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Italianos protestam contra racismo após ataque

11 de fevereiro de 2018

Na pequena Macerata, milhares saem às ruas após extremista de direita disparar contra imigrantes africanos. Outras cidades também têm protestos. A menos de um mês de eleições, debate sobre imigração se intensifica.

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Manifestantes pediram fim do racismo e do fascismo após ataque contra imigrantes em Macerata, na região central da Itália
Manifestantes pediram fim do racismo e do fascismo após ataque contra imigrantes em Macerata, na região central da ItáliaFoto: picture alliance/ROPI/Alberico

Milhares de pessoas protestaram contra o racismo e a xenofobia em Macerata, na Itália, neste sábado (10/02), uma semana após um extremista de direita disparar contra imigrantes africanos na pequena cidade no centro do país.

Coletivos antifascistas, sindicatos e organizações humanitárias aderiram ao protesto. A mídia italiana estimou o número de participantes da manifestação, que correu de maneira pacífica, em 30 mil. Números oficiais não foram divulgados. Protestos semelhantes foram realizados em cidades como Milão, Bolonha, Turim e Roma.

Em Piacenza, no norte do país, manifestantes antifascismo lançaram pedras e entraram em confronto com policiais ao protestarem contra a abertura de uma sede local de um grupo político de extrema direita, segundo a agência de notícias Ansa.

O ataque da semana passada em Macerata, perpetrado por um homem de 28 anos filiado ao partido nacionalista Liga Norte, deixou seis imigrantes de origem africana feridos. Os disparos, feitos de dentro de um carro, aparentemente foram uma resposta à morte de uma jovem, inicialmente atribuído a um traficante de drogas da Nigéria.

Imigração no centro de campanha eleitoral

A menos de um mês das eleições nacionais a serem realizadas em 4 de março, o ataque em Macerata, de apenas 41 mil habitantes, intensificou o debate sobre a política migratória do país. Nos últimos anos, a população de origem migratória aumentou em centenas de milhares de pessoas, grande parte delas proveniente da África. A maioria foi resgatada de barcos operados por traficantes de pessoas no Mar Mediterrâneo.

Pesquisas apontam que muitos italianos atribuem crimes violentos a imigrantes. Líderes de uma coalizão de centro-direita, que inclui o ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi e o líder da Liga Norte, Matteo Salvini,prometeram a deportação de centenas de milhares de imigrantes ilegais caso vençam as próximas eleições. A aliança entre o partido de Berlusconi, Força Itália, e legendas de extrema direita é favorita para vencer o pleito.

Protesto contra o racismo em Macerata
"Por um futuro não violento, não ao ódio": mídia estima que 30 mil pessoas tenham saído às ruas de MacerataFoto: picture alliance/Kontrolab/R. Basile

Segundo a agência Ansa, Salvini disse num comício neste sábado que mal pode esperar por uma vitória nas urnas "para começar a expulsar todos os ilegais um a um, para defender sobretudo as mulheres, as meninas", as quais temeriam serem vítimas de assédio sexual cometido por migrantes.

"Ódio divide o país"

O atirador de Macerata, L. Traini, já se candidatou pela Liga Norte. O extremista de direita foi preso após o ataque do último fim de semana. Ele disse a autoridades que estava irritado com a morte de uma jovem italiana de 18 anos, cujo corpo desmembrado foi encontrado em duas malas.

Procuradores de Macerata afirmaram neste sábado que resultados preliminares de uma autópsia indicam que a mulher, que havia fugido de um centro de reabilitação de usuários de drogas, provavelmente foi assassinada, e não morreu de overdose. Quatro nigerianos, incluindo um traficante, estão sendo investigados pela morte.

Entre os que saíram às ruas de Macerata neste sábado estava Cecile Kyenge, ex-ministra da Integração da Itália, de origem africana. Ela disse que participar da marcha era uma maneira de protestar contra o "ódio que está dividindo o país".

Na última quinta-feira, cerca de cem simpatizantes do neofascismo saíram às ruas de Macerata para apoiar a "vingança"de Trani contra os imigrantes, apesar de a manifestação não ter sido autorizada. Houve enfrentamentos com a polícia. Pelo menos seis pessoas ficaram feridas, e uma dezena foi detida.

LPF/efe/lusa/ap/dpa

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