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PolíticaItália

Líderes de direita europeus saúdam Giorgia Meloni

26 de setembro de 2022

De todo o continente e também do Brasil vieram cumprimentos pelo triunfo da política extremista nas eleições italianas. Políticos moderados pediram cautela em relação aos próximos passos.

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A política italiana Giorgia Meloni levanta os dois braços em sinal de vitória e agradecimento ao eleitorado. Ela veste um blazer claro.
Giorgia Meloni é a líder do partido Irmãos da Itália, que tem raízes neofascistas.Foto: Andreas Solaro/AFP/Getty Images

Os resultados que indicam a vitória de um partido de extrema direita na Itália,  pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial levaram líderes europeus nacionalistas a saudarem a candidata Giorgia Meloni, do Irmãos da Itália (FdI). Os números finais do pleito, realizado neste domingo (25/09), devem ser confirmados nesta segunda-feira.

O triunfo de Meloni representa uma mudança significativa para a Itália, membro fundador da União Europeia e a terceira maior economia da zona do euro, e também para a UE, apenas algumas semanas depois de a ultradireita ganhar as eleições na Suécia.

Membros de partidos extremistas de direita não demoraram a parabenizar a provável futura primeira-ministra italiana.

Um dos primeiros a se manifestarem foi Balázs Orbán, deputado e diretor político do governo húngaro chefiado por Viktor Orbán. No Twitter, ele escreveu que "nesses momentos difíceis, precisamos mais do que nunca de aliados que compartilhem uma visão e uma abordagem comum dos desafios da Europa".

Orbán aproveitara as eleições da Itália e a vitória iminente do FdI para criticar as sanções impostas pela UE à Rússia devido à invasão da Ucrânia, alegando que isso elevou os preços da energia, deixando os eleitores irritados.

O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, foi mais contido em seus cumprimentos, tuitando apenas: "Parabéns a Giorgia Meloni". Por sua vez, o líder do partido ultranacionalista espanhol Vox, Santiago Abascal, escreveu: "Meloni mostrou o caminho para uma Europa orgulhosa, livre e de nações soberanas, capazes de cooperar para a segurança e a prosperidade de todos".

O parlamentar francês Jordan Bardella, do partido Reagrupamento Nacional (RN) de espectro ultranacionalista, comentou que os eleitores italianos deram uma lição de humildade na presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que na semana anterior dissera que a Europa contava com "as ferramentas" para possíveis respostas à Itália, caso o país tomasse uma "direção complicada".

"Os povos da Europa levantam a cabeça e tomam seu destino em suas próprias mãos", publicou Bardella.

Líder por dez anos do RN, Marine Le Pen também escreveu no Twitter: "O povo italiano decidiu pegar seu destino nas mãos elegendo um governo patriótico e soberano. Felicitações a Giorgia Meloni e a Matteo Salvini por terem resistido às ameaças de uma União Europeia antidemocrática e arrogante, conquistando essa grande vitória". O ex-ministro do Interior italiano Salvini é o chefe da sigla populista de direita Liga.

Do Brasil, o recado veio do deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro. Em post no Twitter, ele disse que Meloni é "Deus, pátria e família". Em outro, ironizou o feminismo e as mulheres pelo fato de a candidata italiana representar a direita.

Ultradireita alemã também celebra resultado

Na Alemanha, a deputada Beatrix von Storch, do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), publicou no Twitter: "Celebramos com a Itália! Suécia no Norte, Itália no Sul: os partidos de esquerda são notícias do passado".

Em comunicado no qual parabeniza Meloni e seu partido pelo resultado na eleição, a AfD faz também uma crítica aberta à presidente da Comissão Europeia: "Apesar de todas as sinalizações antidemocráticas da presidente da Comissão, Von der Leyen, e de outros políticos, os italianos, como os democratas suecos antes deles, decidiram a favor de uma mudança política."

A nota também frisa que a escolha por Meloni "é completamente direito democrático" dos eleitores italianos: "O sucesso eleitoral do Irmãos da Itália é, além disso, uma vitória do senso comum. A Alemanha, com sua coalizão [de social-democratas, verdes e liberais], parece bastante solitária na Europa neste momento", afirmou a AfD.

Giorgia Meloni está ao centro da foto e é acompanhada pelo político anti-imigração Matteo Salvini. Eles estão na rua, cercados por eleitores italianos, com uma bandeira da Itália ao fundo.
Meloni (c.) deve formar coalizão com o populista de direita Matteo Salvini (dir.)Foto: Alberto Pizzoli/AFP/Getty Images

Líderes moderados pedem cautela

As políticas anunciadas por Meloni também receberam críticas. Na Espanha, o ministro do Exterior, José Manuel Albares, disse que o país vai buscar a melhor relação possível com o novo governo italiano. Mas advertiu que "soluções milagrosas" de líderes populistas sempre "acabam da mesma maneira: em catástrofe".

Falando na Rádio RMC e no canal de televisão BFM, a primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, pediu cautela, advertindo que a vitória de Meloni significa que a França vai monitorar questões relacionadas aos direitos humanos e ao aborto: "Na Europa, temos certos valores e, obviamente, estaremos vigilantes."

O FdI afirma defender valores "judaico-cristãos" na Europa, o que preocupa grupos minoritários. Além disso, em sua campanha Meloni prometeu manter a atual lei de aborto no país, que permite a interrupção da gravidez, mas também que os médicos se recusem a realizá-la.

Meloni pode ser a primeira mulher a governar a Itália

Caso se confirme a vitória do FdI, que tem raízes neofascistas, Giorgia Meloni possivelmente se tornará a primeira mulher a ocupar o cargo de primeira-ministra da Itália.

A formação da próxima coalizão de governo ainda pode levar semanas, mas deve contar com o apoio de aliados de direita. Seus prováveis parceiros de coalizão são o líder da sigla anti-imigração Liga, Matteo Salvini, e o ex-primeiro-ministro conservador Silvio Berlusconi, líder do também ultradireitista Força Italia (FI).

"Se formos chamados a governar esta nação, faremos isso por todos os italianos e com o objetivo de unir o povo", disse Meloni durante discurso na sede do seu partido, em Roma. "A Itália nos escolheu. Nós não vamos traí-la, como nunca fizemos."

gb/av (AP, AFP, DPA, ots)