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Tsunami

11 de setembro de 2011

Seis meses após o tsunami, Japão lembra suas vítimas. Centenas protestam em Tóquio contra energia nuclear. Cerimônias são ofuscadas pela renúncia do novo ministro da Economia.

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Foto: AP/Kyodo

Seis meses depois de ter sido abalado por um devastador terremoto seguido de um tsunami e um desastre nuclear, o Japão relembrou suas vítimas neste final de semana. As cerimônias foram ofuscadas pela renúncia do ministro da Economia, Yoshio Hachiro, que caiu uma semana após assumir o cargo devido a gafes em comentários sobre Fukushima.

Na cidade portuária de Minamisanriku, cuja área costeira foi invadida em 11 de março por uma onda gigante de 15 metros de altura, centenas de pessoas se reuniram neste domingo (11/09) para cerimônias de homenagens às vítimas da tragédia. Na cidade, onde cerca de 900 pessoas morreram e 60% dos prédios foram destruídos, mais de 2 mil pessoas vestidas de negro se reuniram num ginásio público para fazer um minuto de silêncio.

"Jamais desistiremos de ter esperança e da promessa de nos unirmos numa só força na construção de uma nova cidade, para que possamos compensar o sacrifício de vidas preciosas de muitas pessoas", afirmou o prefeito de Minamisanriku, Jin Sato, durante a cerimônia.

No grande porto pesqueiro de Ishinomaki, onde 4 mil pessoas perderam suas vidas no tsunami, os cidadãos se reuniram sobre uma colina, com vista para a cidade. Lá embaixo, montes de entulho e veículos destruídos ainda cobrem a orla marítima. Eles rezaram ao soar das sirenes, marcando os exatos seis meses da catástrofe.

Capital teve marchas antinucleares

Em Tóquio, cerca de mil pessoas, incluindo muitas famílias, marcharam através das ruas do bairro de Shibuya, com crianças portando cartazes dizendo "abaixo as usinas nucleares". Cerca de 1,3 mil pessoas protestaram em frente à sede da operadora de Fukushima, a Tepco (Tokyo Electric Power), e formaram uma corrente humana em torno do Ministério da Economia, responsável pela energia nuclear no país.

Protesto contra energia nuclear: crítica a usinas atômicas cresce no Japão
Protesto contra energia nuclear: crítica a usinas atômicas cresce no JapãoFoto: AP

No dia 11 de de março, um terremoto de magnitude 9,0 seguido de tsunami causou danos devastadores no Japão. De acordo as informações mais recentes, a catástrofe matou cerca de 15.800 e mais de 4 mil pessoas ainda permanecem desaparecidas. Na usina nuclear de Fukushima, os núcleos de vários reatores derreteram, como resultado do desastre natural, causando o pior acidente atômico desde o desastre nuclear de Tchernobyl, em 1986.

Escombros removidos

Meio ano depois, grande parte dos destroços foi removida ou ao menos organizada. A maioria dos sem-teto foi transferida dos abrigos temporários para moradias provisórias.

Entretanto, mais de 80 mil japoneses ainda vivem em abrigos de emergência ou em casa de parentes. Na zona atingida pelo desastre, ainda podem ser vistos grandes campos cheios de barro, onde antes havia casas e estabelecimentos comerciais. A reconstrução da área deverá custar centenas de bilhões de euros e se estender por cerca de uma década.

Medo da radiação

As ruínas da central nuclear de Fukushima ainda continuam emitindo radiação nuclear. Após as explosões e incêndios no local, foi estabelecida uma zona de exclusão de 20 quilômetros ao redor do complexo nuclear danificado. Entre os moradores locais, cresce o temor de contaminação. Nas últimas semanas, foram descobertos cada vez mais alimentos contaminados, como carne, peixe, legumes e chá. Embora os órgãos estatais afirmem que não há perigo imediato para a saúde, as pessoas confiam cada vez menos nas autoridades, devido às muitas falhas apresentadas pelo governo na administração da crise nuclear.

Entre os atingidos pela catástrofe crescem as críticas ao governo, cuja intervenção classificam como muito lenta e inócua. O ex-primeiro-ministro Naoto Kan teve que renunciar ao cargo devido a críticas à sua gestão durante a crise.

Gafes de um ministro

Seu sucessor, Yoshihiko Noda, que assumiu o cargo no início de setembro, visitou neste sábado, pela primeira vez, as regiões de Iwate e Miyage, no nordeste do país. Ele prometeu acelerar os trabalhos de reconstrução. Com sua visita, o primeiro-ministro também tentou reforçar a confiança da população no novo governo.

Noda também pediu desculpas pelo comportamento de seu ministro da Economia e do Comércio, Yoshio Hachiro, que havia chamado Fukushima de "cidade da morte." Além disso, durante visita a Fukushima, Hachiro teria feito brincadeiras sobre o nível de radiação local, ao dizer "vou contaminar o senhor com radiação" depois de esfregar seu casaco na roupa de um dos jornalistas presentes. Nomeado há apenas uma semana, Hachiro renunciou por causa dos comentários.

Noda em Fukushima: governo tenta reaver confiança
Noda em Fukushima: governo tenta reaver confiançaFoto: dapd

MD/afp/dadp/dpa
Revisão: Alexandre Schossler