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Programa atômico do Irã Crise com Irã

6 de dezembro de 2010

As novas conversações sobre o programa nuclear iraniano começam em Genebra, mas a esperança de sucesso é reduzida. Para analista, Teerã vai à mesa de negociações tentando, mais uma vez, ganhar tempo.

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Ashton recebe Jalili para início das conversasFoto: AP

As novas negociações sobre o programa nuclear iraniano começam nesta segunda-feira (6/11) em Genebra. A alta representante da EU para Política Externa, Catherine Ashton, se encontra, em nome do Grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha), com o principal negociador iraniano, Said Jalili. Mas as perspectivas de êxito são escassas.

Quatorze meses se passaram desde que os seis países e o Irã se encontraram pela última vez. Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a Alemanha querem garantir, através de negociações, que o Irã não usará seu obscuro programa nuclear para produzir armas atômicas.

Irã dá pouca chance ao otimismo

Os últimos sinais de Teerã antes da reunião de dois dias em Genebra, no entanto, dão pouca chance ao otimismo. As alegações de espionagem contra a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) e as acusações de terrorismo contra os serviços de inteligência ocidentais não criaram um clima construtivo para as negociações. Em tais circunstâncias, é curioso que o governo iraniano tenha chegado a enviar uma delegação a Genebra.

Mohammad-Reza Jalili, professor emérito do Instituto de Pós-Graduação de Estudos Internacionais de Genebra, e sem parentesco algum com o negociador iraniano, explica os motivos possíveis. “Eles vêm por várias razões”, avalia. “Primeiro, há o medo de isolamento na cena internacional. E eles também tentam polir um pouco a sua imagem. Querem mostrar que são capazes de manter a conexão com outros Estados e não se isolar", afirma Jalili.

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, apelou no final de semana para que o Irã assuma um comportamento construtivo em Genebra. O Irã, no entanto, não demonstra disposição em negociar de fato. Teerã reiterou que seu programa nuclear está fora de questionamento, mas ressalvou que o pedido de diálogo por parte dos EUA não poderia ser completamente ignorado pelos iranianos.

Deutschland Außenminister Guido Westerwelle Pressekonferenz
Westerwelle pediu que Teerã aproveite a chanceFoto: AP

Posição iraniana piorou desde última reunião

Segundo Jalili, desde a última reunião em Genebra, a posição dos iranianos se enfraqueceu. "Primeiro, não existe unanimidade entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, como não havia em outubro de 2009. Em segundo lugar, as sanções internacionais começam a prejudicar não só a economia iraniana, mas toda a sociedade. E em terceiro lugar, informações confiáveis indicam que o Irã tem enfrentado grandes dificuldades técnicas com o seu programa nuclear nos últimos meses", afirma.

Os representantes dos seis Estados tentarão nos próximos dois dias neutralizar o conflito por meios diplomáticos. Ao mesmo tempo, querem deixar claro que não vão aceitar o uso militar da tecnologia nuclear desenvolvida pelo Irã.

Essa preocupação é justificada, opina o professor Jalili: "Muitos fatores sugerem que o programa nuclear iraniano tem uma dimensão militar e que proporcionará ao país a capacidade científica e técnica necessária para se produzir uma arma nuclear dentro de um curto período de tempo".

Na opinião de analistas internacionais, o Irã vai usar as negociações de Genebra, mais uma vez, para ganhar tempo. Assim, poderá prosseguir o enriquecimento de urânio e, paralelamente, evitar novas sanções das Nações Unidas, da UE e dos EUA.

Ministro do Exterior alemão lança apelo ao Irã

O ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle pediu, antes da retomada das negociações em Genebra, que Teerã use esta oportunidade de forma construtiva. "A
retomada das negociações sobre o programa nuclear do Irã é um passo positivo. Ela dá ao Irã a chance atuar com transparência perante a comunidade internacional quanto ao seu programa nuclear", afirmou Westerwelle no domingo.

Westerwelle ressaltou que um Irã detentor de armas nucleares seria inaceitável, pois isso teria “consequências imprevisíveis para a estabilidade regional e internacional”. Ao mesmo tempo, o ministro alemão assegurou que reconhece o direito iraniano ao uso civil da energia nuclear.

EUA preocupados com recente anúncio de Teerã

Os EUA reagiram com preocupação, no entanto, ao anúncio de Teerã segundo o qual o país já domina o processo completo de produção de combustível nuclear. A notícia foi divulgada apenas um dia antes da retomada das negociações em Genebra.

O porta-voz do Conselho Nacional de Segurança dos Estados Unidos, Mike Hammer, afirmou que o anúncio de Teerã não é nenhuma surpresa, mas é novo motivo de preocupação em um momento em que o Irã deveria dar respostas a questões urgentes da comunidade internacional.

Autora: Claudia Witte (md)
Revisão: Simone Lopes