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Imprensa internacional destaca guinada à direita no Brasil

2 de janeiro de 2019

Mídia estrangeira dá destaque para a posse do presidente Jair Bolsonaro em Brasília e espera mudança radical na política brasileira, com os direitos humanos e das minorias na mira.

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O presidente Jair Bolsonaro e a primeira-dama Michelle desfilam em carro aberto no dia da posse
O presidente Jair Bolsonaro e a primeira-dama Michelle desfilam em carro aberto no dia da posse Foto: Getty Images/AFP/C. de Souza

A imprensa internacional deu grande destaque para a posse do presidente Jair Bolsonaro em Brasília nesta terça-feira (01º/01), dia que, como frisaram muitos dos principais órgãos de imprensa de diversos países, ficou marcado por uma "guinada à direita" na política brasileira.

A revista alemã Der Spiegel afirmou em manchete em seu site que Bolsonaro desfilou em Brasília fazendo "gestos de bang-bang pelas ruas" e destacou a promessa do presidente de combater as "ideologias de gênero" e facilitar o porte de armas à população. "O ultradireitista Jair Bolsonaro assumiu a presidência e logo mostrou o que o mundo terá de enfrentar", destacou o portal.

"Observadores esperam uma mudança radical para a direita no quinto maior país do mundo", disse a publicação, alertando que muitos consideram o novo presidente como uma ameaça à democracia. A Spiegel lembrou que Bolsonaro "fez repetidas declarações depreciativas contra negros, indígenas e homossexuais e elogiou a ditadura militar no Brasil".

O jornal alemão Frankfurter Rundschau destacou em manchete a frase "O Brasil acima de tudo", que na Alemanha ecoa o slogan utilizado pelo regime nazista para destacar a suposta superioridade do país sobre as demais nações.

"Ativistas dos direitos humanos e ambientalistas esperam o pior após a posse de Bolsonaro", disse o jornal, ressaltando que o novo presidente "acena com a retirada do país do Acordo de Paris sobre o Clima e quer liberar áreas adicionais na Amazônia para uso econômico".

O portal do Frankfurter Rundschau destaca também a ideologia do novo governo, descrita como "bala, boi e bíblia", e o apoio recebido durante a campanha por "grupos evangélicos cristãos, militares nacionalistas e da elite econômica neoliberal".

"Ainda não está claro quais desses grupos – alguns com interesses bastante diferentes – deverão ditar o tom do mandato de Bolsonaro", diz o jornal.

O espanhol El País afirma que o Brasil inicia uma "nova era com a extrema direita". "Após 13 anos de um governo de centro-esquerda, seguido de dois anos de transição com o presidente Michel Temer, depois do impeachment de Dilma Rousseff, o Brasil experimenta pela primeira vez em sua história democrática um governo de extrema direita", diz a publicação.

"Nem as ameaças de deixar os direitos trabalhistas em sua expressão mínima, de ignorar as mudanças climáticas, limitar os investimentos em cultura e deixar o país nas mãos do conservadorismo religioso puderam frear a vitória de Bolsonaro", afirma o portal de internet do El País.

O jornal espanhol avalia que o Brasil "não teme mais os militares como nos tempos da ditadura" e que Bolsonaro chega ao poder "cercado por eles", lembrando que sete dos 22 novos ministros são militares da reserva ou possuem formação no Exército, inclusive o vice-presidente, Hamilton Mourão.

O jornal americano The New York Times destacou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elogiou Bolsonaro logo após o discurso de posse no Congresso, afirmando no Twitter que "os Estados Unidos estão com você".

O jornal americano observou que os dois líderes possuem "visões, temperamentos e estilos semelhantes, aumentando a possibilidade de relações mais próximas entre os dois países que eram aliados incômodos no passado".

O francês Le Monde ressaltou a declaração de Bolsonaro em seu discurso após ser empossado, onde o presidente disse que o Brasil está sendo libertado, entre outras coisas, do socialismo e do politicamente correto. O jornal destacou também que "o líder da extrema direita brasileira" prometeu livrar o país de ideologias que "destroem a família", como as teorias de gênero e o marxismo.

O diário francês citou a "benevolência" do presidente para com os agronegócios em conflito com as questões ambientais e os povos indígenas, e destacou a medida provisória do governo que, logo em seu primeiro dia, submeteu a demarcação das terras indígenas ao Ministério da Agricultura, em detrimento da Fundação Nacional do Índio (Funai).

O britânico The Guardian também deu destaque para a declaração de Bolsonaro sobre o "fim do socialismo" e as promessas de incentivos ao agronegócio.

O jornal ressaltou que as falas do presidente sobre "maior eficiência" e "menos burocracia" geraram alertas entre ativistas ambientalistas e indígenas

Segundo o Guardian, essas declarações aumentam a preocupação com os planos do governo brasileiro de facilitar a concessão de licenças ambientais e permitir a exploração de áreas verdes por parte de mineradoras e fazendeiros. O jornal também menciona a medida provisória sobre as demarcações de terras indígenas.

RC/ots

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