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Sátira política

29 de setembro de 2009

O resultado das últimas eleições parlamentares alemãs também movimentou os humoristas alemães do teatro de revista, conhecido no país por "kabarett". Eles preveem material satírico "de primeira".

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Dieter Nuhr diz que novo governo irá 'proibir mudanças climáticas'Foto: AP

Na opinião de Matthias Deutschmann, humorista de Freiburg, a nova coalizão de centro-direita levará a "certo renascimento do kabarett político". Segundo Deutschmann, para a sátira política, "a coalizão entre conservadores e liberais é o maior entretenimento, trata-se de material de primeira".

Alguns desses comediantes disseram estar simplesmente "decepcionados" com o resultado, enquanto outros já começaram a soltar as primeiras piadas inspiradas na coalizão que deverá governar o país nos próximos quatro anos.

Primeiras reações

O kabarettist Dieter Nuhr divulgou, na manhã de segunda-feira (28/09) através do Twitter, sua opinião sobre as primeiras metas do novo governo alemão de centro-direita: "A primeira medida do novo governo: as mudanças climáticas serão proibidas". Segundo o comediante, a segunda medida também já estaria certa: "Redução do débito através da amortização".

Nuhr comentou de sua maneira os prognósticos eleitorais na noite de domingo: "Última projeção – Guido Westerwelle: 188 cm (...) Merkel: sensação de três metros, Müntefering: uma cabeça a menos". Nuhr preferiu deixar em aberto sua opinião sobre a coalizão de centro-direita.

Dieter Hildebrandt
Hildebrandt vê mau tempo para política socialFoto: dpa

Comediante partidário

Por outro lado, Dieter Hildebrandt, de 82 anos, demonstrou-se bastante preocupado com o futuro da política alemã em um governo de coalizão entre liberais e conservadores. "Estou decepcionado com esse resultado", afirmou em Munique.

Hildebrandt comentou que principalmente o sucesso do Partido Liberal Democrata (FDP) e a derrocada do Partido Social Democrata (SPD) seria motivo de preocupação. Na Alemanha, agora vale "liberal em vez de social", disse.

Em sua opinião, a dramática perda de votos por parte dos social-democratas levou a uma fissura na política social alemã. "E também estou decepcionado que ninguém, aparentemente, tenha notado isso."

Origem esquerdista

Kabarettist Matthias Deutschmann
Deutschmann diz que sátira política não deve ser partidáriaFoto: picture alliance/dpa

Matthias Deutschmann, no entanto, não vê a sátira política de forma tão partidariamente engajada. O comediante afirmou que o kabarett, ou teatro de revista de sátira, nasceu na cena de esquerda, mas é preciso "libertar-se de esquemas".

Segundo Deutschmann, boa parte da política que faz Angela Merkel seria uma "política social-democrática moderada". O comediante de Freiburg não acredita que Guido Westerwelle – líder dos liberais e parceiro de Angela Merkel na nova coalizão de governo – venha a se tornar "o diabo que todos nós desejamos no kabarett".

Quanto à atual situação do SPD, Deutschmann afirma que "essa derrota leva a pensar e faz lembrar a cisão histórica do SPD nos anos de 1920. E eu acho que o SPD e o partido A Esquerda um dia irão se encontrar".

Novo impulso

O kabarett floresceu na Alemanha durante os anos 1920, com o fim da censura após a Primeira Guerra Mundial. Escritores como Kurt Tucholsky, Erich Kästner e Klaus Mann escreveram textos para o teatro de kabarett.

Censurados pelos nazistas, os kabarettisten voltaram à cena na Alemanha após a Segunda Guerra Mundial, desenvolvendo novas formas do gênero, que deverá ganhar novo impulso com o governo de centro-direita.

CA/dpa
Revisão: Augusto Valente