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Julgamento adiado

8 de março de 2011

Ex-presidente francês é acusado de causar danos de mais de 5 milhões de euros aos cofres de Paris. Suprema Corte francesa decide acatar recurso da defesa, que alega inconstitucionalidade, e adia julgamento para junho.

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Acusações apontam gestão clientelista de Jacques ChiracFoto: AP

No auge da crise envolvendo o primeiro-ministro Silvio Berlusconi na Itália, mais um nome proeminente no cenário político europeu enfrenta a Justiça. O ex-chefe de Estado francês Jacques Chirac, de 78 anos, é acusado de má gestão de recursos públicos quando foi prefeito de Paris, no período entre 1977 e 1995.

Os danos causados pela administração Chirac aos cofres parisienses chegariam a 5 milhões de euros. Conforme a promotoria, os 18 anos da prefeitura encabeçada por Chirac foram exercidos sob regime clientelista, favorecendo integrantes do partido Reagrupamento para a República (RPR), criado por ele mesmo em 1976.

Também é considerada a hipótese de uma espécie de "oásis" para diretores de projetos de variados tipos, que teria beneficiado mais de 480 pessoas com altos salários, entre os quais um neto do general Charles de Gaulle. Caso seja considerado culpado, Chirac poderá ser condenado a até dez anos de prisão, além de uma multa de 150 mil euros.

Adiamento

O julgamento correria até 4 de abril próximo, porém a Suprema Corte da França decidiu adiá-lo para junho, acatando recurso impetrado pela defesa de um dos nove réus, que alegou inconstitucionalidade do processo. O primeiro dia de discussões técnicas no tribunal, na segunda-feira, não contou com a presença do ex-presidente.

As disputas legais envolvendo o escândalo de corrupção na prefeitura parisiense já duram 11 anos. Até concluir o seu mandato na presidência francesa, em 2007, Jacques Chirac desfrutou de imunidade judicial. A promotoria afirma que, enquanto prefeito, ele teria empregado oito integrantes do RPR e concedido outros 20 cargos públicos a amigos.

Alguns dos nomes alegadamente beneficiados teriam planejado as campanhas eleitorais de Chirac para a prefeitura e presidência. O caso é considerado histórico, por se tratar do primeiro líder francês que vai a julgamento desde a Segunda Guerra Mundial.

O processo avança, apesar de, no início do ano, o partido União por um Movimento Popular (UMP), oriundo da RPR, e o próprio ex-presidente terem acordado com a prefeitura de Paris uma compensação de mais de 2 milhões de euros, como restituição aos cofres públicos.

MP/dw/rtr/afp/dpa
Revisão: Augusto Valente