1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Indústria automobilística

17 de março de 2009

Há 80 anos, a americana General Motors comprava a então maior montadora da Alemanha, a Adam-Opel AG. Foi o início de uma longa parceria transatlântica, que pode estar perto do fim.

https://p.dw.com/p/HDgv
Se a GM for à falência, a Opel pode ir juntoFoto: picture-alliance/ dpa

A fusão da alemã Opel e da americana General Motors foi um casamento de gigantes. Há 80 anos, em 17 de março de 1929, a então maior fabricante de carros do mundo, a General Motors, comprava 80% das ações daquela que era, na época, a maior fabricante de carros da Alemanha, a Opel.

Nos três anos seguintes, a GM adquiriu também as demais ações da montadora alemã, tornando-se proprietária absoluta das fábricas da Opel. Ainda assim, a influência da direção alemã em Rüsselsheim, sede da montadora, foi preservada.

Os irmãos Friedrich e Wilhelm Opel permaneceram no conselho de administração, sendo que o primeiro manteve-se também na direção. O nome Opel foi mantido, e a empresa alemã pôde seguir uma política própria de modelos automotivos.

Máquinas de costura, bicicletas e automóveis

Bildgalerie Opel Modelle Opel Laubfrosch 1924
O 'Laubfrosch' foi o carro de maior sucesso nos anos 1920Foto: ullstein bild

A história da montadora remonta ao ano de 1862, quando o seu fundador, Adam Opel, fabricava máquinas de costuras em Rüsselsheim. Dezesseis anos depois, a empresa fabricava principalmente bicicletas e chegou a ser, por um algum tempo, a maior fabricante do mundo do ramo.

Somente em 1898 os filhos de Adam começaram a fabricar automóveis. O primeiro modelo da empresa foi o Opel Patentwagen System Lutzmann, que podia chegar à velocidade máxima de 40 km/h.

Na década de 1920, a Opel passou a ser a maior fabricante de automóveis da Alemanha. Criado em 1924, o modelo de maior sucesso da montadora, conhecido informalmente como Laubfrosch, só era produzido na cor verde e, por isso, ganhou o apelido popular com o nome de um tipo de sapo.

A Grande Depressão

Em 1929, a crise financeira mundial afetava sobremaneira a Alemanha, que na época ainda era obrigada a pagar altas indenizações aos vencedores da Primeira Guerra Mundial. Nesse contexto, a venda da maioria das ações da Opel para a General Motors acabou se revelando uma benção para a empresa de Rüsselsheim.

Como os Estados Unidos pertenciam ao grupo dos vencedores da guerra, o país tinha melhores condições para investir na Alemanha. Assim, indo contra a tendência da época, a Opel recebeu investimentos em grande estilo.

Torpedos no lugar de carros

Durante a Segunda Guerra, o trabalho conjunto entre as duas empresas continuou num primeiro momento, embora a Alemanha e os Estados Unidos estivessem mais uma vez em lados opostos.

Proteste General Motors Opel
'Não deixe a Opel morrer', pedem os funcionáriosFoto: picture-alliance/ dpa

Em 1940, o Partido Nacional Socialista proibiu a produção de automóveis civis. Com isso, a Opel passou a fabricar somente caminhões para as forças armadas alemãs, componentes para a força aérea alemã e torpedos. Também a General Motors, em Detroit, lucrou com os novos negócios de sua subsidiária alemã. Somente em 1942, a colaboração entre a GM e a Opel foi interrompida, e a empresa alemã foi considerada "capital em território inimigo".

Pouco depois do final da guerra, em 1945, a parceria entre as duas montadoras voltou à ativa como se nada houvesse acontecido. A autonomia da Opel não foi questionada e a empresa continuou a produzir carros para o mercado europeu, como os lendários modelos Admiral, Kapitän e o Opel-Kadett.

O fim de uma parceria?

Na década de 1990, a coordenação entre a central do grupo em Detroit e a direção da Opel em Rüsselsheim começou a não funcionar. Uma equivocada política de produtos e a qualidade insuficiente cobraram o seu preço: a GM e a Opel vendiam cada vez menos carros.

Mas diferentemente do que aconteceu na crise dos anos 1920, quando os investimentos dos Estados Unidos salvaram a Opel de seu fim, na atual crise econômica a situação é diferente. Desta vez, a General Motors está sofrendo muito mais com a turbulência e está à beira da falência. Se isso acontecer, a Opel pode ser levada junto.

Autor: Dirk Kaufmann
Revisão: Alexandre Schossler