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De volta à Alemanha

8 de outubro de 2007

Falta de qualidade, pirataria e baixa produtividade são alguns dos motivos que fazem empresários alemães transferirem de volta para a Alemanha os postos de trabalho levados para o exterior.

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Empresas como a Sennheiser desistiram do exterior e voltaram a produzir na AlemanhaFoto: picture-alliance / dpa/dpaweb
Muitas empresas alemãs que transferiram suas linhas de produção para o exterior estão revendo sua estratégia e trazendo suas plantas de volta para a Alemanha. De acordo com números do Instituto Fraunhofer para Sistemas e Pesquisas de Inovação (ISI), 20% a 25% das empresas que levam sua produção para o exterior acabam retornando em cerca de dois anos.

"O retorno certamente não é a principal tendência, mas é um fenômeno relevante e quantificável", avalia o especialista do ISI Steffen Kinkel. Segundo dados do instituto, em torno de 1,2 mil empresas retornaram nos últimos dois anos apenas nos setores metalúrgico e eletrônico.

Para Kinkel, muitas empresas, principalmente as de pequeno porte, são mal assessoradas. "Se for considerado apenas o volume, para muitas pequenas empresas não faz sentido dividir a produção", afirma. Segundo ele, muitos empresários avaliam apenas fatores como custos de mão-de-obra e a disponibilidade de matérias-primas e deixam de lado aspectos como qualidade e flexibilidade.

A mesma avaliação é feita pelo diretor do Instituto da Economia Alemã (IW), Michael Hüther. "A médio e longo prazo, não apenas os custos de produção são importantes. O custo de coordenação é enorme no exterior. Para que ele possa ser desconsiderado, é necessária uma margem de lucro muito grande."

Outro aspecto é lembrado pelo ex-presidente alemão Roman Herzog, cujo instituto assessora empresas bávaras. "Há exemplos de empresas que partiram confiantes para o Leste Europeu e voltaram após constatar que a produtividade é menor por lá."

Cópia sem retoque de produtos

Textilindustrie in China
Mão-de-obra chinesa: nem sempre a qualidade desejadaFoto: AP
A empresa Wolf, da Baviera, foi uma das primeiras a seguir a tendência de levar sua produção para o exterior, mas há cerca de quatro anos trouxe sua produção de painéis solares de volta para Mainburg. "O slogan made in Germany é um pilar da nossa filosofia empresarial", afirmou o presidente da empresa, Alfred Gaffal.

Segundo ele, a empresa sofreu com a falta de qualidade dos produtos da sua planta na República Tcheca. Os baixos custos de mão-de-obra não foram compensados pelos altos custos de logística e de infra-estrutura.

A pirataria é outro problema enfrentado por quem leva sua produção para fora. A Sennheiser, que produz aparelhos de áudio nas proximidades de Hannover, viu seus produtos serem copiados sem retoques pelo seu parceiro chinês.

"Tivemos problemas de qualidade, mas o pior foi ver os nossos produtos serem fielmente copiados e vendidos com marca própria pelo nosso parceiro chinês", disse o porta-voz da empresa, Volker Bartels.

Hoje, os principais produtos da Sennheiser são feitos na Alemanha, na Irlanda e nos Estados Unidos. Na China, são produzidos apenas fones de ouvido do tipo mais simples. Segundo Bartels, não é possível competir com os chineses na fabricação desse tipo de produto.

Alemanha volta a ser atraente

Outro motivo para o retorno de muitas indústrias é a maior atratividade da Alemanha – e foi justamente a concorrência oferecida por outros países que forçou os alemães a se tornarem mais competitivos. Hüther avalia que, pelo fato de os salários não terem aumentado, o país se tornou mais atraente para os empresários. "Houve mudanças em relação aos custos de mão-de-obra."

Para a VDMA, associação que reúne empresas responsáveis pela montagem de linhas de produção, o retorno de muitas indústrias à Alemanha se deve a fatores como alta qualidade e uma rede bem estruturada de fornecedores. "Há uma nova auto-estima nas fábricas: não podemos produzir barato, mas podemos produzir de forma competitiva", afirma o economista-chefe da VDMA, Ralph Wiechers. (as)