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Irã no Conselho de Segurança da ONU: vitória de Washington?

Peter Philipp (sv)9 de março de 2006

Bush conseguiu o que queria: o "caso Irã" vai ao Conselho de Segurança da ONU. O presidente norte-americano deveria estar satisfeito com o desenrolar dos fatos. Se ele vai realmente chegar aonde quer é a questão.

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Conselho de Segurança da ONU: 'caso' Irã nas mãosFoto: AP

George W. Bush quer evitar a qualquer custo que o Irã produza armas nucleares. É possível que esse objetivo possa ser alcançado mais facilmente do que foi até agora. Muito vai depender dos efeitos provocados pelo novo contexto em Teerã. Uma das possibilidades continua sendo a de que o governo do país reduza ou até mesmo interrompa a cooperação com a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica).

O que significaria uma "vitória torta" para Washington, pois o resultado faria com que o Irã, no futuro, passasse, sem qualquer controle, a fazer o que quer – e certamente o que pode. Algo de que o país é hoje acusado, porém, sem quaisquer provas concretas.

Falta de provas

Aos inspetores da AIEA, em um contexto como esse, não seria permitido observar mais do que fiscalizam hoje. E poderiam, aí sim, repetir o que o diretor da organização, Mohammad el Baradei, já vive repetindo: que não há provas de que a participação do Irã na produção de energia nuclear NÃO teria fins pacíficos. Uma forma de expressão peculiar, através da qual se atribui inocência a alguém por mera falta de provas.

Diante de tantos disparates, não se pode ignorar a suspeita de que há motivos – positivos – por trás desta campanha. É assustador ver os europeus aderindo a esta campanha de forma tão pouco crítica, depois de terem reagido, a princípio, com ceticismo frente aos argumentos americanos. E defendido uma regulamentação diplomática para a questão. Hoje, ao contrário, os europeus quase ultrapassam os EUA em termos de linha-dura.

"Sanções suaves"

Neste contexto, está claro para todos os envolvidos que uma ida a Nova York não iria solucionar o problema de ninguém. Mesmo porque o Conselho de Segurança muito provavelmente não poderia fazer uso de seu instrumento mais eficaz: as sanções.

Para tal, seria necessária uma maioria no Conselho de Segurança – possibilidade excluída a priori, uma vez que a Rússia e a China não dariam seu aval. Mesmo que tenham advertido o Irã a mudar o curso de sua política nuclear e aconselhado o país a aceitar pelo menos uma moratória.

Incômodo sim, mudança não

Em Washington sabe-se que uma ida ao Conselho de Segurança da ONU pode até incomodar o Irã, mas não muda em nada a situação. E toda a ladainha a respeito de "sanções suaves" – como as retrições de viagem a políticos do país – não soa nem um pouco convincente. Os EUA já fazem uso de tais sanções, enquanto outros países iriam aderir pouco ou nada à estratégia, menos ainda as Nações Unidas.

A porta ainda não está de todo cerrada e o Irã ainda tem uma chance de se libertar da situação, afirmam agora políticos norte-americanos e europeus. Eles, porém, fecharam a porta. E, se não quiserem participar de uma nova abertura, é provável que esta venha a se cerrar para sempre.