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Imprensa dos EUA reage com indignação a vídeo de Trump

3 de julho de 2017

Imagens postadas pelo presidente americano no Twitter, em que aparece "espancando" a emissora CNN, são criticadas por meios de comunicação como ameaça e incentivo à violência contra jornalistas.

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CNN acusa Trump de adotar "comportamento juvenil muito abaixo da dignidade do cargo"
CNN acusa Trump de adotar "comportamento juvenil muito abaixo da dignidade do cargo"Foto: picture alliance/AP Images/M.J.Terrill

A imprensa americana reagiu com indignação ao vídeo divulgado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em seu perfil no Twitter neste domingo (02/07), onde ele aparece "espancando" um homem de terno e gravata com o rosto coberto pela logomarca da emissora CNN.

A CNN acusou Trump de adotar "comportamento infantil muito abaixo da dignidade do cargo" de presidente, "em vez de se preparar para sua viagem ao exterior, seu encontro com [o presidente russo] Vladimir Putin, lidar com a Coreia do Norte e com seu projeto de lei para a saúde".

No vídeo foram utilizadas imagens da participação de Trump num evento de luta-livre em 2007, com o hashtag "'FraudNewsCNN". Em apenas sete horas, o vídeo divulgado no perfil de Trump, e também no da Casa Branca, recebeu 317 mil curtidas e foi compartilhado 198 mil vezes pelos mais de 33 milhões de seguidores do presidente, se tornando uma de suas postagens mais populares nos últimos meses.

Mais tarde, o presidente, que costuma se referir à imprensa como o "partido de oposição" e à CNN como "fake news", manteve o tom agressivo: "A imprensa desonesta não nos impedirá jamais de atingir nossos objetivos em nome do nosso grande povo americano."

"Ameaça a jornalistas"

"Acho inadequado que o presidente venha a atacar jornalistas por fazerem seu trabalho e encorajar tal ódio contra a imprensa", afirmou o diretor-executivo do jornal New York Times, Dean Baquet.

Bruce Brown, do Comitê de Repórteres pela Liberdade de Imprensa, disse que o vídeo é uma "ameaça de violência física contra jornalistas", considerando-o "aquém do ofício da presidência".

Courtney Radsch, diretora do Comitê de Proteção a Jornalistas, disse que "colocar jornalistas ou órgãos de imprensa como alvos cria um efeito aterrorizante e um ambiente onde futuros abusos, ou até mesmo ataques físicos, venham a ser considerados justificáveis". As declarações de Trump, segundo afirmou, "encorajam líderes autocráticos em todo o mundo".

O jornalista conservador Bill Kristoll, editor do The Weekly Standard, comparou as ações de Trump com as que antecederam a queda de Roma. "A velocidade com que sintetizamos o declínio e a queda do Império Romano é impressionante. Atingimos em meses o que levou séculos para acontecer em Roma", afirmou em seu perfil no Twitter.

Políticos republicanos e democratas condenaram as postagens recentes do presidente nas redes sociais. O senador republicano Bill Cassidy se disse "frustrado" que os tweets presidenciais se tornem o foco das atenções. Seu colega Ben Sasse disse à CNN que há uma diferença entre reclamar da má cobertura na imprensa e "tentar dar armas à desconfiança".

O governador republicano do estado de Ohio, John Kasich, disse esperar que a família de Trump intervenha para que ele deixe de utilizar as redes sociais para atacar jornalistas. "Essas grosserias não ajudam a ninguém", afirmou.

A líder da minoria democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, disse que a utilização de "imagens violentas para intimidar a imprensa deve ser rejeitada".

Casa Branca minimiza "ameaça"

"Não acho que alguém vá entender isso como uma ameaça", desclarou Tom Bossert, consultor de Segurança Interna da Casa Branca. "Espero que não. Mas acho que [o presidente] tem sido agredido de tal modo pelas emissoras que ele tem o direito de responder." 

Na semana passada, a porta-voz adjunta da Casa Branca, Sarah Huckabee Sanders, disse que Trump "de nenhum modo, forma ou maneira promoveu ou encorajou a violência", e defendeu o direito do presidente de responder às críticas que vem recebendo da imprensa.

RC/ap/afp/rtr/ots