Estados Unidos condenaram as investidas. O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, reiterou o pedido para que violência no país acabe.

Já o Irã, aliado de Assad, condenou o "ataque terrorista". O chefe da Liga Árabe, Nabil Elaraby também condenou a "explosão terrorista" em Damasco e apresentou "grande preocupação com a escalação da violência no país".

Em novembro passado, os 22 membros da Liga suspenderam a Síria após meses de silêncio sobre a repressão violenta aos protestos no país. Mas, segundo diplomatas, alguns líderes ainda estariam desconfortáveis em criticar um de seus pares, pois isso poderia despertar a inquietação entre a própria população.

MSB/rtr/ap/dpa/afp
Revisão: Augusto Valente