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Jane Campion, uma mulher à frente do júri

Jochen Kürten (msb)14 de maio de 2014

A cineasta neozelandesa, aclamada por "O piano", será a primeira presidente feminina do corpo de jurados encarregado de escolher o ganhador da Palma de Ouro em 2014, entre outros prêmios.

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Foto: AP

Experiência em Cannes não falta a Jane Campion. Logo com seu primeiro curta-metragem, ela conquistou uma Palma de Ouro no festival de cinema considerado um dos mais importantes do mundo. Pouco depois de ter exibido na Côte d'Azur seu primeiro longa, Sweetie, em 1993 O piano, escrito e dirigido por ela, brilhou no festival, conquistando os prêmios de melhor filme e melhor atriz. Em 2009, a cineasta neozelandesa foi novamente convidada a Cannes, dessa vez com O brilho de uma paixão (Bright Star).

Em 2013, a oportunidade de presidir o júri da competição de curtas-metragens foi uma espécie de preparação para Jane Campion fazer sua grande estreia, como presidente do júri principal do Festival de Cannes deste ano. Juntamente com outros grandes nomes do cinema, como a colega Sofia Coppola e o ator Willem Dafoe, Campion vai escolher os vencedores do festival, a serem divulgados no próximo dia 24.

Até hoje, a neozelandesa de 60 anos foi a única mulher da história de Cannes a atuar como presidente do júri. Tal distinção também poderia ser interpretada como uma espécie de reparação da parte dos organizadores. Na edição de 2012, eles receberam duras críticas por não incluir nenhuma mulher entre os indicados ao prêmio principal. Neste ano, em compensação, duas diretoras estão na disputa pela Palma de Ouro, e o júri é majoritariamente feminino e presidido por Jane Campion.

Grande sucesso, expectativas enormes

Sucesso mundial de público, 21 anos atrás O piano colecionou prêmios e foi um marco definitivo na carreira de Campion. Ele conta a história de uma jovem pianista muda, em meados do século 19, enviada de navio, com a filha de nove anos, da Escócia para a Nova Zelândia, onde é obrigada a se casar. A comovente narrativa tocou fundo na alma dos espectadores, conquistou três estatuetas do Oscar e tornou Jane Campion um nome conhecido em todo o planeta.

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Com "O piano", Jane Campion conquistou a Palma de Ouro em 1993 (na foto, Holly Hunter)Foto: picture alliance/kpa

Na época, a cineasta nascida em 1954 em Wellington já contava com boa reputação no meio cinematográfico. Seu primeiro longa-metragem, Sweetie, de 1989, é uma farsa excêntrica sobre duas irmãs que colocam a convivência familiar à prova. O filme, situado no meio operário australiano, revelou pela primeira vez o grande talento da diretora: mostrar, de forma psicologicamente diferenciada, personagens femininas em conflito com seu meio ambiente.

Seu trabalho seguinte, Um anjo em minha mesa (An angel at my table), de 1990, baseado na autobiografia da escritora Janet Frame, também corresponde a essa descrição. Diagnosticada como esquizofrênica, a neozelandesa foi submetida durante anos a tratamento com eletrochoques. Um terrível erro: só também em parte graças à atividade de escrever, ela conseguiu sobreviver e escapar dessa fatídica espiral de medicina e violência, tornando-se uma autora reconhecida, cuja história Campion também capturou em celuloide de forma impressionante.

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Alexia Keogh representou a menina Janet Frame em "Um anjo em minha mesa"Foto: picture-alliance/dpa

Com o enorme sucesso de O piano, porém, os critérios de julgamento se elevaram tanto, que ficou difícil para a diretora corresponder às expectativas do mundo do cinema. Suas produções seguintes, como Retratos de uma mulher (Portrait of a lady, 1996) tiveram êxito modesto. Somente em 2009 Campion voltaria a ser aclamada pela história de amor entre o poeta John Keats e Fanny Brawne, O brilho de uma paixão. Mais uma vez, o enredo se passava no século 19 e a protagonista era uma mulher infeliz, sufocada pelas convenções e expectativas sociais de sua época.

Paisagens inesquecíveis

Entretanto não foi só com personagens femininas fortes que a diretora e roteirista formada na Austrália construiu seu nome nos meios cinematográficos. As paisagens mostradas em suas obras igualmente tornam sua assinatura inconfundível.

Por ocasião das comemorações dos 60 anos da cineasta, em 30 de abril, a crítica de cinema Verena Lueken comentou num artigo publicado no jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung: "As paisagens não são apenas cenário, mas sim uma parte da atmosfera especial de seus filmes, que quase não distinguem entre realidade, projeção, desejos e referências místicas."

O sensibilidade de Campion para encabeçar uma equipe de cinema, guiando-a para que o resultado final seja uma obra de arte, deverá ajudá-la em sua próxima função no júri em Cannes. Durante dez dias, ela dirigirá os jurados, orientando personalidades totalmente distintas, de todas as partes do mundo do cinema, de modo que, no fim, resulte um vencedor digno da Palma de Ouro 2014.

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Festival de Cannes é um dos mais importantes do mundo do cinemaFoto: FDC/Quitot