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Irã apreende navio estrangeiro no Golfo Pérsico

4 de agosto de 2019

Teerã diz que embarcação transportava combustível contrabandeado. Bandeira de navio não é divulgada. Esse é o terceiro cargueiro detido na região nas últimas duas semanas.

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Em 19 de julho, a Guarda Revolucionária capturou na região petroleiro britânico Stena Impero
Em 19 de julho, a Guarda Revolucionária capturou na região petroleiro britânico Stena ImperoFoto: picture alliance/dpa/ISNA/M. Akhoundi

A Guarda Revolucionária do Irã anunciou neste domingo (04/08) que reteve um navio-tanque estrangeiro perto da ilha de Farsi, no Golfo Pérsico. A embarcação é suspeita de estar contrabandeando combustível.

Segundo a emissora de televisão estatal iraniana, sete integrantes da tripulação foram detidos. A apreensão ocorreu na quarta-feira. De acordo com um comunicado da corporação militar de elite iraniana, o navio, cuja bandeira não foi especificada, transportava 700 mil litros de combustível contrabandeado.

A nota acrescenta que, após receber a autorização judicial pertinente, foi efetuada a detenção "surpresa" da embarcação, que foi transferida ao porto iraniano de Bushehr, enquanto sua carga foi entregue à Companhia Nacional de Distribuição de Petróleo.

"Essa embarcação estrangeira recebeu combustíveis de outros navios e estava transportando a carga para países árabes do Golfo Pérsico", afirmou o general Ramazam Zirahi, um comandante da Guarda Revolucionária.

Em comunicado, a Guarda Revolucionária ressaltou ainda que "sempre está preparada para defender os interesses do Irã" e que não poupará esforços nesta missão.

O contrabando de combustível é uma das principais preocupações de Teerã. Segundo a imprensa local, no mês passado, cerca de 8 milhões de litros de combustível subsidiado pelo governo iraniano foram contrabandeados diariamente para outros países da região, onde os preços são bem mais elevados.

Este é o terceiro cargueiro estrangeiro detido pela Guarda Revolucionária nas últimas duas semanas e o segundo acusado de transportar combustível contrabandeado. Em 14 de julho, uma embarcação que transportava um milhão de litros de combustível foi detida no sul da ilha de Larak, também no Golfo Pérsico.

Esse navio tinha bandeira do Panamá e já pertenceu a uma companhia dos Emirados Árabes Unidos, mas não ficou claro a que país e empresa está vinculado atualmente. Em 19 de julho, a Guarda Revolucionária capturou no Estreito de Ormuz o petroleiro de bandeira britânica Stena Impero por descumprir as normas de navegação, algo que Londres e a companhia barqueira negam.

O incidente ocorreu semanas depois de a Marinha britânica ter interceptado em Gibraltar o petroleiro iraniano Grace 1, que segue retido, por suspeitas de transportar petróleo à Síria, país sujeito a sanções da União Europeia.

A captura do Stena Impero agravou a crise no Golfo Pérsico e, em particular, no Estreito de Ormuz, para onde tanto os Estados Unidos como o Reino Unido propuseram enviar uma coalizão naval para escoltar as embarcações.

Em resposta, as autoridades iranianas advertiram que uma maior presença militar estrangeira aumentará a tensão na região, onde ocorrem desde maio ataques a petroleiros e navios-cisterna, além de destruições de drones.

Inúmeros incidentes foram registrados no Golfo Pérsico nos últimos meses, com os Estados Unidos e Irã se responsabilizando mutuamente. Na passada semana, o Ministério do Exterior da Rússia acusou os EUA de procurarem um "pretexto" para conduzir o conflito na região. "Existe a impressão de que Washington procura simplesmente um pretexto para agravar a situação e prosseguir a retórica agressiva contra o Irã", destacou o ministério russo.

O Estreito de Ormuz possui uma considerável importância para a economia do planeta: pela rota marítima entre o Irã e Omã passa um terço do petróleo mundial transportado pelo mar. Esse estreito representa, portanto, um elo importante entre os produtores de petróleo da região – Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque – e os mercados na Ásia, Europa e América do Norte.

A crise com o Irã começou após o presidente Donald Trump ter retirado os Estados Unidos do acordo nuclear assinado em 2015 pelos dois países com a participação ainda da Rússia, da China, do Reino Unido, da França e da Alemanha.

Desde que deixaram o acordo com o Irã, os Estados Unidos voltaram a impor sobre a economia iraniana todas as sanções que tinham sido suspensas após o pacto, incluídas medidas sobre o setor petrolífero.

Teerã concordou em permanecer no acordo com a condição de que os outros signatários apoiassem seu desejo de ter acesso aos mercados internacionais. O governo islâmico, no entanto, começou a reduzir seus compromissos depois de um ano, ao constatar que não compensava seguir no acordo por causa da pressão americana.

CN/efe/lusa/ap/afp

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