1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
PolíticaReino Unido

Johnson pede desculpas por festa na véspera de funeral real

14 de janeiro de 2022

Denúncia feita por jornal obrigou primeiro-ministro britânico a pedir perdão à rainha e ao Parlamento. Com popularidade em baixa, Boris Johnson encara pressão da oposição e da opinião pública por renúncia.

https://p.dw.com/p/45Xlx
Primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, fala no Parlamento
Boris Johnson pediu desculpas à rainha e também durante discurso no parlamento: pressão por renúncia é intensaFoto: House of Commons/PA via AP/picture alliance

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, está no centro de mais uma polêmica envolvendo festas em Downing Street, a residência oficial do governo, em Londres. Segundo denúncia do jornal Daily Telegraph, publicada nesta quinta-feira (13/01), um dos eventos ocorreu em 16 de de abril de 2021, um dia antes do funeral do príncipe Philip, consorte da rainha Elizabeth 2ª que morrera oito dias antes.

De acordo com o jornal, Johnson esteve presente em pelo menos duas festas promovidas em Downing Street. Um dos eventos teria sido para os fotógrafos oficiais, outro para o ex-diretor de comunicação, James Slack. Este publicou um comunicado através da empresa News UK, para a qual atualmente trabalha como editor-adjunto.

Slack assumiu a responsabilidade por "algo que não deveria ter acontecido": "Quero me desculpar pela indignação e pela dor causada. Esse evento não deveria ter acontecido naquela época. Sinto muito e assumo total responsabilidade.”

Depois de se desculpar por uma reunião regada a comida e bebida com funcionários nos jardins da residência oficial em maio de 2020, Boris Johnson pediu perdão à rainha nesta sexta-feira, afirmando ser "profundamente lamentável” os eventos terem ocorrido "durante um período de luto nacional”.

Tanto em maio de 2020 quanto em abril de 2021, reuniões sociais ou celebrações estavam proibidas no Reino Unido, devido à pandemia de covid-19. A imagem da rainha Elizabeth 2ª sozinha, num banco da Catedral de São Jorge, em luto pela morte do marido, tornou-se icônica para os britânicos em meio à crise sanitária.

Rainha Elizabeth 2ª durante velório do Príncipe Philip
Imagem da rainha sozinha na Catedral de São Jorge, em Windsor, virou símbolo do luto pela perda do maridoFoto: Jonathan Brady/AP Photo/picture alliance

Pressão para deixar o cargo

A denúncia feita pelo jornal conservador Daily Telegraph, no qual Johnson já atuou como colunista, deixa a situação do premiê ainda mais delicada, tanto entre a classe política quanto para a opinião pública britânica. Ambos têm pressionado por sua renúncia.

Antes do encontro a que o primeiro-ministro esteve presente, em maio de 2020, o secretário Martin Reynolds enviou um e-mail, classificado como "sensível”, no qual convidava em torno de 100 funcionários do governo, pedindo para cada um "trazer suas próprias bebidas”. Em torno de 30 a 40 compareceram, apesar das restrições anticovid impostas na época.

Em debate no Parlamento, Johnson admitiu que esteve presente em um dos eventos, pensando tratar-se de uma reunião de trabalho, e não de uma festa. Ele ressalvou que, mesmo que fosse um encontro profissional entre funcionários, e que regras de distanciamento fossem respeitadas, milhões de cidadãos não concordariam com tal atitude. "Eu deveria ter mandado todos de volta para dentro", admitiu aos legisladores, pedindo "sinceras desculpas".

"Defesa tão ridícula que foi ofensiva"

A oposição e também alguns representantes do próprio Partido Conservador pedem sua saída imediata do cargo. O líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer, classificou a defesa de Johnson no Parlamento como "tão ridícula que, na verdade, foi ofensiva”.

Nas ruas, a popularidade do primeiro-ministro britânico também segue em queda principalmente desde dezembro, quando começaram as denúncias sobre festas em Downing Street.

Uma pesquisa da empresa YouGov mostra vantagem de dez pontos percentuais dos trabalhistas sobre os conservadores, a maior margem desde 2013. A mesma pesquisa apontou que seis em cada dez britânicos querem a renúncia de Johnson.

gb/av (AP,Reuters, Lusa,ots)