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SaúdeFrança

Lentidão em vacinação provoca críticas na França

4 de janeiro de 2021

País aplicou apenas 516 doses no mesmo período em que Alemanha imunizou cerca de 200 mil pessoas. Autoridades reclamam da burocracia e de precauções excessivas. Só 40% dos franceses querem se vacinar, diz sondagem.

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Enfermeiros vacinam uma idosa
Vacinação na França começou em lares para idososFoto: Thomas Samson/REUTERS

Autoridades francesas pedem maior rapidez nas vacinações contra a covid-19 no país, após um lançamento lento da campanha, devido à burocracia e por supostas precauções excessivas do governo em um dos mais céticos países do mundo em relação à vacina.

O país começou a vacinar profissionais médicos com mais de 50 anos nesta segunda-feira (04/01) após só ter conseguido aplicar 516 doses do imunizante desenvolvido pela americana Pfizer em parceria com a alemã Biontech durante a primeira semana de uma campanha concentrada nos lares de idosos. No mesmo período, a Alemanha conseguiu inocular cerca de 200 mil pessoas.

O governo havia iniciado a campanha de vacinação priorizando os moradores de asilos, um processo trabalhoso, pois é necessário o consentimento de cada paciente. No entanto, em uma aparente mudança de tática diante da pressão, o ministro da Saúde, Olivier Veran, anunciou que os profissionais de saúde com mais de 50 anos poderiam começar a ser vacinados nesta segunda-feira.

Irritado com a morosidade, o presidente francês, Emmanuel Macron, agendou para esta segunda-feira uma reunião com seu primeiro-ministro, Jean Castex, e o ministro francês da Saúde para tentar acelerar o processo, segundo um funcionário do Palácio do Eliseu.

Segundo o Journal du Dimanche, Macron teria dito a pessoas próximas que "as coisas devem mudar rápido".

"A vacinação está indo devagar demais", afirmou o epidemiologista e conselheiro governamental Arnaud Fontanet, em entrevista à rádio France Info. "Mas o prazo real é chegar a entre 5 e 10 milhões de vacinações até o final de março, porque esse é o ponto em que você tem um impacto real na propagação do vírus", acrescentou o especialista.

Só 40% dos franceses querem vacina

A covid-19 matou mais de 65 mil pessoas na França, que tem a sétima maior quantidade nacional de óbitos pela doença no mundo. Mesmo assim, uma sondagem publicada neste fim de semana mostrou que seis em cada 10 cidadãos franceses pretendem recusar a vacinação.

Uma lenta campanha de vacinação corre o risco de prejudicar a recuperação da França de uma crise econômica sem precedentes em um momento de paz.

A Academia Nacional de Medicina da França disse na semana passada que o o governo estava tomando "precauções excessivas". Autoridades do governo disseram que a vacinação em lares de idosos é uma operação logisticamente complexa.

"O que estamos vendo é um escândalo governamental", acusou Jean Rottner, em entrevista à , à televisão France 2, o governador da região francesa de Grande Leste, no noroeste da França, que viu um aumento particularmente acentuado nas infecções.

"As coisas precisam ser aceleradas", disse Rottner, um membro do partido de oposição Republicanos, de direita. "Os franceses precisam de clareza e mensagens firmes de um governo que sabe para onde está indo. Não está dando essa impressão."

O vice-presidente do Reagrupamento Nacional (RN) de extrema direita, Jordan Bardella, disse que a França se tornou "a chacota do mundo".

"Vacinamos em uma semana o mesmo número que os alemães vacinaram em 30 minutos. É vergonhoso", disse ele à televisão RTL.     

MD/afp/rtr