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Israel intensifica ataques na Faixa de Gaza após sumiço de soldado

2 de agosto de 2014

Palestinos contabilizam mais de 100 mortos em apenas 24 horas. Hamas, porém, nega responsabilidade por suposto sequestro de militar israelense. Israel informa que não participará de negociações por cessar-fogo no Cairo.

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Foto: Reuters

Israel ampliou massivamente seus ataques contra a Faixa de Gaza depois do suposto sequestro de um de seus soldados. Após o incidente, mais de 100 palestinos foram mortos por bombardeios na região, afirmaram neste sábado (02/08) equipes de resgate. O braço armado do Hamas negou, entretanto, que tenha sequestrado o militar.

Integrantes do governo israelense informaram que Israel desistiu de enviar representantes ao Cairo, onde foram agendadas conversações sobre uma trégua dos confrontos na Faixa de Gaza.

Mais de 200 alvos em 24 horas

De acordo com as equipes de resgate palestinas, pelo menos 114 palestinos foram mortos e outros 350 foram feridos desde o desaparecimento do segundo tenente Hadar Goldin, 23 anos, na manhã de sexta-feira. Só na manhã deste sábado, ataques aéreos israelenses em Rafah e em Gaza mataram 57 pessoas, incluindo 15 membros da mesma família, disse um porta-voz. Nas últimas 24 horas, Israel atacou mais de 200 alvos na região.

Na manhã de sexta-feira, um cessar-fogo de 72 horas foi interrompido poucas horas depois de entrar em vigência. Israel culpou o Hamas de desrespeitar a trégua, acusando-o de sequestrar Goldin 90 minutos após o início do cessar-fogo.

Hamas nega responsabilidade

Segundo o Exército israelense, o soldado foi sequestrado perto de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, durante um ataque no qual dois de seus companheiros morreram. Segundo os militares israelenses, "terroristas" surgiram a partir de esconderijos subterrâneos quando os israelenses estavam prestes a destruir túneis do Hamas. Após o incidente, Israel reiniciou seus ataques.

Gaza Israel Krieg 02.08.2014
Palestinos carregam ferido durante bombardeio israelense em RafahFoto: Reuters

As Brigadas Ezzedine al-Qassam (braço armado do Hamas) informaram que não têm informação do soldado. "Perdemos o contato com um de nossos grupos de combatentes, que estava lutando no setor onde o soldado desapareceu, e é possível que nossos combatentes e este soldado tenham sido mortos", afirmaram, acrescentando ainda que o incidente teria ocorrido uma hora antes da hora estipulada para o início da trégua.

Esperanças enfraquecidas

O desaparecimento do soldado enfraqueceu novamente as esperanças de um cessar-fogo mais prolongado. O ministro israelense da Justiça, Tzipi Livni, acusou o Hamas de ser responsável pelo sequestro de Goldin e declarou que a organização vai pagar um "alto preço" por isso. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o presidente dos EUA, Barack Obama, pediram a libertação imediata e incondicional do militar.

Fontes ligadas ao governo afirmaram que Israel não enviará representantes ao Cairo para negociações de paz. Um representante do governo acusou o Hamas de tentar confundir os mediadores internacionais. "O Hamas não está interessado numa trégua", disse. Antes da sexta-feira, Israel havia confirmado participação nas negociações na capital do Egito.

Apesar da intensificação do conflito, uma delegação palestina era esperada no Cairo neste sábado para participar das negociações de um cessar-fogo. O presidente palestino, Mahmoud Abbas, garantiu na sexta-feira que uma delegação de representantes de seu movimento, o Fatah, do Hamas e da Jihad Islâmica iriam viajar ao Cairo "de qualquer forma".

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Destruição obriga famílias palestinas a dormir ao relentoFoto: Shawgy al-Farra

Número de mortes chega a 1.660

O presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sisi, classificou o plano de seu governo para um cessar-fogo como uma "possibilidade real" para acabar com o conflito. O chefe de Estado pediu uma rápida implementação das propostas. O Hamas exige como condição a suspensão do bloqueio à Faixa de Gaza, vigente há anos.

Desde o início da ofensiva militar israelense, há semanas, morreram 1.654 cidadãos palestinos e mais de 8.900 ficaram feridos – a maioria deles, civis. Do lado israelense, 63 soldados e três civis foram mortos. O fornecimento de água e de eletricidade entrou em colapso na Faixa de Gaza. Habitantes de cidades inteiras abandonaram suas casas por causa dos bombardeios e agora engrossam as listas de refugiados.

O Congresso dos EUA aprovou, por sua vez, o apoio financeiro à defesa antimísseis israelense. A Câmara dos Representantes, em Washington, decidiu na sexta-feira à noite, quase por unanimidade, liberar 225 milhões de dólares para o sistema "Iron Dome" (Cúpula de Ferro). Com o dinheiro, o sistema deverá ser equipado com novos mísseis.

MD/afp/dpa/rtr