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Líderes de partido neonazista grego recebem penas de prisão

14 de outubro de 2020

Membros do Aurora Dourada já haviam sido considerados culpados de comandar organização criminosa. Grupo envolvido em violência contra imigrantes e morte de ativista chegou a ter 3ª maior bancada do Parlamento grego.

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Sala do Tribunal Penal de Atenas
Sala do Tribunal Penal de Atenas. Nenhum dos condenados compareceu à leitura da sentençaFoto: Angelos Tzortzinis/AFP/Getty Images

O líder e seis altos membros do partido neonazista grego Aurora Dourada foram sentenciados nesta quarta-feira (14/10) a penas de prisão de até 13 anos pelo tribunal penal de Atenas, que na semana passada já havia os considerado culpados de comandar uma "organização criminosa".

Além do fundador do partido, Nikos Michaloliakos, um negacionista do Holocausto e defensor do nazismo de 62 anos, foi sentenciado a 13 anos de prisão o eurodeputado Ioannis Lagos, agora um ex-membro do partido. Ele deve perder a imunidade parlamentar a pedido da Grécia, após a emissão da ordem de prisão.

O tribunal ainda atendeu ao pedido da promotora Adamantia Economou e também condenou a 13 anos de prisão o ex-porta-voz do partido, Ilias Kassidiaris, e o ex-deputado Christos Pappas, braço direito de Michaloliakos, e os ex-deputados Ilias Panagiotaros e Georgios Germenis.

Artemis Matthaiopulos, ex-genro de Michaloliakos, foi o único réu condenado a uma pena menor que a solicitada pela promotora e recebeu uma sentença de dez anos de prisão.

Ioannis Lagos
O eurodeputado Ioannis Lagos. Ele deve perder a imunidade parlamentarFoto: Petros Giannakouris/AP/dpa/picture-alliance

Designação usada por Hitler

O líder Michaloliakos, que era chamado de "führer" - a designação usada por Adolf Hitler - por membros do seu grupo também foi condenado a um ano de prisão por porte ilegal de armas. Mas a corte não anunciou se a pena se soma aos 13 anos de detenção por "organização criminosa".

Como estava previsto, o tribunal sentenciou ainda Yorgos Rupakias, um membro do partido neonazista, à prisão perpétua pelo assassinato do rapper e ativista Pavlos Fyssas.

"Não estou satisfeito com a sentença", declarou o pai de Fyssas. "Esperava 20 anos de reclusão para a direção", declarou Panayotis Fyssas, ao lado da mãe e da irmã do ativista assassinado.

Neonazi-Partei Goldene Morgenröte demonstriert in Athen
Membros do Aurora Dourada durante uma manifestação em 2014Foto: ap

Fyssas, de 34 anos, foi esfaqueado até à morte na noite de 18 de setembro de 2013, em frente a um café do bairro de Keratsini, um subúrbio de Atenas. O crime provocou grande comoção na Grécia e obrigou as autoridades a iniciar um processo contra o partido neonazista.

Gangue criminosa

Em 2012, o grupo saiu da obscuridade durante a grave crise financeira que afetou o país, chegando a conquistar até 7% dos votos e elegendo duas dezenas de deputados. Em 2015, conseguiu eleger a terceira maior bancada do Parlamento. No entanto, em 2019, o partido já não mostrava a mesma força, e não conseguiu eleger nenhum deputado, em meio à pressão gerada pelo julgamento de seus membros.

Apesar de se intitular um partido político, o Aurora Dourada operava como uma gangue criminosa, segundo o entendimento da Justiça grega. Na semana passada, o Judiciário declarou finalmente o grupo como uma "organização criminosa", no que foi interpretado como uma sentença histórica.

A decisão judicial da semana passada baseou-se concretamente em quatro casos: o assassinato do rapper e ativista Pavlos Fyssas, ataques a migrantes, atentados contra ativistas de esquerda e qual era a natureza do partido.

No ano passado, dois membros do partido já haviam sido condenados pelo assassinato de um migrante paquistanês em 2013. Os 68 réus do caso incluíam 18 ex-deputados do grupo, fundado na década de 1980.

JPS/afp/dw